Criado em 2018, o Axie Infinity, jogo baseado em NFT, da sigla em inglês tokens não fungíveis, vem ganhando cada vez mais espaço entre as opções de investidores. Somente no terceiro trimestre deste ano, a plataforma liderou o ranking de investimento em NFTs com 19% das negociações. Em abril, o jogo registrava um total de 38 mil usuários chegando a 1,8 milhão em agosto e movimentando mais de US$ 2,2 bilhões em tokenização.
As quantias movimentadas e o crescimento em base dessa plataforma vêm chamando a atenção para os chamados cripto games. Heloísa Passos, CEO da SP4CE e fundadora de uma das maiores comunidades do Axie Infinity, explica que há uma busca cada vez maior por jogos baseados em criptomoedas e um aumento também nas possibilidades.
Forbes Brasil – Além do Axie Infinity, quais outros jogos são baseados em cripto atualmente?
Heloísa Passos – Grande parte dos jogos que existem hoje em cripto não é “jogável”. Em sua maioria, são compostas pelos chamados click gas, cliques que você faz e o algoritmo decide se você vence ou não, de acordo com a raridade do seu NFT. Por isso, há uma busca tão grande por jogos que realmente divirtam as pessoas. Hoje, além do Axie Infinity, temos Thetan arena, Town stars e Mir4, que são jogos mais populares. Também existem alguns que ainda não foram lançados como Ember Sword, Star Atlas e Mirandus , projetos que os investidores e jogadores estão de olho.
Forbes Brasil – Em especial, no caso do Axie por que ele se tornou tão relevante?
Heloísa – Por dois motivos: primeiro, a entrega de jogabilidade para as pessoas. Isso é, você realmente consegue traçar estratégias, pensar em composições e duelar. Outro ponto importante foi a possibilidade de custódia do NFT, as pessoas conseguem emprestar seus Axies em um modelo de locação chamado scholarship em que ambos dividem os lucros, como se fosse um Uber.
Forbes Brasil – Quais as oportunidades para os investidores neste universo?
Heloísa – Para investidores, os games baseados em blockchain têm a possibilidade da custodia de NFTs com renda passiva (aluguel de personagens), por exemplo, no modelo chamado scholarship. Nele, a quantidade de pessoas varia muito. Outro ponto interessante é a mineração, que sai muito mais barato do que se fossemos por criptos como Bitcoin, Ethereum, Monero, onde o custo de máquina x local x energia acaba sendo muito caro para investidores menores. Por último, podemos pensar em investimentos menos arriscados como a compra desses ativos e a espera da valorização, seja em carteira ou em protocolos virtuais.
Forbes Brasil – Pode nos dar uma ideia das tendências e do que está por vir nessa conexão entre games e cripto?
Heloísa – Acho que vamos ver cada vez mais projetos em Blockchain Games, e o crivo vai ter que ser ainda maior, muita gente entra nesse mercado com a promessa de 1000%, o que não é impossível, mas não podemos virar regra. Acredito que nos próximos anos a indústria tradicional de games entrará em peso no mercado para não deixar dinheiro à mesa. Já temos a Ubisoft, avaliada em US$ 8 bilhões, a Riot, com o jogo mais rentável de 2019, o League of Legends, que faturou US$ 1.5 bilhão. Porém, só vai ficar nesse mercado quem trouxer projetos sólidos e que se sustentem ao longo do caminho.