Enquanto a pandemia continua a causar problemas e força paralisações pelo mundo, a economia digital tem apresentado um crescimento significativo. Negócios tradicionais lutam para se manterem em funcionamento, e empresas que possibilitaram o home office estão trabalhando duro para ficar em dia com as demandas. Mesmo com a esperança de uma vacina, as realidade de trabalho, compras e socialização remotos podem remodelar o comportamento humano para sempre. Essa mudança inesperada criou uma oportunidade para novas tecnologias, especialmente aquelas responsáveis por acelerar a entrega de mercadorias.
Segundo a Interesting Engineering, o conceito mais antigo de drone ou veículo aéreo não tripulado (VANT), data de 1849. Naquele ano, a Áustria lançou sobre a cidade de Veneza balões de ar quente não tripulados repletos de explosivos. No início da Primeira Guerra Mundial, avanços tecnológicos possibilitaram que um cientista britânico e o exército norte-americano desenvolvessem aeronaves controladas à distância. De uma hora para outra, os VANTs passaram de uma fantasia a uma tecnologia militar com potencial para geração de lucro.
Eu acompanho a tecnologia moderna de drones desde quando o exército dos Estados Unidos começou a desenvolver VANTs para reconhecimento. Esse foi um momento importantíssimo. O interesse global na tecnologia e no desenvolvimento de VANTs levou à produção de modelos mais sofisticados que poderiam voar por mais tempo e em maiores altitudes. Desde então, militares de todo o mundo continuaram a investir em tecnologias para drones. Mas foi apenas há cerca de dez anos que o conceito de produção de drones para fins comerciais finalmente pegou.
Em 2013, Jeff Bezos estimou que a Amazon faria entregas com drones a partir de 2018. Mesmo com esse prazo vencido e sem pacotes da Amazon caindo do céu, o interesse comercial por drones continua a crescer. A Business Insider Intelligence prevê que entregas da empresa feitas por VANTs valerão US$ 2,4 milhões em 2023, com um aumento anual estimado em 66,8%.
Ainda é cedo para dizer se a pandemia e suas consequências vão atrapalhar o mercado de drones. Mesmo assim, empresas de todo o mundo estão correndo para colocar em ação dispositivos que desempenhem atividades para empresas dos mais diversos setores, incluindo construção, agricultura, inspeção alimentícia e entrega de medicamentos. Veja alguns exemplos:
Entregas: o sonho de Bezo de pacotes da Amazon sendo entregues por drones está mais perto da realidade. Em agosto do ano passado, a empresa recebeu aprovação federal para operar sua primeira leva de entregas Prime Air. Enquanto isso, a Wing, serviço de entrega com drones da Alphabet, já opera em Christiansburg (Virginia) há um ano. O serviço sem contato, que fornece as entregas da Walgreens (CVS) para moradores e outras lojas locais, decolou durante a pandemia. Isso é um sinal de que drones poderão tomar conta das entregas no país enquanto houver necessidade de distanciamento social.
Delivery de comida: em San Diego, a Uber começou diversas entregas teste em parceria com o McDonald’s. Essa é apenas uma das empresas que está fazendo experimentos do gênero. No Alabama, espera-se que a Deuce Drone comece a realizar entregas da Buffalo Wild Wings e da rede de mercados Rouses Markets até o final deste ano. Em Dakota do Norte, golfistas recebem lanches graças ao serviço de entregas da Flytrex. A empresa também tem testes em andamento para entrega de refeições na Carolina do Norte. Esse deve se tornar uma das maiores apostas no segmento.
Entrega de medicamentos: no início do ano, a Zipline colocou seus drones em funcionamento para apoiar uma entrega de equipamentos de proteção individual para o Novant Health Medical Center, em Charlotte (Carolina do Norte). A empresa afirmou que essa foi a primeira operação logística de emergência para ajudar hospitais a combaterem a pandemia. Eventualmente, drones poderão entregar outros produtos hospitalares, como sangue, vacinas e doação de órgãos. Isso pode fazer toda a diferença, principalmente em lugares remotos com acesso restrito à assistência médica.
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Grande parte dos elementos necessários para viabilizar o amplo uso de drones para os mercados de consumo e de empreendimentos estão disponíveis. Esses elementos incluem tamanho do drone, sistemas de navegação avançados, geolocalização, capturas de imagens 2D e 3D e inteligência artificial. Conheça algumas empresas que habilitam as mais modernas tecnologia para drones:
A Skydio criou um sistema de inteligência artificial que introduz o aprendizado e a tomada de decisões ao tornar autônomas as rotas dos voos.
A Volansi é uma desenvolvedora de soluções logísticas para entregas autônomas com drones.
A DroneDeploy oferece mapeamento de drones em nuvem e plataformas de análises.
A ALBORA Technologies fornece serviços modernos de geolocalização para drones.
Ainda existem alguns desafios que devem ser superados para que os drones se espalhem pelos céus. São eles:
Melhor segurança cibernética para evitar ataques de hackers e sequestros;
Processos com aprovação das agências de aviação;
Habilidade de carregar cargas com pesos assimétricos, com desenvolvimento de equilíbrio inteligente;
Melhorar o design dos drones para evitar falhas nas rotas;
Desenvolver braços robóticos para recebimento e entrega de mercadorias;
Fazer várias entregas no mesmo voo.
Startups estão de olho em drones há algum tempo, mas as demandas da economia do isolamento social tornaram esse mercado ainda mais urgente. Nos próximos anos, os avanços em robótica e inteligência artificial vão aperfeiçoar a tecnologia dos drones e permitirão que eles, de fato, desempenhem tarefas que são indesejáveis ou perigosas para seres humanos. Os drones vieram para ficar. Estamos no início dessa curva tecnológica que vai impactar quase todos os setores da economia. Meu conselho é que os empreendedores invistam nos céus.
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