Em 2019, a taxa de empreendedorismo total no Brasil foi de 38,7%, de acordo com um estudo do GEM (Global Entrepreneurship Monitor) feito em parceria com o Sebrae. O levantamento revelou, ainda, que o interesse do brasileiro em abrir o próprio negócio aumentou de 18% em 2015 para 33% em 2019. E esse índice certamente aumentou ainda mais no ano passado.
Diante da pandemia de Covid-19, milhares de desempregados e trabalhadores informais recorreram à abertura de MEIs – categoria para microempreendedores individuais, com taxas de impostos mais atraentes – para conduzir negócios próprios e buscar uma nova fonte de renda. De acordo com o boletim do Observatório MPE (Micro e Pequena Empresa) divulgado pelo Sebrae, foram registrados 2.659.798 novos cadastros do tipo em 2020, o que representa um aumento de 8,2% em relação aos 2.457.977 do ano anterior. Em 2018, o número era ainda menor, com 1.988.160 cadastros abertos no ano.
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Porém, mesmo com a expansão do empreendedorismo no Brasil, as regiões periféricas ainda enfrentam a escassez de recursos financeiros, tecnológicos e de capacitação profissional. Nesse contexto, a EDP, empresa global de energia elétrica, uniu-se ao Instituto das Pretas, laboratório de inovação e tecnologia social, para criar o 1º Desafio EDP de Empreendedorismo Periférico, que tem o objetivo de potencializar mulheres e ajudá-las a superar alguns dos desafios enfrentados pela periferia, principalmente de geração e circulação de renda.
Idealizado por Priscila Gama, CEO do Das Pretas, o projeto vai selecionar 20 negócios liderados por mulheres em regiões periféricas dos estados do Espírito Santo e São Paulo para participar das facilitações, mentorias e co-criações em uma aceleração de três meses. No final do processo, as empreendedoras irão defender as soluções e os negócios criados diante de um júri popular (nas redes sociais) e de um júri técnico e as três finalistas serão premiadas com R$ 10 mil e um notebook (1º lugar), R$ 7 mil (2º lugar) e R$ 5 mil (3º lugar).
“Antes da pandemia, a periferia já não estava na mesma página do mercado no que diz respeito ao letramentos tecnológico e de gestão de negócios. Com a crise sanitária, a dificuldade de sustentar o negócio ficou ainda mais evidente. Não é só sobre criar. Existe um passo que é tão ou mais importante, que é manter o negócio e viver dele”, afirma Priscila. Com o desejo de ajudar as pessoas a inovarem e construir soluções para os próprios negócios, a CEO levou, em janeiro de 2021, a proposta do desafio à EDP, na expectativa de captar investimentos para empreendimentos periféricos e, mais do que isso, apresentar as ferramentas para que o dinheiro seja transformado em impacto social, conhecimento e retorno financeiro para as empresas.
“A EDP trabalha com algumas dimensões no ambiente interno e externo para promover a diversidade, desde sensibilização, segurança psicológica e desenvolvimento das pessoas da companhia à cadeia de valor, capacitação e empreendedorismo. O desafio tem tudo a ver com a nossa estratégia de ações afirmativas”, afirma Fernanda Pires, vice-presidente de pessoas e ESG da EDP Brasil.
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Com uma jornada imersiva, o programa vai orientar e instrumentalizar as participantes para a estruturação e sustentabilidade de seus negócios, estimulando o processo criativo e o desenvolvimento de soluções frente às dores vividas por elas. Para possibilitar o acesso e permanência na imersão laboratorial, todos os negócios participantes receberão uma bolsa permanência de R$ 400 e um kit com material didático e equipamentos que promovam a conexão entre experiência, pertencimento, aprendizado, transformação e construção de futuros possíveis para as contempladas.
“Quando você mostra uma iniciativa como essa para uma empresa do porte da EDP e ela entende que não está fazendo caridade, mas investimento social numa transformação, isso acaba sendo representativo para o mercado. O que a empresa está fazendo é construir futuros no presente”, argumenta Priscila.
Ao participar do programa, a companhia de energia movimenta o mercado para investir cada vez mais na agenda social, estimulando outras empresas a também atuarem com foco na representatividade e na transformação cultural por meio da inovação. Com a missão de enfrentar as violências contra a juventude e as mulheres negras através da construção de soluções de impacto social nas áreas de cultura, educação, empreendedorismo e tecnologia, o Instituto das Pretas acrescenta à iniciativa um olhar holístico para as causas, potencializando a pluralidade e a individualidade dos parceiros. “Para mim, esse diálogo é um avanço nos cases de pertencimento em geração de impacto entre grandes empresas e a sociedade brasileira”, pontua Priscila.
“Quando a gente promove uma formação em inovação e tecnologia para mulheres empreendedoras em situação de vulnerabilidade, reforçamos também o compromisso de entender a inovação como ferramenta de transformação social, potencializando negócios liderados por grupos minoritários”, continua Fernanda. Juntas, as empresas vão promover rearranjos econômicos para o enfrentamento dos impactos da Covid-19, mas também de antes dela. As mentorias ajudarão as participantes a definirem prioridades, planejar e construir um plano de aplicação, entendendo que a existência e a subsistência das empreendedoras também fazem parte do negócio.
Com as inscrições abertas desde 8 de março, o desafio já recebeu mais de 200 candidatas. Possuem prioridade mulheres negras, indígenas, acima de 35 anos, mães solo e população LGBTQ+. As inscrições para o programa vão até hoje (18) no final do dia.
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