Quando desembarcou em Palo Alto, na Califórnia, em janeiro deste ano, André Ferraz, CEO da startup pernambucana Inloco, tinha como meta expandir suas soluções de geolocalização para o mercado norte-americano. Ele tinha mapeado o país, estava capitalizado – graças a um aporte de US$ 20 milhões recebido em julho de 2019 – e já estava de olho em executivos capazes de ajudá-lo a crescer globalmente. Até que veio a pandemia.
“Com o fechamento do varejo físico, vimos nossa receita com a solução de publicidade digital – principal negócio da empresa no Brasil – derreter”, conta o executivo. “Tivemos, inclusive, que reduzir o quadro de funcionários.” Em paralelo, porém, Ferraz notou um aumento expressivo da demanda pela solução de detecção de fraudes, principalmente no território norte-americano. “A digitalização forçada das empresas, principalmente bancos e players do comércio eletrônico, levou o volume de operações a níveis inéditos. E aí começaram os problemas com segurança e com experiência do cliente.”
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O executivo se refere ao fato de os usuários precisarem digitar senhas repetidas vezes, usar a biometria ou validar códigos SMS para provar quem são. “Como usamos a geolocalização como ferramenta de autenticação, não existe essa fricção. As operações são seguras e simples ao mesmo tempo.”
A nova perspectiva obrigou a startup a pivotar no meio da crise: em meados de junho, lançou nos Estados Unidos uma nova empresa, batizada de Incognia, para endereçar a nova demanda, e em agosto vendeu o negócio de publicidade para o Magalu.
O montante (não revelado) captado com a operação será usado no aperfeiçoamento da solução. “Essa dificuldade em oferecer segurança sem prejudicar a experiência do cliente não é brasileira ou norte-americana, é mundial”, diz Ferraz, adiantando que já está em contato com bancos da África do Sul e da Alemanha interessados na ferramenta.
Outra realidade que vem impulsionando a demanda é o aumento no volume de fraudes, sejam por Whatsapp ou por email, como reflexo do crescimento das contas digitais. Ferraz explica que o foco da empresa, neste momento, é justamente o mercado financeiro – bancos, fintechs e companhias de meios de pagamento – em função do volume e do risco maior, mas que qualquer negócio que dependa de autenticação pode ser atendido pela ferramenta. Segundo ele, estão em testes o uso da solução em uma plataforma de transporte por aplicativo e em um grande player de delivery de comida.
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No que diz respeito aos resultados, Ferraz cita como exemplo uma companhia que conseguiu reduzir seus prejuízos com fraudes em 58%. Mas reforça que, tão importante quando combater esse tipo de rombo, é o aumento da receita proporcionado a partir do momento que a solução contribui para incrementar o número de contas aprovadas. “Existem casos em que o cliente é negado, mesmo sendo um cliente bom. É o que chamamos de falso positivo. Isso é pior do que a fraude, já que provavelmente ele nunca mais vai querer ter um relacionamento com aquele banco e ainda vai falar mal”, diz, estimando que a solução seja capaz de diminuir esse tipo de ocorrência em 60%. Em outra implementação, Ferraz conta que o banco foi capaz de aumentar o número de contas aprovadas em 15%.
“A área de segurança não precisa mais ser encarada como um criador de barreiras ou um empecilho para o crescimento das empresas. Ela pode ser uma aliada no aumento da receita”, diz o executivo.
Segundo Ferraz, a Inloco tem atualmente uma perspectiva de fechamento de novos negócios que, se concretizados, equivalem a duas vezes o faturamento da empresa inteira em 2019 – quando a solução antifraude era responsável por apenas 10% da receita. “Os últimos cinco meses foram muito intensos, mas hoje temos um negócio muito maior. Fizemos o movimento contrário e estamos exportando tecnologia brasileira para o Vale do Silício.”
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