Depois de conquistarem o ouro olímpico e levarem o Brasil de volta ao topo do pódio do vôlei de praia após 28 anos, Ana Patrícia e Duda relembram o sonho que viveram em Paris. “Demorou, mas foi mágico”, disse a sergipana Duda à Forbes.
Mesmo exibindo as medalhas douradas no peito, ainda não caiu a ficha para a dupla, que lidera o ranking mundial do esporte e venceu todos os jogos que disputou na Olimpíada deste ano. “Tenho medo de acordar e ter sido só um sonho”, brinca Ana Patrícia.
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As atletas de 26 anos viraram celebridades, com milhares de seguidores nas redes sociais e mensagens de famosos e lendas do esporte. Por onde passam, do avião de volta ao Brasil a um restaurante em São Paulo, são aplaudidas de pé. E esperam usar essa influência para inspirar as novas gerações e dar visibilidade à modalidade. “A Olimpíada motiva a viver o esporte, que muda as nossas vidas e das pessoas que estão à nossa volta”, afirma Duda.
A dupla levou um dos três ouros do Brasil em Paris – todos conquistados por mulheres, assim como 12 das 19 medalhas do país. “Para além da conquista da medalha, ocupar esse espaço e deixar um legado para o esporte feminino tem um valor imensurável”, diz a mineira de Espinosa. “Para além do sonho dos milhões de brasileiros, antes de tudo é o nosso sonho.”
Conexão dentro e fora de quadra
A integração de Ana Patrícia e Duda vai além das quadras. A convivência é tão intensa que é quase como se fossem família. “A gente tem muita conexão e princípios de vida parecidos, o que facilitou muito”, diz Duda. Elas jogaram juntas nas categorias de base, foram campeãs nas Olimpíadas da Juventude, em 2014, e depois cada uma seguiu seu caminho com diferentes jogadoras. Retomaram a parceria oito anos depois, na “hora certa”, e pretendem jogar juntas até o fim da carreira.
Em Tóquio 2020, quando o Brasil ficou de fora do pódio no vôlei de praia feminino, competiram em duplas distintas. Depois dessa frustração, o ouro tem um sabor ainda mais especial para as atletas. “É bom estar nesse lugar de novo para reafirmar que o Brasil é uma potência e que sempre vamos brigar para estar entre os melhores”, diz Ana Patrícia.
Após a final, disputada aos pés da Torre Eiffel, a jogadora se emocionou ao lembrar das críticas e ameaças sofridas nos últimos Jogos. “Foi uma situação que eu precisava passar para ter esse amadurecimento e entender a importância do trabalho mental.”
O acompanhamento psicológico é fundamental para as atletas, que são submetidas a pressões internas e externas. “Todo mundo sabe dar uma manchete. O jogo é 99% emocional”, afirma Ana Patrícia.
Depois do ouro
Viver do esporte não é simples, e as jogadoras fazem questão de ressaltar do que tiveram que abdicar para viver esse momento. “Saí de casa com 13 anos e perdi toda a minha juventude”, lembra a sergipana, que precisou encontrar motivação para continuar depois de Tóquio. “É muito esforço para chegar e jogar uma hora e meia.”
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A dupla alcançou o auge da carreira de um atleta. Depois de um ciclo suado, elas querem descansar, cuidar de lesões, curtir a vida e se preparar para retomar os treinos e competições. “Vamos continuar trabalhando da mesma forma, jogando leves e felizes”, diz Duda.