A vida em condomínios tem passado por transformações importantes desde a emergência do novo coronavírus. À medida em que um processo gradual de retomada se inicia em muitos prédios, certas mudanças introduzidas durante o período de quarentena devem permanecer.
Uma delas, diretamente relacionada à participação das pessoas na adequação dos prédios às realidades impostas pelo novo coronavírus, é o uso de tecnologia para aumentar a participação em decisões coletivas. Para encorajar a adesão a estes eventos, frequentemente associados a frustração e tempo perdido, empresas do setor estão se movimentando para digitalizar o conceito.
Uma delas é a gigante imobiliária Lello, que acelerou o desenvolvimento de seu produto de assembleia digital. Segundo a a empresa, a plataforma já estava sendo desenvolvida há um ano, com objetivos como melhorar processos e aumentar o engajamento nestas reuniões, que antes do distanciamento social tinham uma adesão pífia de 30%.
Com a introdução da plataforma Lello Digital, a taxa de participação dobrou, com mais de 450 eventos deste tipo realizados desde março, envolvendo cerca de 20 mil moradores participantes.
“Esses dados mostram que a necessidade da quarentena para o combate à pandemia e a opção do uso da plataforma facilitou e desburocratizou esses encontros, atraindo mais participantes ativos e viabilizando a continuidade de tomadas de decisões importantes para estas comunidades”, aponta Angélica Arbex, gerente de relações com o cliente da Lello Condomínios, também responsável pelas iniciativas de inovação da empresa.
O sistema proprietário no qual a Lello Digital é baseada foi construído em .Net com integrações disponíveis via API, e conta com funcionalidades de diversos sistemas de cadastro, além do recurso de videoconferência via Zoom.
Criar e implantar a nova plataforma não foi simples, no entanto, já que o intuito não era apenas reproduzir processos existentes no formato tradicional: “Nosso sistema é voltado à experiência do cliente. A Lello não informatizou o jeito de fazer assembleias, mas sim criou uma vivência digital”, ressalta.
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O aspecto mais complexo do projeto, segundo Angélica, não foi relacionado aos aspectos técnicos, como participar de sprints e ajustar o cronograma para absorver novos recursos e funcionalidades, mas convencer usuários a aderir ao modelo: “O principal desafio é mudar comportamento e ganhar a confiança do cliente. Quando se faz isso, começamos a mudar de verdade a forma de fazer as coisas”, aponta.
Segundo a executiva da Lello, a importância do digital como forma de descomplicar estes encontros faz-se ainda mais relevante durante a pandemia. “É muito importante manter o diálogo constante e a participação em decisões coletivas neste momento inédito que vivemos, e também é necessário continuar as conexões sociais saudáveis e tomadas de decisões mais acertadas”, ressalta.
Existem outros benefícios do modelo de engajamento de moradores de forma digital, nem sempre óbvios para os residentes, e que envolvem os funcionários da administradora de imóveis, que normalmente participa das reuniões condominiais.
“Quem trabalha neste mercado e faz assembleias vai entender: é uma jornada muito desgastante para o profissional, que representa] um terceiro turno, muitas vezes longe de casa, ocupando o tempo do descanso, do lazer, do estudo”, diz a executiva. “Redesenhar o jeito de fazer assembleias é também investir na qualidade de vida da equipe.”
Com o sucesso inicial obtido com o produto de assembleias digitais, a Lello agora avança com seu roadmap de projetos de inovação, uma área que recebe um investimento equivalente a cerca de 30% dos resultados da empresa.
Segundo Angélica, os trabalhos seguem baseados no aprimoramento e a sofisticação na entrega de seus serviços digitais, bem como a transformação da administradora de condomínios em uma “especialista na vida comum”.
Isso envolve maneiras diferentes de administrar condomínios, segundo a executiva, bem como novas formas de relacionamentos com as pessoas em seus ecossistemas e cidades em que atua. “Tudo que a tecnologia pode melhorar na vida das pessoas e no relacionamento delas com o condomínio está no nosso radar.”
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC e outros.
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