Em sua primeira pesquisa associada à sua iniciativa “One Million Black Women“, projeto que investirá US$ 1o bilhões para combater o preconceito contra mulheres negras, o banco norte-americano Goldman Sachs estudou a mobilidade econômica dessa parcela da população. Os dados não trazem nada muito novo para quem já estuda a intersecção de gênero e raça, mas alguns pontos se destacam:
- 24% das mulheres negras com filhos gastam mais de 20% da renda com pessoas ou instituições para cuidar das crianças – em comparação com 17% dos adultos nos EUA.
- 19% das mulheres negras que procuram emprego dizem que a responsabilidade de ficar com os filhos é uma barreira que afeta sua busca, Entre o resto da população, a média é de 11% dos adultos nos EUA dizendo o mesmo.
Em suas posições atuais, essas profissionais com filhos alocam valores semelhantes ou maiores para despesas com cuidados infantis aos que mulheres sem filhos separam para a aposentadoria. Um baixo rendimento líquido leva ao stress financeiro, à diminuição do engajamento, à baixa produtividade e à ansiedade. Além disso, as funcionárias podem se afastar mais do trabalho para ficar com os filhos ao invés de pagar alguém para fazer isso. Essa ausência recorrente pode atrapalhar o fluxo do trabalho e impactar os prazos dos projetos. Trabalhadoras desengajadas também têm menos probabilidade de trazer ideias diversas e inovadoras.
Aquelas que estão empregadas, mas que atualmente procuram novas oportunidades por terem que pagar alguém para ficar com seus filhos, vão gerar aos atuais empregadores despesas associadas a recrutamento, contratação e capacitação das pessoas que vão substituí-las, além de uma perda de conhecimento e de estrutura organizacional.
As que encontram novos empregos, mas ainda terão que arcar com o custo de alguém para cuidar de seus filhos podem ter menor probabilidade de aceitar essas ofertas, limitando o número de candidatos qualificados à disposição para a organização. Assim, o ciclo de disparidades de gênero no contexto profissional perdura, os esforços para promover a diversidade e a inclusão são interrompidos e a reputação da marca empregadora sofre.
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Os empregadores devem reconhecer estas duas questões que as mães negras enfrentam, não só para fortalecer a situação econômica das mulheres negras em todo o mundo, como aponta o estudo do Goldman Sachs, mas para mitigar os próprios desafios organizacionais da instituição.