A Polaris Quantum Biotech está reinventando a descoberta de medicamentos, reduzindo de três anos para quatro meses o tempo que se leva para encontrar moléculas candidatas para o desenvolvimento de remédios. Assim como outros esforços bem-sucedidos para redesenhar processos, a startup aposta na escalabilidade e automação. Cofundada por Shahar Keinan e Bill Shipman, a empresa deixou de trabalhar em sigilo há um ano, revelando a primeira plataforma de descoberta de medicamentos usando um computador quântico, capaz de escanear de forma econômica bilhões de moléculas de um grande espaço químico.
Com experiência em trabalhos na indústria de desenvolvimento de medicamentos por anos, os fundadores da Polaris decidiram tentar resolver os dois principais desafios que identificaram: a tecnologia usada nos processos e o modelo de negócios. “Queríamos resolver esses dois problemas juntos”, disse a CEO da Polaris, Shahar Keinan.
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No que diz respeito à tecnologia, a solução foi utilizar computação quântica, em vez de computadores clássicos, para acelerar o processo. Em termos de modelo de negócios, em contraste com os laboratórios de pesquisa (ou Organizações de Pesquisa por Contrato) que fornecem descoberta molecular como um serviço para grandes empresas farmacêuticas, a Polaris está licenciando suas descobertas. Segundo Keinan, com este padrão é necessário criar um portfólio variado para “diversificar seu risco”. No caso analisado, diversidade é definida como a doença-alvo, a proteína específica que se busca atingir e, até mesmo, o mecanismo de entrega.
Com base em referências da indústria, de um total de 100 ativos (ou seja, planos de medicamentos), entre um a cinco serão usados em um remédio que será vendido comercialmente. Entre 75 e 80 podem chegar aos testes clínicos. No entanto, normalmente esse número pode ser reduzido para não mais do que 25 nas fases de teste subsequentes. A Polaris é paga em cada estágio da jornada do medicamento até o mercado e recebe cada vez mais conforme ultrapassa os obstáculos com sucesso.
Os principais compostos que a Polaris desenvolve tem como alvo processos biológicos conhecidos por serem a causa de uma doença específica, e projetados para interromper seu desenvolvimento ou eliminá-lo por completo. “Pegamos essa grande máquina biológica e colocamos uma chave”, diz Shahar. O truque é encontrar uma molécula que fará exatamente o que se espera que faça, mas não fará outras coisas, desnecessárias ou potencialmente prejudiciais, a outros processos biológicos no corpo humano.
A Polaris está desenvolvendo um ecossistema em torno de sua plataforma de descoberta de medicamentos, reunindo vários recursos de hardware e software para auxiliá-la. No ano passado, fechou uma parceria com a empresa de inspiração quântica Digital Annealer, da Fujitsu. Inicialmente, a proposta era trabalhar com foco na dengue, doença transmitida por mosquitos que está presente em mais de 100 países em todo o mundo, matando até 22 mil pessoas a cada ano. Outro provedor de computação quântica com o qual a Polaris está trabalhando é a D-Wave Systems, acessando sua tecnologia de recozimento quântico por meio do serviço de nuvem AWS (Amazon Web Services).
As parcerias não param por aí. Recentemente, a Polaris anunciou que está colaborando com Auransa para descobrir tratamentos para doenças negligenciadas que afetam as mulheres. Um exemplo é a endometriose, patologia incurável que afeta milhões, causada quando o tecido que reveste o útero cresce em outra parte do abdômen. A Auransa utiliza inteligência artificial para desenvolver soluções de medicina de precisão em áreas de necessidades médicas não atendidas. Com a parceria, a Auransa encontra o alvo biológico e a Polaris, a flecha que atingirá o centro do alvo.
Na última década, houve um uso crescente de inteligência artificial (ou machine learning e deep learning) para a descoberta de medicamentos. Executivos de empresas farmacêuticas esperam que a tecnologia emergente tenha o maior impacto em sua indústria em 2021. No ano passado, uma pesquisa de organizações de ciências biológicas descobriu que 31% das instituições programavam começar a avaliação de computação quântica em 2020 e outros 39% planejavam avaliá-la em 2021 ou ter a computação quântica em seu radar. Certamente, a Polaris Quantum Biotech pode estar no centro de uma combinação rara que irá acelerar o ritmo da descoberta de medicamentos.
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