Empresas de tecnologia estão desenvolvendo um aplicativo que será usado para administrar o impacto econômico do coronavírus e testado em um público potencial de cerca de 1 milhão de trabalhadores, segundo apuração da Forbes.
Atualmente chamado de Passaporte da Saúde, o aplicativo é parte de um conjunto de propostas do setor de TI para o enfrentamento à Covid-19. A iniciativa vem de encontro a declarações feitas pelo ministro Paulo Guedes (Economia) no começo deste mês, que sugeriu que, para enfrentar os efeitos econômicos do coronavírus, o país utilizaria uma ferramenta como um passaporte, em combinação com testes.
O aplicativo será primeiramente utilizado pelas próprias empresas de tecnologia da informação e comunicações, setores considerados essenciais para o funcionamento da economia em meio à crise de saúde pública. Porém, a ideia é que, posteriormente, trabalhadores de todos os setores utilizem o app para sinalizar seu status quanto à doença.
“Essa é uma iniciativa voltada ao planejamento de saída do confinamento, do isolamento social, quando for o caso, para ajudar as empresas a fazerem essa retomada de maneira organizada”, diz Sérgio Paulo Gallindo, presidente executivo da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).
“A tese é [fazer com] que as empresas possam, de alguma maneira, auxiliar no processo de testagem dos doentes e fazer várias testagens para determinar quais dos seus empregados já estão em condições de voltar ao trabalho”, acrescenta.
AVANÇOS
O passaporte será alimentado por um data lake, uma base de dados advinda dos laboratórios que testarão os colaboradores de forma recorrente, segundo Gallindo. O sistema então permitirá que empresas conheçam o estado de saúde de seus funcionários, e tomem decisões como manutenção de políticas de trabalho remoto com base na amostragem de suas próprias populações.
A classificação feita através do passaporte tem três níveis. O status branco é o das pessoas que pertencem ao grupo de risco, que devem seguir a recomendação de distanciamento social e estão entre as últimas a retornarem às atividades. Existem duas outras classificações, segundo Gallindo: o status vermelho, que se refere ao paciente que foi infectado e está em processo de recuperação, e o azul, atribuído aos pacientes que recebem alta médica e têm a imunidade comprovada através de testes.
A Brasscom não informa quais são as empresas que estão diretamente envolvidas no desenvolvimento do passaporte, porém os membros da associação incluem a IBM, Microsoft, Totvs e BRQ, entre outras. Apesar de não divulgar um cronograma para a conclusão do desenvolvimento da ferramenta, Gallindo diz que o processo começou há alguns dias e já teve “grandes avanços”.
Na primeira onda da implementação, a base de dados nos bastidores do passaporte está sendo construída para ser um “lugar de apoio” para as empresas que o utilizarem, e não prevê a integração de outras fontes de informações. O desejo do setor, no entanto, é que o sistema tenha ampla adesão. “Se essa aplicação realmente se consolidar, a ideia das empresas envolvidas é que isso possa se transformar no futuro em uma ferramenta que possa ser entregue ao poder público, até mesmo como um legado no enfrentamento de novas situações de epidemia”, diz Gallindo.
RIGOR
Entre os primeiros candidatos que poderão aderir ao piloto do sistema estão os mais de 650 mil trabalhadores do setor de software e serviços, além de mais de 200 mil da área de telecomunicações e cerca de 100 mil no segmento industrial. Porém, existe um processo a seguir antes que o app comece a ser utilizado.
“Teremos uma prova de conceito e a entrada em serviço [da ferramenta] será faseada, para só então entrar em produção de forma massiva”, diz Gallindo. “Todo mundo tem pressa de superar a pandemia, mas estamos lidando com um assunto delicado, que é a saúde, e precisamos fazer isso com rigor.”
O data lake onde transitarão os dados, bem como o aplicativo, estão sendo desenvolvidos em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), segundo o presidente da Brasscom. A lei, prevista para agosto deste ano, tem grandes chances de ser adiada para janeiro de 2021 por conta da disrupção causada pela crise e pela ausência da Autoridade Nacional de Proteção de Dados, cujos membros ainda precisam ser nomeados pelo Executivo.
“Existe aqui uma responsabilidade perante a lei de proteção de dados pessoais, embora ela não esteja ainda em vigência, pois estamos trabalhando com dados sensíveis, o que pressupõe o [consentimento] do próprio funcionário dessa empresa e dos próprios indivíduos, afinal são os dados pessoais deles”, ressalta Gallindo, enfatizando que a Brasscom não está se posicionando sobre políticas públicas a respeito do distanciamento social.
“O que nós estamos fazendo é uma ferramenta para assistir as empresas nesse processo, permitindo que ele seja conduzido com tecnologia e que também seja feito com um alto grau de acurácia em termos de [determinar a] condição dos nossos trabalhadores”, aponta. “E quiçá essa ferramenta possa ser adotada não só pelos nossos setores produtivos, mas por outras empresas, e ajude o Brasil na retomada, quando assim for o seu tempo.”
A Brasscom tem sido “extremamente propositiva” em seu trabalho junto ao poder público nos últimos anos, segundo Gallindo. O executivo ressalta a boa interlocução entre a associação com o governo federal, que “cada vez mais, entende a importância [das empresas] da tecnologia da informação e comunicação e a importância desse setor na conquista de um Brasil antenado com a era digital.”
TESTES
Uma condição para que o passaporte funcione de fato é a testagem de maneira ampla e frequente. O Brasil, até o momento, tem tido dificuldade em garantir estas condições, apesar de empresas como a Hi Technologies, startup da Positivo, terem anunciado intenções de disponibilidade massiva de testes no país.
Laércio Cosentino, vice-presidente do Conselho da Brasscom e da Totvs, empresa brasileira de software da qual é fundador, adianta que o Brasil em breve “terá algumas novidades positivas” nesse sentido. Cosentino é um dos investidores da Mendelics, laboratório de análise genômica que utiliza tecnologias como inteligência artificial em seus testes. “Estamos trabalhando duro para conseguir trazer testes mais acessíveis, rápidos e em uma quantidade maior”, aponta.
O Passaporte da Saúde é um dos projetos dos grupos de trabalho da Brasscom para o enfrentamento do coronavírus e inclui iniciativas como um sistema de triagem à distância com Big Data em parceria com a prefeitura de Florianópolis e um projeto de “cesta básica digital” para garantir a educação remota em tempos de pandemia.
Ainda não existem evidências de que a infecção pelo coronavírus protege pessoas contra uma possível reincidência, porém iniciativas em outros países que utilizam aplicativos como forma de demonstrar o status de indivíduos em relação à Covid-19 tem sido descritas como “passaportes de imunidade”.
Um relatório técnico publicado pela Organização Mundial da Saúde na última sexta-feira (24) nota que anticorpos podem não indicar proteção e, portanto, o uso de tais ferramentas pode aumentar riscos de transmissão continuada.
McKinsey traça caminhos para a transição digital da educação superior
Apesar de o ensino à distância já ser um modelo estabelecido de educação, a transição das universidades para aulas remotas tem sido um desafio. Este é o tema de um relatório da consultoria McKinsey, que nota que a maioria dos professores tem conseguido adaptar suas rotinas ao novo modelo, mas outros ainda estão aprendendo a operar remotamente. Por outro lado, estudantes também estão se ajustando: segundo o estudo, somente 18% dos estudantes universitários norte-americanos estudaram exclusivamente online antes da crise provocada pela Covid-19.
O relatório oferece sugestões de áreas a serem priorizadas por universidades para garantir a operação em um futuro em que a educação presencial pode ser drasticamente transformada. Uma das recomendações é oferecer mais apoio a professores, que podem ter níveis diferentes de habilidade técnica, bem como fóruns onde os docentes possam compartilhar boas práticas no ensino via plataformas tecnológicas. A McKinsey também sugere a criação de “bootcamps” de educação à distância nas férias, onde professores recebem treinamento intensivo em tecnologia e como utilizar ferramentas para adaptar cursos ao formato online.
Outro conselho é garantir computadores para os estudantes, que nem sempre têm acesso ao equipamento necessário para estudar online, através de arranjos como empréstimos, bem como negociar pacotes de dados sem limites para possibilitar o estudo à distância. No Brasil, a rede de faculdades Estácio anunciou um acordo nesse sentido com a TIM, onde os 570 mil alunos da instituição terão acesso gratuito a pacotes de dados de até 9GB durante o período de isolamento social. A Uninove e a Vivo Empresas também firmaram uma parceria semelhante, que distribuirá uma franquia de 5GB por mês aos alunos dos cursos presenciais e professores da instituição.
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Embrapa anuncia balanço e inovações para o agro
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgou ontem (27) seu balanço social de 47 anos, com um conjunto de informações sobre seus projetos de inovações tecnológicas, benefícios e ações sociais. Foi reportado um retorno para a sociedade de R$ 12,29 para cada real aplicado na empresa em 2019 e foi gerado um lucro social de R$ 46,49 bilhões no ano passado.
O lucro social é o valor decorrente dos benefícios advindos do setor pela adoção das soluções tecnológicas que a Embrapa produz. Segundo a empresa, os conhecimentos e tecnologias gerados pela empresa e seus parceiros resultou em uma redução de custos dos alimentos e o aumento sustentável da oferta, e uma diminuição do valor da cesta básica em mais de 50% nos últimos 44 anos.
Referência em em ciência, tecnologia e inovação para a agricultura, a empresa tem a agricultura digital entre suas prioridades. Isso inclui o desenvolvimento de plataformas em áreas como Big Data, Internet das Coisas, Inteligência Artificial (IA), robótica, drones, sensores, modelagem e simulação computacional.
Um dos destaques anunciados para a ocasião do aniversário da Embrapa é o lançamento de cinco novas soluções tecnológicas, uma por região do país. Para o Sudeste, a empresa lançou uma plataforma web gratuita de análise de dados que inclui toda a produção agropecuária presente na região, o crédito agrícola, os empregos formais do setor agropecuário bem como as tecnologias agropecuárias, desenvolvidas pela Embrapa e que estão disponíveis para adoção na região. Uma plataforma para a região Sul, de diagnóstico fitossanitário para culturas da maçã, morango e pêssego, é composta de sistemas que usam inteligência artificial para o diagnóstico de doenças e pragas das plantas.
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Nubank reforça time executivo
O Nubank anunciou a contratação de dois executivos para as áreas de tecnologia e jurídica da fintech. David Currie, ex-Barclays e Visa, assume a área de segurança de informação como Global Chief Information Security Officer. Currie está em Hong Kong e deve emigrar para o Brasil quando a pandemia estiver superada. Marco Araújo, ex-diretor jurídico global do HSBC, junta-se ao banco digital paulistano como líder global da área jurídica. Araújo está em Londres e deve regressar ao Brasil para assumir o cargo. As contratações seguem o ingresso de outros executivos no Nubank no início deste ano, que incluíram profissionais brasileiros e estrangeiros vindos de empresas como Itaú, Capital One e Facebook.
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Hoje, às 17h, será realizado o webinar da Agrishow em parceria com a Feira Futurecom, que terá o tema “Tecnologia no Agronegócio: os Benefícios da Inovação no Campo em Tempos de Covid-19”. O evento online contará com as presenças de Silvia Massruhá, chefe geral da Embrapa Informática, Fernando Degobbi, diretor-presidente da Coopercitrus, Luciano Cesar Alakija Palma, business development lead na Nokia, e Luiz Carlos Faray de Aquino, multi-industry business development leader da IBM. A moderação fica a cargo de Hermano Pinto, diretor do Futurecom. As inscrições são gratuitas;
A empresa de meios de pagamento para e-commerce Braspag vai realizar amanhã (29), às 16h30, o webinar “Economia Digital: os Desafios e Oportunidades que a Pandemia Oferece às Vendas Online”, com Gabriel Lima, CEO e fundador da Enext, consultoria especializada em comércio eletrônico do grupo WPP, e Leandro Relvas, head de parcerias da Braspag. Lima apresentará algumas dicas e exemplos de como o mercado varejista está migrando para o comércio online, principalmente nesse momento de pandemia. Entre os assuntos, o executivo trará alguns métodos estratégicos de vendas, que envolvem desde a comunicação a questões operacionais. O webinar é gratuito, por meio de inscrição;
Os eventos da Semana da Transformação Digital tem como mote a sobrevivência das micro e pequenas empresas à crise causada pela pandemia, com debates devidos em temas como marketing e vendas, gestão financeira e digitalização de processos. Palestrantes incluem Maurício Vargas, CEO do Reclame Aqui, Diego Barreto, CFO do iFood, e Wesley Barbosa, sócio e head de comportamento do consumidor da XP. O evento online acontece entre 27 de abril e 1 de maio. É preciso fazer a inscrição;
Oportunidades para o mercado sênior pós-coronavírus serão discutidas em um webinar sobre empreendedorismo para a longevidade com os fundadores da consultoria NEXTT49+, Ismael Rocha, Luiz Fernando Garcia e Maurício Turra. O evento acontece na quinta-feira (30), 18h. É necessário fazer cadastro.
A Pertinho de Casa é uma iniciativa para facilitar o dia a dia do consumidor, apoiar os pequenos negócios locais e dar vazão ao que é produzido no campo, criada para movimentar a economia neste momento difícil. Os produtores rurais e pequenos varejistas – feirantes ou donos de hortifruti, mercearia ou mercadinho – preenchem um cadastro na plataforma, informando seu tipo de negócio e área de entrega. O consumidor interessado em comprar na vizinhança coloca seu endereço e seleciona a categoria que procura. A negociação é direta entre as partes, via WhatsApp. Não há custos adicionais – o cliente paga apenas pelos produtos e pelo frete.
MAIS:
– A plataforma de educação e futurismo Aerolito lançou um curso online para traçar perspectivas e possibilidades após a crise da Covid-19. O conteúdo de quatro horas está dividido em 10 capítulos, que serão disponibilizados semanalmente. O curso trará levantamentos, hipóteses e visões de futuro, com ênfase para o futuro do trabalho e as mudanças que impactarão as empresas após a pandemia, conduzidos pelo futurista e sócio-fundador da Aerolito, Tiago Mattos. Além disso, a empresa disponibilizará gratuitamente, até a metade do mês de maio, três cursos gratuitos que somam cinco horas de conteúdo, com temas como digitalização, singularidade e transumanismo e interface cérebro-máquina;
– A AlphaCredit, empresa mexicana líder em tecnologia que presta serviços financeiros a segmentos não atendidos por instituições bancárias tradicionais, especializada em empréstimos e financiamentos ao consumidor para pequenas e médias empresas (PMEs), concluiu uma rodada de financiamento de, aproximadamente, US$ 100 milhões, liderada pelo SoftBank Latin America Fund. Os recursos serão utilizados para consolidar a posição da fintech como uma das principais da região e continuar sua expansão;
– A empresa de transporte por aplicativo 99 anunciou que está implementando em todo o país um cartão de identidade digital para facilitar a comunicação entre os usuários. O recurso tem como objetivo manter uma distância segura entre motoristas e passageiros, diminuindo o risco de contágio durante as corridas. Depois de fazer o pedido, ao selecionar a opção “sugestão de identificação durante a pandemia”, o passageiro será direcionado a uma tela em que estão escritos o nome dele e o destino da corrida. Com isso, poderá mostrar essas informações ao motorista, para que o condutor confirme os dados sem se aproximar. O recurso começou a funcionar ontem (27) em todo o Brasil.
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), a BBC e outros.
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