Na semana passada, foi anunciado que a operação da OYO na América Latina seria administrada pelo SoftBank, maior investidor da rede hoteleira, com 46% de participação. Ralf Wenzel, managing partner do mega-fundo japonês, vai assumir a função no Brasil e no México, onde a companhia possui cerca de 1 mil estabelecimentos. A OYO Latam, joint venture de propriedade majoritária da OYO Global, foi criada com o Softbank, e os negócios no Brasil e no México serão geridos através da nova empresa.
Wenzel foi um dos palestrantes internacionais do Liga Open Innovation Summit, evento realizado nesta semana pela Liga Ventures do qual Forbes é media partner, e conversou com Forbes Insider, com exclusividade, sobre esse movimento da OYO e os próximos passos. Veja, a seguir, os melhores momentos da entrevista:
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FORBES: Um representante da OYO disse à Reuters no início de setembro que a empresa não estava sendo “supervisionada”, mas é difícil não imaginar por que um investidor teria que intervir no negócio. Você poderia comentar os reais motivos pelos quais essa parceria estratégica está acontecendo?
Ralf Wenzel: Não sou apenas presidente da OYO América Latina, mas também sócio-gerente do Softbank Group International, e entre outras coisas, sou responsável pela equipe operacional do Softbank Latin America Fund. Além de investir capital, o Softbank Latin America Fund pode apoiar ativamente as empresas de seu portfólio com experiência operacional. Minha equipe na Softbank é composta por especialistas funcionais em áreas como marketing, produto, tecnologia, finanças e desenvolvimento de negócios, e pode, portanto, ajudar a acelerar o crescimento e a expansão ao mesmo tempo em que impulsiona a excelência operacional.
A América Latina é uma das regiões de alto desempenho da OYO e a empresa tem operado com sucesso mais de 1 mil hotéis no Brasil e no México, e atendeu a mais de 2 milhões de hóspedes no ano passado. A confiança de nossos hóspedes é uma prova do compromisso da OYO em oferecer experiências de qualidade e acessíveis, além de capacitar nossos parceiros [donos] de hotéis. Como um passo adiante no fortalecimento de nossa proposta de valor na região, a OYO firmou uma aliança estratégica com o SoftBank Latin America Fund. Esta é uma evolução natural na parceria de longa data da OYO com o SoftBank e permitirá a definição de metas claras e focadas para o futuro da OYO na região.
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F: Como parte dessa nova abordagem, o que mudará de fato em relação ao modo como a operação na América Latina trabalha com a matriz na Índia?
RW: A OYO América Latina será administrada pela equipe de gestão latino-americana, supervisionada por um conselho de administração que estou muito animado em liderar como presidente executivo. Isso garantirá uma tomada de decisão mais rápida, permitirá mais autonomia local e garantirá um foco local dedicado a aprimorar a experiência do cliente e do parceiro. A equipe central da OYO na Índia continua a ser uma importante fonte de conhecimento e experiência.
F: A gestão no Brasil [liderada pelo diretor-geral Henrique Weaver] permanecerá como parte da nova estrutura? Se não, quais mudanças estão sendo feitas?
RW: Há uma equipe brilhante no Brasil e no México [liderada por German Peralta, diretor-geral] e continuaremos trabalhando com todas as equipes e aumentaremos o senso de dono e as responsabilidades para convergir para um negócio verdadeiramente latino-americano.
F: Quais serão as principais áreas em que você vai se concentrar para acelerar o negócio nos próximos meses? Existem planos de lançamentos ou novos modelos de negócios antes do final do ano?
RW: Continuaremos a nos concentrar em ser o parceiro de confiança dos empreendedores de hospitalidade locais, permitindo, de forma consistente, estadias de qualidade e acessíveis para todos os clientes por meio de uma experiência perfeita. Fazemos isso oferecendo aos nossos parceiros de hotel conhecimentos, ferramentas e recursos e garantindo uma estadia segura para nossos hóspedes, aderindo aos mais altos padrões de biossegurança da indústria através do Programa de Limpeza Certificada da OYO agora reconhecido pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo com o selo “Viagem Segura” e recentemente aprimoramos nossos protocolos com uma parceria com o Grupo Fleury no Brasil. A segurança dos clientes é nossa prioridade máxima.
F: Quantos hotéis estão são parceiros da OYO no Brasil no momento e quantos estão abertos? Você manterá o plano recente de ter hotéis mais próximos dos grandes centros urbanos, ou vai retomar a expansão nacional em algum momento?
RW: A presença da OYO no Brasil inclui mais de 450 propriedades, mais de 12.000 quartos em vários locais do país e [a empresa] já atendeu mais de 1 milhão de hóspedes até hoje. Mesmo durante a pandemia, OYO adicionou novos quartos; somente em agosto, adicionamos mais de 40 mil quartos globalmente. O Brasil segue a mesma tendência positiva e estamos adicionando um número crescente de novos quartos a cada mês.
Hoje estamos operando com quase 70% do nosso portfólio e preparando hotéis parceiros para se adequarem aos novos comportamentos de consumo e novos padrões de higiene para garantir uma experiência ainda mais econômica, protegida e sem contato, alinhada aos padrões da nossa marca. Estamos confiantes em operar com 100% do nosso portfólio nas próximas semanas e meses, acrescentando novos hotéis tanto em áreas urbanas quanto em destinos selecionados de interesse nacional, para negócios e lazer.
F: Quais são as tendências no setor de viagens durante a Covid-19 que você está observando em outros mercados onde a OYO está presente, e de que forma isso está acontecendo no Brasil?
RW: A pandemia reajustou a indústria da hospitalidade, e vemos isso como uma grande oportunidade para nós, pois podemos reagir às novas tendências de demanda e aos novos requisitos dos clientes com mais flexibilidade e rapidez do que muitas outras [empresas do setor]. E estamos muito entusiasmados em expor e promover nossos hotéis parceiros em uma nova geração de viagens e acomodação. Temos a chance de estabelecer a OYO como o destino número um para viajantes econômicos e de lazer, o segmento que está tendo a recuperação mais rápida.
Como uma empresa focada em tecnologia, estamos na vanguarda desta indústria que está mudando cada vez mais para o digital e estamos bem posicionados para oferecer uma experiência digital perfeita aos nossos hóspedes, além de ter a biossegurança como imperativo para garantir estadias seguras para os hóspedes, e a OYO no Brasil e no México manteve os mais altos padrões por meio de nosso Programa de Limpeza Certificada.
F: Em março deste ano, o Henrique Weaver disse em entrevista à Forbes Insider que os negócios brasileiros foram suficientemente reduzidos para enfrentar a crise, mas você acha que será necessário fazer mais ajustes? Se sim, quais serão as mudanças previstas?
RW: Todos os ajustes que a OYO Brasil teve que fazer no início da pandemia já foram feitos e até agora não temos previsão de mais mudanças. Agora estamos prontos para o crescimento e o sucesso.
F: Considerando o cenário que você descreveu, qual será seu principal desafio como líder ao assumir as operações da OYO na América Latina?
RW: Este é um momento empolgante para a empresa, à medida em que viagens retomam e as pessoas começam a procurar locais de boa qualidade, seguros e higiênicos, a um preço acessível. Acredito fortemente que a OYO dá ao hoteleiro independente a oportunidade de fazer parte de um modelo de negócio único e diferenciado. Dito isso, quero estar mais perto de nossos stakeholders e entender suas necessidades, ouvir seu feedback, agir e fazer mudanças enquanto construímos a confiança em sermos um parceiro confiável para todo o nosso ecossistema. Continuamos ambiciosos em revolucionar a indústria da hospitalidade nos próximos anos, além de imaginar um mundo onde as pessoas vão querer reservar um OYO, e não apenas um hotel.
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC e outros.
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