Mesmo com o dólar batendo na casa dos R$ 5,35, brasileiros de classe média e baixa têm mantido o consumo em sites internacionais e planejam continuar comprando o mesmo valor ou até mais depois da pandemia, segundo uma nova pesquisa do unicórnio curitibano Ebanx, obtida com exclusividade pela Forbes.
A pesquisa “A Influência da Covid-19 nas Compras Online no Brasil: Intenção de Compra e Preferências de Pagamento” foi conduzida de 28 de abril até 4 de maio de 2020, entre mais de 1,5 mil brasileiros que compram em varejistas online internacionais clientes da startup, que processa pagamentos para sites como Spotify, Airbnb e a varejista online chinesa AliExpress.
O estudo buscou traçar padrões de comportamento de consumidores considerando os desdobramentos da pandemia, como as medidas de distanciamento social, além de identificar tendências para o pós-pandemia. A maioria dos consultados (92%) pertence ao que seria considerada a classe média e baixa, com renda mensal variando entre R$ 2.090 e R$ 10.450. Destes, 67,4% não recebe auxílio do governo, 22,1% recorre à ajuda emergencial para a crise e 10,5% recebe outro tipo de assistência, como o Bolsa Família.
Segundo o estudo, 53% dos participantes que compravam até R$ 30 por mês em sites de fora do Brasil antes da crise planejam manter ou aumentar a frequência de consumo nestes comércios durante a pandemia. O mesmo vale para pessoas que estão recebendo auxílio do governo durante a pandemia: 52,4% planejam manter a frequência de compra ou aumentar.
Entre as pessoas que gastavam até R$ 30 por mês em sites internacionais antes da Covid-19, a média de gastos era de R$ 22,87. Agora, durante a pandemia, manteve-se praticamente igual, em R$ 22,57. Mas a intenção é subir para mais de R$ 26 em um cenário pós-pandemia. Entre quem gastava de R$ 40 a R$ 60 por mês, a média era de pouco mais de R$ 50. Durante a pandemia, caiu para R$ 40,54. A intenção para o pós-pandemia é subir para mais de R$ 42.
O APELO DOS SITES INTERNACIONAIS
Mesmo com a alta do dólar, comprar produtos de sites internacionais ainda é atrativo para brasileiros, segundo André Boaventura, sócio e CMO na Ebanx: “Compras em sites internacionais têm um padrão diferente: o que motiva muito as pessoas a comprarem destes sites é a quantidade de produtos e a variedade, além do preço”, explica.
E continua: “Você tem acesso a uma grande variedade de itens em um site só e ainda com um preço super competitivo – mesmo com a alta do dólar e custos de delivery, o preço ainda é competitivo”.
Além disso, Boaventura argumenta que a compra online está “quebrando tabus” durante a pandemia, com consumidores considerando mais itens para pedir remotamente e comprando online itens antes adquiridos em lojas físicas. “Os sites internacionais são também uma opção muito boa para isso, por conta da variedade e do preço”, pontua.
A compra internacional engloba tanto o notebook mais avançado, quanto itens mais baratos como objetos de decoração, roupas mais acessíveis, bem como streaming e jogos online – estes dois últimos segmentos tiveram um aumento sem precedentes no volume de pagamentos que a Ebanx processou, de mais de 106% em março de 2020 em relação ao mesmo mês do ano passado.
O consumo em e-commerce internacional é amplamente difundido, inclusive nas classes baixa e média, segundo Boaventura. O executivo cita dados da pesquisa para corroborar essa tese: segundo o estudo, sete em cada 10 brasileiros que dizem que vão aumentar suas compras internacionais durante a pandemia são de classe baixa e média, que buscam, principalmente, eletrônicos e celulares, roupas e acessórios e itens de decoração.
VEJA TAMBÉM: Coronavírus força varejistas brasileiras a fechar portas e dobrar apostas no comércio eletrônico
Ao comentar sobre o apelo de sites internacionais mesmo para pessoas que dependem de auxílio do governo, como mostra a pesquisa, Boaventura argumenta que a pesquisa foi feita entre consumidores que já tinham esse hábito independentemente de um decréscimo de renda. “É natural que quem está passando por uma redução de renda foque muito em economizar, e os sites de fora podem ser opções muito boas, com produtos de extrema qualidade e preços muito competitivos”, acrescenta.
A pesquisa é um recorte de pessoas que já compram online de sites internacionais e não traça um comparativo com o e-commerce nacional, porém, em termos gerais, o comércio online nacional tem se mostrado resiliente durante a pandemia. Outra pesquisa divulgada hoje (28), do Comitê de Métricas da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net) em parceria com o Movimento Compre & Confie, mostra que vendas realizadas no Brasil através de comércio eletrônico quase dobraram em abril, com um aumento de 98,74% e o faturamento do setor teve alta de 81,64% no mês em relação a abril do ano passado.
O APELO DO BOLETO E DO PARCELAMENTO
No que diz respeito à formas de pagamento utilizadas pelos brasileiros que compram em sites de e-commerce internacionais, o estudo da Ebanx mostra que 58,7% pagam com cartão de crédito, porém o estudo ressalta que isso é usual entre os brasileiros mais abastados: quanto maior renda, maior é a propensão de usar cartão em compras.
Entre as famílias de renda mais alta, 78% pagam com cartão e 22% pagam com boleto, ao passo que entre consumidores de baixa renda, 59% compram através de cartão de crédito e o boleto responde por 40,8% do consumo. A maioria dos brasileiros que utiliza boletos para pagar por compras de e-commerce fora do Brasil (86%) não planeja mudar esta forma de pagamento durante a crise, segundo a pesquisa da Ebanx.
Outro novo comportamento que emergiu no pagamento de boletos por compras internacionais online é a forma de quitação, segundo o estudo. Apesar de locais como agências e casas lotéricas ainda estarem operando em diversas localidades, mesmo que de forma restrita por conta das medidas de distanciamento social, a maioria dos consumidores consultados (67%) agora prefere quitar boletos online.
O parcelamento é um instrumento importante para viabilizar as compras em sites estrangeiros: 54% dos brasileiros prefere dividir o pagamento de compras durante a pandemia para fazer o consumo caber na renda. O hábito de parcelamento independe de classe social: entre as famílias de baixa renda, 67,3% parcela compras, mas os mais ricos também o fazem: 51,3% dos consumidores de alta renda dividem os pagamentos de suas compras.
Porém, a escolha por pagar com cartões de débito ou transferências bancárias, minoria quando se trata de compras internacionais, deve ter um leve aumento durante a pandemia, segundo a pesquisa: a porcentagem de consumidores que usavam cartão de débito antes da crise (5,6%) deve aumentar para 7,2%. A transferência bancária, que representava um percentual mínimo de 0,5%, deve aumentar para 1,7% durante a crise da Covid-19.
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Inscreva-se no Canal Forbes Pitch, no Telegram, para saber tudo sobre empreendedorismo: .
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.