Em abril deste ano, a startup de educação Galena fez sua segunda captação no equivalente a R$ 80 milhões. Quem liderou foi a Altos Ventures, também participaram da rodada investidores individuais como David Vélez, Kevin Efrusy, Dan Rosensweig, Armínio Fraga e Romero Rodrigues, além da Globo Ventures, braço de investimentos do Grupo Globo. Em março de 2021, a Galena já havia levantado R$ 35 milhões. O foco foi redirecionar os investimentos para crescimento e contratação juntamente com a intenção de incluir 50 mil jovens no mercado de trabalho nos próximos cinco anos.
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A iniciativa nasceu no final de 2020, ano em que os índices de desemprego entre jovens brasileiros bateram recorde. Somente 25% dos brasileiros navegam com sucesso na educação básica para o emprego formal. Esse modelo já atraiu algumas das maiores empresas do Brasil. Entre os parceiros B2B da Galena estão grandes empresas e unicórnios como iFood, QuintoAndar, Cora, Unilever, Stone, Nubank, Alelo, XP, Arco, Dell, PetLove, entre outros. Em entrevista à Forbes Brasil, Guilherme Luz, é Cofundador e CEO da edtech, fala sobre o atual momento e o propósito da Galena.
Forbes Brasil – Pode comentar o atual momento da Galena, sobretudo depois do aporte de abril? Agora capitalizados, quais os principais objetivos estratégicos?
Guilherme Luz – Estamos num momento de expansão e constante evolução da nossa oferta de valor aos parceiros (que desejam montar times competentes) e jovens (que desejam ingressar no mundo do trabalho). Os US$16,7 milhões que captamos nos permitirão ao menos dois ou três anos de crescimento e ganho de qualidade. Nosso objetivo é investir em pessoas e aprimorar a tecnologia de ‘matching’ proprietária, utilizada para casar vagas de emprego com o perfil dos nossos alunos. Já neste ano, prevemos chegar a mais de mil alunos formados, sobrepondo turmas — até agora, precisávamos terminar uma para iniciar outra. Nosso objetivo é formar turmas de 30 mil alunos anualmente dentro dos próximos cinco anos.
FB – A Galena tem uma premissa importante e de impacto em relação à educação, mas qual o desafio de escala? Considerando, inclusive, o tamanho do Brasil?
Guilherme – Num mercado com 1,8 milhão de jovens formados por ano, a Galena tem vocação para formar dezenas de milhares de alunos por ano. Um dos desafios da escala é manter a qualidade do nosso modelo pedagógico, que hoje está intimamente conectado com as experiências práticas que os jovens enfrentarão no mundo do trabalho.
FB – Pode comentar um pouco sobre o modelo de oferta de curso e cobrança apenas após a contratação, em que ele se inspira e qual a dinâmica para que ele possa funcionar?
Guilherme – O sucesso do nosso aluno é o sucesso da Galena. Desde o primeiro dia, repetimos esse princípio internamente, como forma de nos mantermos conectados com o que realmente importa: a empregabilidade do nosso aluno. Nosso modelo de negócios está 100% alinhado a esse princípio, à medida em que nosso aluno só paga pelo programa se for contratado para uma vaga de emprego formal, com remuneração acima de R$ 2 mil. Para que o modelo funcione, portanto, precisamos garantir que a esmagadora maioria dos nossos alunos atinjam esse objetivo. O alinhamento entre o nosso sucesso e o sucesso do aluno é a chave da nossa excelência.
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FB – Um dos ecossistemas alvo da Galena é tecnologia, um mercado com alto déficit de profissionais qualificados, em quanto tempo e como vocês também pretendem ajudar no impacto dessa demanda?
Guilherme – Nossa proposta de valor é um pouco diferente. Há já uma crescente de empresas e empreendedores no mercado olhando para a formação em programação, muitos dos quais estão fazendo ótimos trabalhos. Nosso foco na Galena, entretanto, são os 75% de jovens que estão lutando para ingressar no mundo do trabalho, num passo anterior aos ‘bootcamps’ de programação. A demanda por profissionais para vagas de entrada, quando bem formados, é grande e latente. Muitas empresas sofrem com baixos níveis de resultados e altas taxas de demissão nessas posições. Logo na primeira turma, atingimos 100% de empregabilidade, em empresas como Quinto Andar, iFood, Dell, Unilever, Stone, Alelo, Itaú, Cora e Arco.
FB – Por fim, há um outro enfoque atualmente que é o ciclo de demissões das startups, de alguma forma, isso afeta o fluxo de entrada de jovens? Como você enxerga esse movimento?
Guilherme – As startups estão, de fato, passando por um momento de revisão dos seus planos. Este momento inegavelmente afeta a empregabilidade dos nossos jovens e nos torna ainda mais comprometidos com a qualidade da nossa formação, porque nossos alunos passaram a disputar vagas com candidatos mais experientes. De toda forma, cremos que este é o momento certo para cultivar as relações com as empresas parceiras e ajudá-las a navegar pelas incertezas. O que nos deixa orgulhosos é que os nossos Galeners estão entregando resultados, ajudando as empresas a vencer dificuldades, tendo sido, muitos deles, promovidos recentemente.