O ano de 2020 foi desafiador para diversos setores da economia. Um dos mais atingidos foi o da educação, que teve de fechar as salas de aula para respeitar o isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19. Mesmo diante de um cenário tão desafiador, a Ânima Educação, organização que coordena mais de 15 instituições de ensino no Brasil, fechou o ano passado com uma receita líquida de R$ 1,4 bilhão, um crescimento de 20,4% em comparação a 2019. E parte do crédito para essa performance é atribuída à adoção da tecnologia em todas as pontas do negócio – incluindo a administração das faculdades.
Das ferramentas utilizadas pelos alunos para assistir às aulas e interagir com os professores aos sistemas de gestão financeira e de vendas, no chamado back-office, todos os processos da Ânima Educação estão passando pela fase de integração à nuvem. A transição dos servidores físicos para o sistema de cloud fornecido pela Oracle, no entanto, já tinha começado em 2019 como parte do plano de transformação digital do negócio, meses antes da pandemia de Covid-19 fechar as escolas.
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Na primeira etapa, o grupo educacional passou todos os dados de seu servidor para a nuvem e integrou todas as plataformas utilizadas no dia a dia pelos alunos ao novo sistema de processamento e armazenamento. “Foi uma decisão muito estratégica porque nos deu capacidade, flexibilidade e confiabilidade enquanto reconstruíamos toda nossa arquitetura de sistemas”, conta a vice-presidente de transformação digital da Ânima Educação, Patrícia Fumagalli.
Essa mudança na infraestrutura acabou preparando a companhia para o que viria em seguida, não só em relação à pandemia, mas também às movimentações financeiras do grupo, que resultaram num aumento expressivo no número de alunos e professores plugados aos sistemas. Por conta de dois follow-ons bem-sucedidos no ano passado, um em janeiro e outro em novembro, a organização levantou mais de R$ 2 bilhões em recursos para aquisições de outras instituições do setor. Com isso, o grupo chegou a 140 mil alunos no final do ano, responsáveis por acompanhar, simultaneamente, quase 4.000 aulas por dia.
Patrícia conta que, antes da adoção da nuvem, a situação estava muito próxima do limite. “Costumávamos brincar que, se a gente comprasse mais alguma escola, não ia caber no sistema”, diz. “Então, essa nova arquitetura resolveu um gargalo da nossa operação com muita flexibilidade, já que usamos a infraestrutura conforme a demanda.” A gestão do dia a dia, segundo ela, ficou muito mais simples e, desde a integração aos novos servidores, os picos de demanda por processamento, ocasionados por conta de vestibulares e provas online dos alunos matriculados, nunca sobrecarregaram a operação ou causaram problemas.
No horizonte, mais um teste importante para o poder de processamento e flexibilidade da infraestrutura tecnológica da Ânima: na última sexta-feira (23), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a compra da Laureate, controladora das universidades Anhembi Morumbi e FMU, em uma transação de R$ 3,7 bilhões, além de R$ 623 milhões em dívidas assumidas. Isso significa que, muito em breve – ainda faltam 15 dias para a transação ser validada em definitivo pelo Cade -, milhares de novos alunos farão parte do sistema de ensino digital da companhia.
Para completar, o grupo se prepara para uma nova fase em sua estratégia de transformação digital, conforme Patrícia adiantou com exclusividade à Forbes. Neste mês, a Ânima pretende levar todo o seu sistema de gestão contábil, fiscal, jurídico e de vendas para a nuvem também, mais uma vez em parceria com a Oracle, por meio do sistema de ERP em nuvem da gigante de tecnologia.
TECNOLOGIA NO CENTRO DE TUDO
Embora já estivesse no processo de adoção da nuvem, isso não quer dizer que a Ânima tenha ficado isenta dos desafios impostos pela Covid-19. Por conta dela, os investimentos em tecnologia foram 60% maiores em 2020 do que no ano anterior. A perspectiva, diz Patrícia, é dar prosseguimento à estratégia e aumentar os aportes em novas soluções. “Este ano já estamos próximos de 70% a mais de investimentos quando comparamos com o ano passado”, diz.
As provas de vestibular são um exemplo da necessidade de novas tecnologias acarretada pela pandemia. Na impossibilidade de realizar as provas no modelo tradicional, ou seja, fisicamente, a Ânima Educação desenvolveu um sistema específico para verificar se o candidato estava realizando a prova sem nenhum tipo de consulta. “Em 2020, nós rodamos o vestibular inteiro com reconhecimento facial durante toda a duração da prova”, conta Patrícia.
Outro investimento em tecnologia realizado no ano passado foi dedicado especificamente ao braço de educação em medicina do grupo, a Inspirali. Parte das disciplinas da graduação contou com aulas realizadas por meio de realidade virtual e realidade aumentada, providenciados pela startup MedRoom, que foi adquirida pela Ânima Educação em novembro de 2020. Graças à tecnologia, os alunos aprenderam a investigar o corpo humano sem sair de casa.
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