A aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft, anunciada ontem (18), por US$ 68,7 bilhões, marca uma nova fase da indústria de games. No cenário global, a empresa que surge passa a ser a terceira maior, ficando atrás apenas da Tencent, dona de Fortnite, e Sony. Como destacou o CEO da Microsoft, Satya Nadella, ao anunciar o negócio, “o foco da companhia é investir em conteúdo de classe mundial, comunidade e nuvem para inaugurar uma nova era de jogos.”
De acordo com a NewZoo, a indústria de games deve movimentar, até 2023, mais de US$ 200 bilhões. No ranking das maiores e suas respectivas receitas do segundo trimestre de 2021, aparecem a Tencent, com US$ 7,9 bilhões, a Sony, chegando a US$ 4,1 bilhões, a Apple, que fatura US$ 3,5 bilhões e a Microsoft, responsável por US$ 2.9 bi. A Activision Blizzard ocupava o sétimo lugar do ranking com US$ 2,1 bi de receitas no Q1.
Carlos Silva, Head of Gaming do Go Gamers, empresa do Sioux Group, que anualmente publica a Pesquisa Game Brasil, explica que as grandes empresas de games apresentam características em comum. “Algumas das maiores do ranking, como Tencent, Apple e Microsoft investem na recorrência dos seus serviços, que cada vez mais se tornam plataformas com várias opções de jogos, ao invés de focar o esforço apenas em um grande lançamento ou produto, um modelo já comum entre Nintendo e Sony”, destaca.
Com relação ao tamanho de mercado e mesmo com a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft, Carlos explica que a Tencent, por ter um modelo também de recorrência de ganhos com jogos gratuitos e grande volume de jogadores em continentes como o asiático deverá continuar no topo. “Além disso, outros fatores como a participação em títulos expressivos como League of Legends fará a empresa ainda ser a maior do mercado, lembrando que a própria Tencent possui ações da Activison Blizzard e isso poderá ser analisado no futuro.”
Por outro lado, a Microsoft reforça um serviço que é referência global, com um catálogo cada vez mais rico e diversificado e que é atrativo para clientes dos consoles Xbox, mas também PC, explica Carlos. “Os rumores agora ficam no entorno da exclusividade desses títulos, que podem ser uma barreira por exemplo para a Sony, mas essa decisão deverá ser feita produto a produto. Um exemplo foi a aquisição do Minecraft há alguns anos pela Microsoft, e que até hoje é um produto multiplataforma entre Xbox, Playstation e outros, e se mantendo até hoje uma das maiores comunidades no mundo.”
“A Activision é um papel que estava sofrendo muito, não só pelo fato de as ações de games estarem sendo impactadas por todo contexto macro de aumento de juros, mas por questões relacionadas a RH, assédio e problemas na dinâmica de governança para distribuição de resultados da empresa. Então, para a Activision, além de estrategicamente ser uma operação muito interessante, se juntar a uma das big techs globais, é uma transação que resolve um pouco esse imbróglio de governança que sempre foi uma dúvida sobre o papel”, explica Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital.
“O que podemos concluir é que hoje as empresas de games estão buscando formas de diversificar seus negócios e oferecer experiências mais amplas. Esse movimento é muito positivo na visão de negócios, pois faz com que um serviço não fique limitado com o tempo e do outro lado o público atual de games é extremamente engajado, dedica tempo e investe seu dinheiro na experiência. Sendo assim, serviços cada vez mais completos tendem a ganhar mais espaço no momento de compra e aquisição para esses consumidores”, conclui Carlos.
Conheça as 10 maiores desenvolvedoras após a compra da Activision Blizzard pela Microsoft*
1 – Tencent
US$ 7,9 bi
2 – Sony
US$ 4,1 bi
3 – Microsoft + Activision Blizzard
US$ 2,9 bi + US$ 2,1 bi
4 – Google
US$ 2,7 bi
5 – NetEase
US$ 2,2 bi
6 – Nintendo
US$ 1,6 bi
7 – Electronic Arts
US$ 1,5 bi
8 – Take Two
US$ 813 milhões
9 – CyberAgent
US$ 895 milhões
*Volume de faturamento do segundo trimestre de 2021