Os temas discutidos nesta entrevista podem ser sensíveis para algumas pessoas.
Alguns podem conhecer Jane Fonda como a Grace, de “Grace e Frankie”, como “Hanoi Jane”, visitando o Vietnã na década de 1970, como uma ativista contra as mudanças climáticas ou como a cofundadora feminista do Women’s Media Center.
Por último, Jane também pode ser conhecida como vencedora do Oscar e estrela de filmes clássicos como “Descalços no Parque” e “Num Lago Dourado” – este último com seu famoso, mas emocionalmente distante pai, o também vencedor do Oscar Henry Fonda.
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Hoje, ela é reconhecida como uma força poderosa, multifacetada e um modelo a ser seguido por muitos, especialmente mulheres. No entanto, muitos podem não perceber que sua jornada para se tornar a Jane Fonda firme e confiante que conhecemos hoje não foi nada simples.
Se você assistir ao seu documentário “Jane Fonda in Five Acts” ou ler sua autobiografia e seus livros sobre envelhecimento e mudanças climáticas, fica claro que ela poderia ter sua própria “Eras Tour”. Quando alguém tem tantas facetas como Jane Fonda, é difícil encapsular tudo o que ela é. Jane admite que a jornada de “boa garota” que buscava agradar a todos até se tornar uma potência levou toda a sua vida.
Em entrevista à Forbes, ela compartilha algumas das suas experiências e muito da sua sabedoria.
Família
Filha do ator e diretor Henry Fonda e Frances Ford Seymour, parecia fazer parte da família perfeita de Hollywood. Mas, por trás da fachada, Jane teve dificuldades em se relacionar com seus pais. Sua mãe se suicidou aos 42 anos e o pai, que ela buscava agradar, estava frequentemente ausente.
Jane desenvolveu transtorno alimentar e revela em seu documentário que a maioria das esposas de seu pai, incluindo sua mãe, também tinham problemas parecidos. “Percebi que ia morrer se continuasse. E eu tinha uma vida importante a viver. Estava fazendo filmes, criando filhos. Tinha uma família. Era ativista política.”
“Era impossível ter um relacionamento real ou fazer qualquer coisa de verdade, e quanto mais velha eu ficava, mais difícil isso se tornava.”
Jane Fonda ativista e empresária
A ativista e lenda do cinema tomou essa decisão após o nascimento de seu segundo filho, Troy. Ela e o então marido, Tom Hayden, viviam na estrada com as duas crianças, trabalhando em sua organização Movement for Economic Democracy (Movimento pela Democracia Econômica), com o objetivo de promover a justiça econômica e social.
Um ano depois, ela lançou o mega sucesso “The Workout”, que revolucionou a indústria fitness em casa. O negócio, criado para arrecadar fundos para o movimento, vendeu 17 milhões de cópias de fitas de exercícios – Jane Fonda é dona do recorde da fita VHS mais vendida de todos os tempos.
Embora tenha contribuído para seu divórcio de Tom Hayden, estar à frente desse projeto ajudou na sua recuperação – além de terapia, leitura e sua rede de apoio composta por outras mulheres. “A vida toda senti que não era boa o suficiente. Então trabalhei muito para me tornar melhor.”
A terapia também ajudou a lidar com os traumas. Foi nessa jornada que descobriu ter sido vítima de abuso sexual. “Isso tem muito impacto na autoestima e em como você se comporta e se relaciona”, diz. “Levou muito tempo, terapia, meditação e livros (eu leio muitos livros, não me refiro a romances, mas a livros que te ensinam a responder perguntas, livros que te levam a lugares e ideias que você não teria de outra forma).”
Amizades femininas
Jane Fonda sempre fala da importância das suas amizades femininas, o que foi fundamental em diversos momentos da trajetória. “As amigas e o movimento das mulheres foram dois elementos importantes que me ajudaram a me tornar um ser humano completo e não apenas uma boa garota, à medida que comecei a entender e metabolizar o feminismo.”
Ela co-fundou o Women’s Media Center em 2005 com Gloria Steinem e Robin Morgan. A organização sem fins lucrativos trabalha para aumentar a visibilidade e o poder de decisão de mulheres e meninas na mídia. E ainda hoje, a atriz continua sendo uma defensora vocal de questões como mudanças climáticas, racismo e direitos das mulheres.
Jane Fonda sempre reconheceu e usou seu privilégio para ajudar os outros. “Eu sou uma mulher branca, famosa e privilegiada. E se sofri [abusos], eu penso: como isso afeta alguém que não tem esse tipo de reconhecimento público ou capacidade de pagar por um terapeuta ou um sistema de apoio?”
No auge
Jane também parece estar sempre no seu auge. A atriz e ativista não tinha planos de trabalhar nessa idade, mas não planeja de desacelerar. Ela reconhece seu privilégio no contexto da idade, estando saudável o suficiente para trabalhar. “Eu preciso dizer que a coisa mais importante [para trabalhar] quando você tem mais de 65 anos é: você está saudável? Isso é muito mais importante do que um número. Meu pai morreu 10 anos mais jovem do que eu sou agora. Eu tenho 86 anos, quase 87. E estou saudável.”
“O que acontece com a idade é que você tem uma maior sensação de bem-estar: já passei por isso, não me matou, posso sobreviver.”
Para ela, é importante buscar significado e felicidade em seus próprios termos em qualquer idade para levar uma vida com propósito. “Quando as pessoas estão infelizes, elas fazem coisas ruins, se tornam dependentes. E fazem coisas erradas quando não conseguem sentir que suas vidas têm significado.”
“E o significado pode ser ter sucesso como pai e criar seus filhos. Pode significar que você teve um casamento longo, feliz, profundo e significativo. Pode significar que você foi gentil a vida toda. Não precisa significar que fiquei rica ou famosa. Digo isso porque conheço muitas pessoas que são muito ricas e muito famosas e são miseráveis. Não me importa o que digam, você não pode prolongar sua vida, mas pode torná-la mais profunda. Esse é o truque.”
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Em constante mudança
Na década de 1970, Jane Fonda afirmou que “qualquer país saudável, assim como qualquer indivíduo saudável, deve estar em revolução perpétua”. Ainda hoje, continua com essa filosofia. “A revolução é uma metáfora para crescer, aprender, se expandir e se tornar um ser humano melhor. Estou muito focada em aprender o máximo que posso.”
Ela fez mais do que apenas escrever e reescrever o roteiro da sua vida. Seu legado é um lembrete de que nunca é tarde demais para nos transformarmos em quem realmente somos.