Millena Xavier, de 17 anos, representa o Brasil entre os 50 finalistas do Chegg.org Global Student Prize 2024, considerado o “Nobel da educação para estudantes”. O prêmio anual de US$ 100 mil será concedido ao estudante que tenha causado maior impacto na aprendizagem e na sociedade. “Quero mostrar o potencial científico do Brasil, para sermos reconhecidos não só como o país do futebol e do Carnaval, mas também como o país da ciência e educação”, diz a mineira de Juiz de Fora e Forbes Under 30 2023.
Se ganhar o prêmio, Millena será a primeira mulher e também a primeira vencedora brasileira – outros estudantes já ficaram entre os finalistas. A cientista foi selecionada para o top 50 entre mais de 11 mil inscritos de 176 países. “É o primeiro passo de uma longa jornada de contribuição para a ciência brasileira.”
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A trajetória de Millena Xavier, de olimpíadas estudantis a IA para diagnosticar autismo
Estudante de escolas públicas, Millena é cofundadora da Prep Olimpíadas, que fomenta a participação de jovens em olimpíadas científicas. Sua organização já palestrou em mais de 200 escolas e tem um braço de inteligência artificial, o Prep AI, que ensina história e matemática e responde a dúvidas dos estudantes sobre as olimpíadas. “No ChatGPT eles não encontram essas informações, porque são assuntos muito específicos”, diz a cientista, que também não encontrou apoio da escola quando começou a se interessar pelas olimpíadas.
Por sua atuação na educação, já recebeu prêmios nacionais e internacionais, foi convidada a participar de cursos de universidades conceituadas, como a de Toronto e Stanford, e de um comitê internacional de olimpíadas estudantis. Em março, palestrou para todos os funcionários da B3, e no mês seguinte voou para Nova York para participar do Prêmio Jovens Visionários, da Prudential, que também concedeu R$ 30 mil para investir em sua Ong.
No seu currículo também tem pesquisas sobre autismo e um software desenvolvido por ela que usa inteligência artificial para diagnosticar pessoas do espectro autista. “Tenho primos que têm autismo e um colega de sala que descobriu com 18 anos, o que me fez pensar que o diagnóstico não é acessível.”
Millena recebeu uma bolsa integral para pesquisar sobre o assunto pela BRASA, a associação de estudantes brasileiros no exterior. E foi convidada a levar seu projeto para a ICYS (Conferência Internacional de Jovens Cientistas), que acontece este ano na Turquia. “As oportunidades estão aí, mas ainda não temos apoio para representar o Brasil.”
Brasileiros no Nobel do estudante
Os 10 finalistas do Chegg.org Global Student Prize serão anunciados em setembro. O vencedor, divulgado no final do ano, será escolhido pela Academia do Global Student Prize, composta por pessoas de destaque, entre elas os atores Ashton Kutcher e Mila Kunis.
A Chegg.org, divisão de impacto social da Chegg, empresa de educação e tecnologia baseada nos EUA, fez uma parceria com a Varkey Foundation para lançar o Chegg.org Global Student Prize anual em 2021, um prêmio irmão do Global Teacher Prize de US$ 1 milhão. O prêmio está aberto a todos os alunos com pelo menos 16 anos de idade e matriculados em uma instituição acadêmica ou em um programa de treinamento e habilidades.
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Os brasileiros têm um histórico de destaque no “Nobel do Estudante”. Ana Julia de Carvalho, de Maceió (AL), ficou entre os 10 finalistas em 2021 com suas inovações em robótica. Lucas Tejedor, aluno do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro, e inovador na programação, ciências sociais e política, foi um dos 10 finalistas no ano seguinte. “É preciso ultrapassar os limites acadêmicos que o sistema brasileiro impõe”, afirma Millena.
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