Os NFTs, também conhecidos como Non-Fungible Tokens (Tokens Não Fungíveis, em português), ganharam destaque nas últimas semanas por conta do alto valor de algumas transações envolvendo este tipo de ativo. De acordo com o banco de dados Crypto Art Data, o mercado de artes digitais comercializadas por meio de criptografia já movimentou US$ 493 milhões desde 2018 em mais de 175 mil movimentações financeiras, uma média de US$ 2.818 por obra vendida por meio dessa categoria de operação.
As grandes movimentações financeiras envolvendo NFTs só são possíveis por conta do blockchain, tecnologia que registra e valida transações feitas em criptomoedas, como o bitcoin e o ethereum, por meio de uma rede descentralizada. Ao utilizar esse grande cartório virtual, artistas e entusiastas geram tokens, uma espécie de “carimbo” codificado, que identifica um artigo digital, seja ele uma obra, uma música ou até mesmo um meme, como único e original.
O artista norte-americano Beeple, por exemplo, arrecadou US$ 69 milhões em um leilão no início do mês passado com sua obra digital “Everydays: the First 5000 Days”. Mas, embora as principais transações envolvendo esse novo ativo girem mesmo em torno de obras digitais, elas não se limitam exclusivamente a elas. Uma coluna do “New York Times”, o primeiro tuíte da história e o famoso meme “Nyan Cat” também foram comercializados por seus donos utilizando o novo recurso.
“Essa tecnologia criou uma nova categoria de ativos, que podem ser codificados e verificados”, afirma o sócio do fundo de venture capital 1confirmation e criador do banco de dados Crypto Art Data, Richard Chen, em entrevista à Forbes. Para ele, os NFTs vieram para ficar e devem possibilitar novas oportunidades. “Seus usos [da criação de “selos” para artigos digitais] não se aplicarão apenas às artes, mas também a outros mercados, como o imobiliário e o financeiro.”
A possibilidade de extensão dessa tecnologia para outras áreas é o que chamou a atenção dos empreendedores Lucas Mayer e Janara Lopes, que decidiram criar a primeira plataforma de compra e venda de música brasileira com base em NFTs: a Phonogram.me. “É uma forma de desburocratizar a vida do músico, que foram os primeiros a parar com a pandemia de Covid-19 e, provavelmente, serão os últimos a voltar”, diz Janara. “A gente não sabe até onde o NFT vai chegar. Deve começar como algo colecionável, mas as possibilidades técnicas são inúmeras e isso vai impactar diversos outros mercados.”
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Lançada neste ano, a plataforma ainda está em fase de testes, mas já tem o seu modelo de negócios traçado. Para os músicos, pretende ser uma forma de renda extra, possibilitando a negociação das participações dos artistas em fonogramas com os fãs. No caso dos usuários finais, a ideia é torná-los “sócios” de seus cantores e bandas favoritos, oferecendo recompensas e benefícios pelas transações realizadas.
Seja para obras de arte, memes, colunas ou tuítes, os NFTs têm sido comercializados em pelo menos uma dezena de plataformas, como Nifty Gateway, MakersPlace ou Rarible, sempre utilizando-se do ethereum.
Confira, na galeria de fotos a seguir, as 10 aquisições mais caras da história envolvendo NFTs:
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Reprodução 1. “Everydays: the First 5000 Days”
Artista: Beeple
Último lance: 11 de março de 2021
Preço: US$ 69 milhões (33 mil ETH)A obra é do artista Mike Winkelmann, conhecido profissionalmente como Beeple. Ele fotografou todos os dias, de 1° de maio de 2007 a 7 de janeiro de 2021, e juntou as imagens em uma obra, o NFT mais caro já vendido até hoje.
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Reprodução 2. “CryptoPunk #3100”
Artista: Larva Labs
Último lance: 11 de março de 2021
Preço: US$ 7,58 milhões (4,2 mil ETH)O projeto CryptoPunks, encabeçado pelo Larva Labs e seus fundadores John Watkinson e Matt Hall, utilizou algoritmos para criar uma coleção de 10 mil obras de artes em um tamanho padrão de 24 pixels por 24 pixels. As imagens trazem personagens em um estilo que mistura o retrô com o punk. O CryptoPunk de número 7.804 foi vendido no último mês por US$ 7,5 milhões.
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Reprodução 3. “CryptoPunk #7804”
Artista: Larva Labs
Último lance: 11 de março de 2021
Preço: US$ 7,57 milhões (4,2 mil ETH)Do mesmo projeto CryptoPunks, do Larva Labs, a obra número 7.804, que traz um personagem de boina com um cachimbo na boca, é a terceira arte digital mais cara da história. O NFT foi vendido no último mês por US$ 7,57 milhões pelo CEO da plataforma Figma, Dylan Field.
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Reprodução 4. “Crossroads”
Artista: Beeple
Último lance: 25 fevereiro de 2021
Preço: US$ 6,6 milhões (3 mil ETH)Mediante as incertezas provocadas pelas eleições norte-americanas do ano passado, na qual o republicano Donald Trump enfrentou o democrata Joe Biden pela presidência dos Estados Unidos, o artista Beeple decidiu leiloar um vídeo intitulado “Crossroads”, que teria duas versões, uma para cada cenário decorrente da votação. Com a vitória de Biden, o NFT assumiu sua forma final, mostrando Trump derrotado, caído no chão. A obra foi negociada no dia 25 de fevereiro pelo valor de US$ 6,6 milhões.
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Reprodução 5. “Ocean Front”
Artista: Beeple
Último lance: 20 de março de 2021
Preço: US$ 6 milhões (2,9 mil ETH)O trabalho, supostamente, fazia parte de “Everydays”, mas foi vendido separadamente. A ideia do artista era transmitir o atual desafio da mudança climática da Terra.
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Reprodução 6. Tuíte de Jack Dorsey
Autor: Jack Dorsey
Último lance: 22 de março de 2021
Preço: US$ 2,9 milhões (1,6 mil ETH)Os lances dos interessados no primeiro tuíte do polêmico fundador do Twitter Jack Dorsey, de 21 de março de 2006, cresceram após algumas semanas no mercado. O leilão foi encerrado no 15º aniversário do tuíte. No dia seguinte, o bilionário apresentou o recibo da doação feita no valor do negócio à ONG GiveDirectly, que combate a pobreza e a fome no mundo. O montante foi repassado para a campanha “Africa Response”, que pretende ajudar famílias no continente africano.
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Reprodução 7. “Death Dip”
Artista: XCOPY
Último lance: 24 de março de 2021
Preço: US$ 2 milhões (1 mil ETH)O artista londrino XCOPY trabalha exclusivamente com NFTs. Toda a sua carreira foi dedicada à venda de artes digitais em plataformas, como, por exemplo, SuperRare, Nifty Gateway e Rarible. A obra “Death Dip”, que aborda a morte, distopia e apatia, é a sua mais cara comercializada por meio do blockchain.
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Reprodução 8. “CryptoPunk #6965”
Artista: Larva Labs
Último lance: 19 de fevereiro de 2021
Preço: US$ 1,5 milhão (800 mil ETH)Da mesma coleção de 10 mil retratos do Larva Labs, o CryptoPunk de número 6.965 é o terceiro mais caro do projeto, comercializado por US$ 1,5 milhão em fevereiro deste ano. A obra traz um chimpanzé com chapéu de pescador.
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Reprodução 9. “Gunky’s Uprising”
Artista: SSX3LAU
Último lance: 28 de março de 2021
Preço: US$ 1,3 milhão (646 ETH)SSX3LAU é uma colaboração entre o DJ 3LAU, também conhecido como Justin Blau, e o artista visual Slime Sunday. A coleção “Iridescent” consiste em peças audiovisuais que combinam a música inédita de 3LAU e a animação hipnotizante de Slimesunday.
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Reprodução 10. “Metarift”
Artista: Pak
Último lance: 20 de março de 2021
Preço: US$ 1 milhão (489 ETH)Obra mais cara já vendida do artista Pak, de quem não se sabe a identidade. Sem uma conclusão certa, há quem diga que ele não é uma pessoa física, mas uma inteligência artificial desenvolvida por engenheiros.
1. “Everydays: the First 5000 Days”
Artista: Beeple
Último lance: 11 de março de 2021
Preço: US$ 69 milhões (33 mil ETH)
A obra é do artista Mike Winkelmann, conhecido profissionalmente como Beeple. Ele fotografou todos os dias, de 1° de maio de 2007 a 7 de janeiro de 2021, e juntou as imagens em uma obra, o NFT mais caro já vendido até hoje.
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