O recorde de maior investimento já recebido por uma startup brasileira foi atualizado. Após uma série D de US$ 425 milhões (R$ 2,3 bilhões) no final do mês passado, a Loft decidiu adicionar um pouco mais de gasolina no tanque. Conforme adiantado com exclusividade à Forbes, a proptech levantou mais US$ 100 milhões (R$ 550 milhões) em uma extensão da recém-anunciada rodada para acelerar a contratação de talentos e consolidar seus planos de expansão geográfica no Brasil.
Liderada pelo fundo de venture capital Baillie Gifford, conhecido por ter um número considerável de ações em empresas como Alphabet, Mercado Livre e Tesla, a “segunda parte” da série D também eleva o valuation da Loft, que passa a ser de US$ 2,9 bilhões (R$ 15,9 bilhões), ante os US$ 2,2 bilhões (R$ 12,1 bilhões) negociados no final do mês passado. Com isso, a proptech acelera seu crescimento em valor de mercado, que quase triplicou desde janeiro de 2020, quando a companhia virou unicórnio, avaliada em US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões) após sua série C.
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Com esse novo aporte, a Loft totaliza US$ 788 milhões (R$ 4,3 bilhões) em investimentos desde a sua fundação em 2018. Além do dinheiro no caixa, a startup também fica com um quadro de investidores recheado, que conta com fundos de private equity e venture capital globais, como, por exemplo, Andreessen Horowitz, D1 Capital, Monashees, QED Investors, Tiger Global e Vulcan Capital.
Em entrevista à Forbes, o CEO e cofundador da Loft, Mate Pencz, avalia a importância de ter investidores de renome apoiando a companhia. “Nos aproximamos daqueles que não só estão dispostos a investir recursos, mas também querem ser grandes parceiros de negócios da Loft no longo prazo”, diz.
RELAÇÕES COM INVESTIDORES
A maioria dos investidores que se juntaram ao grupo de 15 fundos que hoje apoiam a companhia focam em organizações de capital aberto, o que faz diferença na preparação da empresa para fazer sua própria Oferta Pública Inicial (IPO). “Queremos que [os investidores atuais] nos acompanhem nessa jornada de transformação do mercado imobiliário e nos ajudem, quem sabe, até numa possível abertura de capital,” aponta.
“Estes fundos têm o mesmo perfil de fundo que faria um follow-on na Loft se estivéssemos na bolsa. Conseguimos trazer o melhor dos dois mundos com essa nova rodada”, aponta o cofundador. “Nossas interações com [investidores] são muito parecidas com o que teríamos se fôssemos uma empresa de capital aberto.”
O quadro de investidores da startup é um dos fatores que explica a facilidade de captar recursos, que iniciou uma espécie de ciclo virtuoso. “Os que estão envolvidos com a companhia não possuem capacidade apenas de continuar investindo, mas de duplicar e até triplicar seus aportes, com um grande poder de capital”, afirma Pencz. “Criamos uma espécie de ‘conselho’, de pessoas que acreditam na Loft e que podem continuar nos ajudando a crescer.”
A arrecadação de US$ 425 milhões, no final do mês passado, levantou questões sobre por quais razões a Loft não decidiu por um IPO, ao invés de recorrer ao mercado privado de capitais. Com a adição de mais US$ 100 milhões, provavelmente a dúvida persistirá, mas, segundo Pencz, a proptech continuará como uma empresa privada, pelo menos por enquanto. “Ser uma empresa privada te permite ser mais rápido e ágil em muitos aspectos”, afirma. “Com a velocidade que o mercado imobiliário tem mudado, e o quão rápido queremos investir em novas soluções, decidimos manter como está.”
PLANOS PARA 2021
A estratégia da empresa, no entanto, não irá mudar. A Loft ainda quer aumentar o número de serviços digitais disponibilizados em sua plataforma, assim como o portfólio de imóveis disponíveis dentro de seu marketplace. Agora, o momento é de pisar o pé no acelerador. “Vamos fomentar diversas iniciativas já planejadas, mas agora com mais intensidade e agressividade”, diz Pencz. “O momento é mais de acelerar a estratégia existente do que aumentá-la.”
Parte da série D captada pela proptech será direcionada para contratações, dentro e fora do Brasil, possibilidade ampliada pela operação, predominantemente remota desde o início da pandemia em março de 2020. “Para acelerar o nosso crescimento e o processo de digitalização do mercado imobiliário, vamos precisar de pessoas”, afirma Pencz. “Isso significa que iremos recrutar de maneira agressiva e abrir muitas vagas de trabalho”. Segundo o executivo, grande parte dos postos serão para o time de tecnologia e, por conta disso, a empresa olhará profissionais disponíveis no mercado internacional.
A expansão geográfica do marketplace é outra estratégia que receberá muita atenção nos próximos meses. Além de se fortalecer nos mercados em que já atua, nas cidades do Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), ampliando o número de ofertas de imóveis – hoje, são mais de 15 mil na plataforma -, a proptech quer chegar a pelo menos mais três capitais até o final do ano. De acordo com Pencz, Brasília, Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba são algumas das candidatas.
COPO MEIO CHEIO
A pandemia de Covid-19 no Brasil trouxe consigo, em uma perspectiva econômica, duas faces de uma mesma moeda. Ao mesmo tempo que forçou a digitalização dos negócios, também inflamou a desigualdade social, a pobreza e o desemprego. Para Pencz, a Loft quer pensar no copo meio cheio. “Eu sou um eterno otimista, talvez não seja a melhor pessoa para falar sobre isso [a crise sanitária], mas tanto nós, os fundadores, como os investidores estamos cientes da situação e das dificuldades”, afirma.
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O executivo da proptech crê em uma maior digitalização da economia neste ano e prevê que, no médio e longo prazo, os investidores internacionais enxergarão os benefícios de apostar nas startups brasileiras. “Nós veremos grande parte do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil passando do analógico para o digital”, afirma. “Pode demorar um pouco, mas é inevitável, vai ocorrer”. Para ele, este momento pode ser a oportunidade de a tecnologia aumentar a inovação em setores tradicionais no Brasil.
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