O ano começou animado para o marketplace de móveis e objetos de decoração MadeiraMadeira. Logo no sétimo dia de 2021, a startup fundada em Curitiba (PR) anunciou a captação de US$ 190 milhões em sua rodada série E, liderada pelos fundos de venture capital Softbank e Dynamo. O aporte fez o valor de mercado da empresa ultrapassar US$ 1 bilhão, transformando-a no primeiro unicórnio brasileiro do ano.
Pouco mais de oito meses depois, a retailtech já tem alocado parte do capital levantado em diferentes frentes do negócio. A área de logística é a que tem recebido a maior porção dos recursos. “Apesar de a gente conseguir um preço competitivo para o cliente final, sempre enfrentávamos problemas na entrega, que era muito longa”, afirma o diretor-executivo de operações (COO) Robson Privado em entrevista à Forbes. No estado de São Paulo, por exemplo, o envio dos produtos demorava até 15 dias úteis.
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Para combater esses prazos, a empresa já vinha investindo na construção de centros de distribuição. O primeiro, em Jundiaí (SP), começou a operar no final do ano passado, reduzindo o tempo de entrega para o estado de São Paulo para até dois dias úteis. “Colocamos os principais produtos, os mais vendidos, nesse estoque com a intenção de deixar tudo mais próximo do consumidor”, afirma Privado. Com a experiência positiva, a MadeiraMadeira está investindo outros R$ 18 milhões na construção de mais dois galpões – no Espírito Santo e Pernambuco.
A operação consolidada desses três centros de distribuição, diz o executivo, deve cobrir 80% das capitais brasileiras, com exceção das que estão na região Norte do país, entregando os produtos em até três dias úteis. Para complementar a parte logística, a MadeiraMadeira também foi às compras e realizou o seu primeiro M&A desde a sua fundação. Por um valor não divulgado, a companhia adquiriu a iTrack Brasil, startup de gestão e monitoramento de entregas, há três meses. “Acreditamos muito que a malha logística será um dos nossos principais diferenciais competitivos”, diz o executivo.
ONLINE PARA O OFFLINE
Ao contrário do usual, a MadeiraMadeira fez o caminho inverso em sua operação: saiu do online para atingir o mercado offline. O plano dessa transição, conta Privado, começou em 2019, quando uma parte dos executivos da retailtech visitaram Mumbai, na Índia, para conhecer o modelo de lojas físicas do marketplace de móveis Pepperfry. “Eles têm um sistema de varejo no estilo showroom, onde os itens ficam expostos, não há estoque, e o espaço é pequeno”, afirma. “Gostamos da ideia e vimos que funcionaria bem aqui no Brasil.”
Em 2020, a MadeiraMadeira implementou as “guide shops”, lojas com até 250 metros quadrados, também sem estoque, mas que serviam para os clientes tocarem e avaliarem os principais produtos da empresa. “É um modelo que estamos expandindo principalmente no Sudeste, mas este semestre já iremos para a região Centro-Oeste também”, afirma Privado. Os diferenciais, segundo o COO, estão nos preços praticados no varejo físico, que são iguais aos do marketplace, e no modelo de atendimento. “Nossos vendedores são consultores e ajudam o cliente a escolher os móveis com base em suas necessidades.”
No primeiro ano de operação das guide shops, a MadeiraMadeira implementou nove lojas nesse molde. Depois do aporte em janeiro deste ano, acelerou o processo. Até o momento desta publicação, a startup paranaense já contabilizava 84 novas lojas. Segundo Privado, o mês de setembro deve marcar a inauguração da 100ª unidade. “Na nossa categoria, de venda de móveis e objetos de decoração, o consumidor gosta de ver os produtos presencialmente, experimentar, tocar”, diz. “As guide shops vêm para suprir essa necessidade.”
DIVERSIDADE E INCLUSÃO
A expansão da MadeiraMadeira não se limitou apenas às lojas físicas e aos centros de distribuição. A companhia também realizou contratações, aumentando o seu quadro de colaboradores. Em agosto de 2020, a retailtech tinha 800 funcionários. Com o aporte e o caixa robusto, a empresa quase triplicou o número de pessoas empregadas, chegando a 2.100. De acordo com Privado, o departamento de tecnologia foi o que mais cresceu, dobrando de tamanho nesse período.
Como parte da consolidação de sua cultura empresarial, a companhia desenvolveu, no início deste ano, o seu programa de diversidade e inclusão, batizado de Somar. “Sempre acreditamos que a diversidade agrega mais valor para o negócio porque enriquece as discussões e eleva o nível das soluções por meio de diferentes pontos de vista”, diz Privado. Ainda em etapas iniciais, a iniciativa já fez um mapeamento da situação atual da representatividade de grupos minoritários na companhia.
Esses dados conduziram a startup para uma segunda fase, na qual estão sendo criados grupos de afinidade para discussões e troca de aprendizados. “Não podemos sair fazendo ações afirmativas na empresa sem preparar a equipe para recebê-las”, diz o executivo. “Criamos esses grupos de trabalho para entendermos, de fato, como rodaremos o programa.”
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