A proposta da InfoPreta é clara: incluir pessoas negras, LGBTQ+ e mulheres no mercado de tecnologia. Fundada em 2013 por Akin Abaz, a empresa oferece assistência técnica de software e hardware de computadores de todas as marcas para clientes da cidade de São Paulo, e alia a geração de lucro à criação de projetos sociais de impacto.
Tudo começou em 2011, quando Abaz, formado em eletrônica, automação industrial e ciências da computação pelo Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), começou a consertar equipamentos no seu próprio quarto. Jovem de periferia, criado na zona leste de São Paulo, ele lembra que até tentou trabalhar em empresas que já estavam estabelecidas no mercado. No entanto, sem oportunidades, decidiu abrir o próprio negócio para aumentar a renda e ajudar a pagar as contas de casa.
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“Quando eu comecei a empresa, nem computador eu tinha. A primeira pessoa que eu atendi foi o meu professor de inglês. Eu lembro até hoje quando consegui consertar a máquina dele, foi emocionante. Eu tremia e demorei quase três horas para trocar a tela. Hoje, faço isso em 15 minutos”, conta. Curioso por natureza e apaixonado por montar, desmontar e entender o funcionamento de toda e qualquer bugiganga, Abaz encontrou na InfoPreta uma forma de depositar toda a sua criatividade e, ao mesmo tempo, combater as desigualdades sociais.
Para isso, criou o projeto “Notes Solidários da Preta”, que doa notebooks em bom estado para estudantes de baixa renda que estão cursando o ensino superior. A iniciativa garantiu à empresa o terceiro lugar no prêmio do W20 Summit 2017, um evento organizado pelo bloco G20 em Berlim que reconheceu iniciativas para incluir as mulheres no mundo da tecnologia.
Abaz explica que sentiu na pele a diferença de tratamento do mundo corporativo no que diz respeito ao gênero. Homem trans, ele ainda não tinha passado pelo processo de transição nos primeiros anos de operação da InfoPreta. “É muito diferente estar à frente dessa empresa como homem e comparar com o passado, quando eu era visto como mulher. É um divisor de águas. Antes, eu tinha que mostrar mil vezes o que a empresa conseguia fazer para ter um voto de confiança. Agora, depois da transição, basta falar para ter credibilidade. É totalmente diferente”, garante.
Além do programa de doação de notebooks, a empresa também direciona computadores, tablets e celulares para que instituições de ensino possam oferecer aulas de robótica e programação, além de ajudar no reforço e continuidade do aprendizado dos alunos. “A InfoPreta é uma empresa de tecnologia, mas também de educação. Tudo que a gente conserta e consegue deixar em bom estado, doamos para instituições de ensino superior”, afirma Abaz.
Pensando também na preservação do meio ambiente, a InfoPreta, em parceria com a Coopermiti, especializada na reciclagem de eletroeletrônicos, e a Metareciclagem, que trabalha com logística reversa e cultura maker, desenvolveu um projeto de descarte consciente de lixo eletrônico. Tudo que chega na empresa, passa por uma seleção e é distribuído para a reciclagem correta e sustentável.
Localizada em Pinheiros, a empresa prioriza pessoas negras, LGBTQ+ e mulheres e capacita aqueles que ainda não têm experiência no mercado. “A gente escolhe profissionais que a sociedade geralmente não enxerga. Primeiro, ensinamos a fazer o atendimento e a conversar [com os clientes]. Depois, eles entram na parte da tecnologia propriamente dita, aprendendo a fazer o suporte técnico dos equipamentos, programação e desenvolvimento de software, entre outras funções. Inserimos as pessoas na tecnologia começando do básico”, explica o CEO.
Desde 2013, a empresa já atendeu mais de 40 mil clientes e reúne 25 colaboradores especializados na desinfecção de vírus, limpeza dos sistemas operacionais, substituição de peças, upgrade de processamento e consultoria para empresas de pequeno e médio portes que atuam com a missão de promover o conhecimento, oportunidades e formação.
Com uma equipe formada por 95% de negros, Abaz garante que a base de tudo é o respeito mútuo. “O cenário da tecnologia para os grupos minoritários melhorou bastante, mas ainda falta muito para avançar. É confortável estar na InfoPreta porque a gente começa a se ver como ser humano. É muito mais que uma empresa de tecnologia, é uma espécie de centro de acolhimento de pessoas que são invisibilizadas.”
Hoje, aos 26 anos, Abaz quer expandir ainda mais os projetos solidários e os trabalhos de impacto positivo nas comunidades, além de investir em programas de jovem aprendiz para capacitar mais pessoas na área de tecnologia. A empresa avança no mercado como um motor na luta pela inclusão social e digital de minorias, criando soluções para tornar a tecnologia cada vez mais acessível para todos.
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