A Cybin, uma startup canadense focada no desenvolvimento de produtos farmacêuticos psicodélicos para tratar transtornos mentais, arrecadou C$ 45 milhões (US$ 34 milhões) em uma colocação privada, segundo anúncio feito pela empresa nesta semana.
A rodada financiará os testes clínicos da companhia para estudar como seu produto, um comprimido sublingual feito com um composto psicodélico alucinógeno que se dissolve na boca, pode tratar a depressão.
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“Financiamento não será um desafio nos próximos anos”, diz o CEO da Cybin, Doug Drysdale. “Temos o capital para nosso programa de Fase 2 e também para apoiar e acelerar novos projetos.”
Em dois negócios anteriores, a Cybin levantou US$ 10 milhões em capital. Em junho, a empresa anunciou um acordo para concluir a aquisição reversa da mineradora canadense Clarmin Explorations Inc. Depois que a transação for concluída, a Cybin planeja iniciar suas operações na NEO Exchange, a bolsa canadense.
Fundada em 2019 por um grupo de investidores e empreendedores de cannabis, Eric So, Paul Glavine e John Kanakis, a Cybin fez parceria com o fabricante de medicamentos farmacêuticos IntelGenx para produzir seus produtos a partir de cogumelos alucinógenos, ou psilocibina.
A Cybin decidiu fazer de seu produto Psilotonin um comprimido sublingual para que tivesse efeito rápido, já que as tradicionais cápsulas podem demorar até uma hora para começar a agir. “Vai ser quase tão rápido quanto a dosagem intravenosa, que é instantânea”, diz Drysdale. “Esperamos que demore apenas alguns minutos para fazer efeito.”
A psilocibina é uma triptamina que se liga ao receptor da serotonina 5-HT2A e causa alucinações intensas e experiências psicodélicas. Estudos de instituições acadêmicas, incluindo Johns Hopkins e Imperial College London, descobriram que as drogas psicodélicas têm um potencial significativo no tratamento de transtornos mentais, incluindo certos tipos de depressão.
Drogas como a Psilotonin e outros produtos em desenvolvimento por empresas – como a Compass e a MindMed – e organizações sem fins lucrativos, como Usona e a Associação Multidisciplinar de Estudos Psicodélicos (MAPS, na sigla em inglês), não serão para uso doméstico. A terapia psicodélica será assistida e exigirá que os pacientes sejam guiados ao longo da duração do efeito, de quatro a seis horas, no consultório de um terapeuta. Também exigirá várias sessões de terapia antes e depois do tratamento. Drysdale, que trabalha na indústria farmacêutica há 30 anos, diz que reduzir para início do efeito do medicamento vai diminuir também o tempo da sessão para os pacientes.
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O programa principal da Cybin tem como alvo o transtorno depressivo maior, também conhecido como depressão maior. A empresa planeja iniciar seu ensaio clínico de Fase 2 no início de 2021. O estudo, que deve ser conduzido em duas partes, será executado sob as diretrizes da FDA no Hospital da Universidade das Índias Ocidentais da Jamaica. A primeira parte da pesquisa identificará a dose correta de psilocibina em 40 pacientes, enquanto a segunda fase estudará a dose em 120 pacientes com transtorno depressivo maior. No total, 80 pacientes estarão serão medicados com o ativo, enquanto 40 pacientes receberão placebo. Se tudo correr bem, a Cybin pode conduzir um estudo de Fase 3 até 2022.
A psilocibina é o primeiro passo da empresa. Drysdale diz que, embora a substância seja promissora, há muito espaço para melhorias. Para isso, a Cybin também está desenvolvendo novos compostos alucinógenos, algo que outras empresas, como a Field Trip e a MindMed, também estão explorando. O executivo comentou que a Cybin está procurando maneiras de “otimizar” a experiência terapêutica ajustando a meia-vida de um composto psicodélico, o que poderia encurtar o período de transe do paciente em algumas horas.
“Estamos ansiosos para a próxima geração de moléculas”, diz ele. “Temos um novo grupo de estudo que já estamos trabalhando e que têm o potencial de melhorar a experiência do paciente.”
Para Drysdale, as substâncias não devem ser limitadas pelo uso da palavra “psicodélico”. Compostos como a psilocibina e o LSD, descobertos pela primeira vez pelo químico Albert Hofmann, de Sandoz, na Alemanha, em 1943, foram fabricados como produtos farmacêuticos por anos antes de serem proibidos. “As pessoas me perguntaram por que eu entrei nos psicodélicos. Eu não vejo dessa forma”, diz Drysdale. “São produtos à espera de serem desenvolvidos com base científica sólida por trás deles.”
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