A empresa de soluções para processamento de pagamentos Ebanx anunciou hoje (7) uma “dança das cadeiras” em toda a alta liderança da companhia. O movimento busca fortalecer a governança e aumentar a eficiência operacional da empresa, rumo a uma possível abertura de capital nos Estados Unidos. No entanto, o IPO da fintech fundada há quase uma década não deve acontecer antes de uma nova rodada de investimento, prevista para este ano.
O anúncio do Ebanx coloca o cofundador e ex-COO (Gerente-Executivo de Operações) João Del Valle como o novo CEO da companhia. Com isso, quem ocupava este cargo há nove anos, o cofundador Alphonse Voigt, passará para o cargo de presidente-executivo, chefiando o conselho administrativo da empresa. O último cofundador da fintech, Wagner Ruiz, deixa o posto de CFO (Gerente-Executivo de Finanças) e passa a cuidar de assuntos regulatórios e de compliance como o novo CRO (Gerente-Executivo de Riscos). Quem assume o financeiro da empresa é o recém-contratado Alexandre Dinkelmann, ex-BTG e ex-Totvs.
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As mudanças devem trazer benefícios para a organização interna do Ebanx, o que a prepara para os eminentes desafios que surgem com a expansão agressiva na América Central e América do Sul, conta Del Valle, o novo CEO da empresa, em entrevista à Forbes. “Queremos acelerar nossas operações locais na América Latina”, afirma. “Não queremos ser apenas uma empresa de cross border [processamento de pagamentos internacionais], como focamos no passado, mas em tudo que envolva pagamentos, especialmente para grandes companhias.”
PLANOS FUTUROS
A expansão para a América do Sul e a América Central é o foco principal para o crescimento da fintech. Para sustentar o ritmo acelerado, porém, outro ponto a ser explorado pelo Ebanx deve ser o da capitalização. “A nossa prioridade é aumentar o número de clientes e o nosso volume [de processamento de pagamentos]. Esse é o negócio principal”, diz Del Valle. “Além disso, queremos realizar M&As [fusões e aquisições], que podem estar relacionadas ou não com futuros investimentos.”
O último aporte recebido pelo Ebanx ocorreu em outubro de 2019, quando o fundo norte-americano FTV Capital aplicou um valor não divulgado dentro da fintech. Naquela oportunidade, o valor de mercado da companhia atingiu o patamar de US$ 1 bilhão, tornando-a um unicórnio. Antes disso, em janeiro de 2018, o mesmo FTV Capital, em conjunto com a Endeavor Catalyst, investiu US$ 30 milhões na empresa.
“Nós estamos muito próximos dos investidores, que acreditam na saúde financeira e na lucratividade do Ebanx desde o nosso último aporte”, diz Del Valle. Perguntado sobre a possibilidade de uma nova injeção de recursos ainda este ano, o executivo afirmou que uma nova captação pode estar chegando para a fintech. “[Teremos um novo investimento] muito provavelmente ainda em 2021.”
Sobre a possibilidade de um IPO (Oferta Pública Inicial), que já foi um desejo manifestado em outras oportunidades pelos executivos do Ebanx, Del Valle afirma que a ideia está mais madura na cabeça do C-Level. “Nós queremos ser uma empresa preparada para o IPO”, diz. “Queremos conduzir a companhia com níveis de governança aderentes aos padrões do mercado público.”
OPORTUNIDADE NA AMÉRICA LATINA
O esforço principal do Ebanx para crescimento em 2021 será na expansão rápida de todos os seus produtos de pagamentos para os países da América Latina, segundo Del Valle. No momento, a companhia já está com operações completas em nove países – Brasil, México, Colômbia, Argentina, Chile, Peru, Bolívia, Uruguai e Equador – e deve chegar a mais seis – Costa Rica, Paraguai, El Salvador, Panamá, Guatemala e República Dominicana – até o final deste semestre.
Para Del Valle, a região vive um bom momento para negócios digitais, principalmente por conta dos resultados do e-commerce, que foram impulsionados pela pandemia de Covid-19. “O número de consumidores digitais cresceu imensamente no ano passado”, afirma. “Enxergamos isso como uma oportunidade para os nossos clientes, de eles captarem novos clientes.” Em 2020, segundo estimativas do banco de dados Statista, a América Latina gerou US$ 83,63 bilhões em vendas no comércio eletrônico.
A fintech fechou o ano de 2020 com mais de 145 milhões de compras processadas de aproximadamente 1.000 clientes globais. O número representou um crescimento de 38% sobre o ano de 2019. Sem considerar o Brasil, levando em conta apenas os países da América Latina, a alta no número de transações gerenciadas foi de 200%. Segundo a companhia, o número de usuários de todas as empresas atendidas por seus serviços ultrapassa os 70 milhões na região.
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