As chamadas deep techs, startups baseadas em tecnologias científicas, já movimentam um mercado relevante e possuem perspectivas importantes de crescimento. De acordo com o Meeting the Callenges of Deep Tech Investing, realizado pelo Boston Consulting Group (BCG), o ecossistema de deep techs pode atrair de R$ 695 bilhões (US$ 140 bi) a R$ 993 bilhões (US$ 200 bi) em investimentos até 2025. Uma outra definição do estudo SGInnovate, determinou que as deep techs são startups que atuam com inovação complexa lidando com problemas como tratamento de doenças, mobilidades, aquecimento global e desenvolvimento industrial.
Lucas Delgado, diretor de Projetos e Novos Negócios na Emerge Brasil, explica que a definição de deep techs está baseada em tecnologias de “ciência dura” (hard science). “Capazes de resolver problemas atuais de alto valor agregado ou construir as organização do futuro. Embora essas soluções também possuam riscos científico e tecnológico em adição ao risco de mercado, são capazes de entregar um retorno acima da média ou proporcionar liderança de mercado para as empresas que investem.”
De acordo com números mapeados pela Liga Ventures, somente na Europa as deep techs receberam mais de R$ 41 bilhões (US$ 8,4 bi) nos últimos anos, crescimento de mais de 25% na média histórica. Globalmente, os investimentos direcionados a essas startups chegaram a R$ 88 bilhões (US$ 18 bi).
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“O conceito de deep tech foi criado em 2014 pela Swati Chaturvedi, definindo como empresas fundadas em uma descoberta científica ou verdadeira inovação tecnológica. Mas apesar de recente, o termo deep techs vem evoluindo e recebido diversos outros significados, como startups que possuem risco científico para seu produto funcionar (Nathan Benaich) ou tecnologias que adicionam ao risco ou descoberta científica o fator de soluções aos desafios fundamentais do mundo e aos problemas significativos (Joshua Siegel e Sriram Krishnan; e J. Siota e Prats)”, explica Lucas.
Ainda de acordo com o diretor da Emerge Brasil, do ponto de vista de inovação aberta, as deep techs são encaradas agentes que só geram valor para setores ou empresas que possuem as áreas de P&D profundamente estruturadas, visando o longo prazo e necessitando de dezenas de milhões de dólares de investimento. “No entanto, essa visão vem sendo desconstruída e está permitindo a muitas empresas acessar uma nova camada de inovação e criar vantagens competitivas únicas, uma vez que as deep techs podem entregar valor focadas no negócio atual ou na renovação do modelo de negócios, independente da estrutura de P&D da empresa.”
“Quando cruzamos as perspectivas de horizonte do resultado (curto ou longo prazo) e foco estratégico (atual ou futuros negócios), pode-se utilizar deep techs para resolver problemas complexos atuais do negócio (solução de problemas), aumentar a entrega de valor de um produto (melhoria da proposta de valor), expandir rapidamente os modelos de negócios (expansão do modelo de negócios) ou construir o futuro da organização (renovação corporativa). Em resumo, as deep techs são ferramentas de inovação aberta que podem ser utilizadas para alcançar os resultados estratégicos das organizações, sejam aqueles endereçados para melhoria dos produtos atuais ou aqueles focados no futuro da empresa”, conclui.