A Santista anunciou, na manhã de hoje (23), que acabou de finalizar o desenvolvimento de um tecido com acabamento à base de nanomoléculas capaz de inativar fungos, bactérias e vírus – incluindo o Sars-CoV-2 – com 99,8% de eficiência comprovada.
De acordo com a companhia têxtil, que em nove décadas de atuação já foi responsável pela oferta de outros tipos de acabamentos com tecnologia de ponta, como antimicrobiano, antimosquisto (na época do surto do Zika) e antiodor, o Bio Protect by Santista já está sendo utilizado em 95% da linha workear e no portfólio de sarjas coloridas e, em breve, vai ser incorporado também ao denin (jeans).
“Priorizamos a linha de tecidos para uniformes de trabalho por causa dos médicos, que estão na linha de frente da pandemia”, explica Inácio Silva, gerente de marketing da Santista. Segundo o executivo, assim que as notícias sobre uma possível pandemia começaram a chegar, a companhia percebeu que seria um mercado em potencial, não só do ponto de vista de negócios, mas de contribuição para o controle da disseminação. “Usar uma roupa feita à base de um tecido como esse ajuda muito, principalmente no que diz respeito à contaminação cruzada”, diz, explicando que, muitas vezes, roupas contaminadas e não contaminadas se misturam na lavanderia, espalhando ainda mais o vírus.
Para dar sequência aos planos, a Santista recorreu à Nanox Tecnologia, empresa brasileira especializada no desenvolvimento de produtos por sínteses inorgânicas, principalmente com nanotecnologia, como polímeros, embalagens e tecidos. Em parceria com a academia – Universidade Jaime I, na Espanha, UFSCAR e ICB (Instituto de Ciências Biomédicas) –, a empresa então aperfeiçoou uma solução já existente com nanopartículas especiais de prata para que, uma vez aplicada ao tecido, inativasse também o Sars-CoV-2, responsável pela Covid-19.
“O produto foi testado com a cepa do vírus isolado no Brasil pelo Hospital Albert Einstein”, explica Guilherme Tremiliosi, head de desenvolvimento têxtil da Nanox. Em quatro meses, a força-tarefa colocou o produto no mercado. Além de inativar o vírus do novo coronavírus em três minutos, o tecido ainda protege contra bactérias, como a Staphylococcus aureus, fungos, como o causador da candidíase, tem a função antiodor e é alergênico.
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Tremiliosi explica que, para saber se o Bio Protect by Santista funciona com as cepas do Sars-CoV-2 de outras regiões, seria preciso testar. “Se fosse para apostar, eu diria que sim, mas para afirmar categoricamente, é preciso experimentar”, diz o executivo, garantindo que a solução da Nanox é a primeira do mundo capaz de comprovar sua eficiência contra o novo coronavírus. “Existem vários outros tecidos antivirais, mas eles não foram testados para o Sars-CoV-2.”
No que diz respeito à durabilidade, Inácio Silva, da Santista, diz que os primeiros testes já garantem 30 lavagens sem perder a eficiência. “Isso não significa que na 31ª lavagem o tecido não protege mais, mas que precisamos dar continuidade às testagens”, diz ele, explicando que o objetivo é poder garantir cerca de 50, que significaria quase um ano de proteção se consideramos lavagens uma vez por semana. Já sobre o preço, o executivo diz que o acabamento pode representar de 20% a 25% de custo extra dependendo da base. Sem revelar nomes, ele diz que, atualmente, estão em produção encomendas feitas por clientes dos segmentos hospitalar, agro e químico.
Tanto a Santista quanto a Nanox dizem que vão continuar investindo pesado em pesquisa e desenvolvimento para a oferta de soluções capazes de oferecer níveis cada vez maiores de proteção. A indústria têxtil, por exemplo, diz que o próximo passo é combinar os tratamentos antiviral e repelente, que a indústria já usa, para testar a performance.
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Mas ambos os executivos alertam. “O uso de roupas com esse tipo de barreira não isenta as pessoas das demais medidas, como a lavagem das mãos, o uso de máscaras e a aferição da temperatura”, diz Silva. Para Tremiliosi, essa onda de proteção veio para ficar. “Ela pode diminuir com o arrefecimento da pandemia, mas é um hábito que deveríamos adotar. Não podemos ficar reféns de tecnologias que precisem ser desenvolvidas a toque de caixa. Os japoneses foram menos impactados pela Covid-19 justamente porque, culturalmente, eles já adotavam muitos dos hábitos que nós só estamos incorporando agora ao nosso dia a dia.”
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