O constante surgimento de dados têm sido um desafio enorme para as organizações. E com a transformação digital super acelerada que vivemos nos últimos anos, as empresas que antes contavam com uma estrutura majoritariamente física e presencial precisaram se adaptar de maneira ultrarrápida. Nisso, começou a corrida para ir à nuvem.
A nuvem é, certamente, uma das inovações mais impactantes da história da computação e ganhou ainda mais importância à medida que as companhias passaram a enfrentar recentemente uma série de problemas globais na cadeia de suprimentos, ameaças de segurança cibernética e constantes instabilidades no cenário geopolítico. Assim, empresas de todos os tamanhos e setores buscaram na nuvem a resiliência para suportar a migração de carga de trabalho, serviços de armazenamento de dados e desenvolvimento de aplicativos nativos.
Para dimensionar em números, os gastos mundiais com serviços de infraestrutura em nuvem aumentaram 34%, chegando a US$ 55,9 bilhões no primeiro trimestre de 2022, segundo dados da empresa de pesquisas Canalys. O valor foi US$ 2 bilhões superior ao trimestre anterior e US$ 14 bilhões a mais do que no primeiro trimestre de 2021.
Por outro lado, estudos apontam que a facilidade e a agilidade da nuvem pública são satisfatórias enquanto uma organização está em modo de crescimento rápido, mas pode acabar se tornando um modelo operacional que compromete orçamentos à longo prazo.
Um exemplo claro disso são de empresas que adotaram um modelo de múltiplas nuvens e acabaram sendo surpreendidas com os custos. As organizações estão procurando maneiras de entender, controlar e conter os orçamentos para estar na nuvem pública, por meio de ferramentas de gerenciamento de custos da nuvem ou contratação de consultores terceirizados.
Observamos também que esta primeira onda de adoção de nuvem foi geralmente focada em resultados, mas em muitas vezes foram desconsiderados os gastos a longo prazo ao colocar dados ou cargas de trabalho em nuvens públicas, privadas ou na borda. Além disso, quando a nuvem passa e ser percebida como um problema para questões como desempenho, visibilidade e controle e gerenciamento de dados, os CIOs passaram a avaliar a repatriação da nuvem, que significa transferir cargas de trabalho ou dados da nuvem pública para outros ambientes – seja para suas infraestruturas tradicionais de TI, para uma nuvem privada ou em instalações compartilhadas (colocation).
Uma pesquisa da empresa de análises de mercado 451 Research, realizada em 2021, apontou que 48% de 600 tomadores de decisão de TI (ITDMs, na sigla em inglês) migraram aplicativos ou cargas de trabalho dos principais provedores de serviços de nuvem em uma tentativa de uma estratégia mais eficaz. Cerca de 86% dos departamentos de TI optaram por migrar a execução de suas aplicações para um data center próprio, enquanto 14% optaram por transferir as operações para um serviço de colocation, que se destaca como uma das soluções mais eficientes – tanto estrutural quanto financeiramente – para que as organizações permaneçam conectadas e evoluam de forma segura.
Os custos operacionais realmente parecem ser o principal fator dessa tendência de repatriação. À medida que o consumo de nuvem aumenta, o mesmo acontece com o custo de operação – potencialmente corroendo os orçamentos de TI, ou mesmo lucros. De fato, 96% dos 139 tomadores de decisão de TI que repatriaram cargas de trabalho ou aplicativos citaram a eficiência de custos como o principal benefício de seus esforços, de acordo com uma pesquisa interna recente da Dell Technologies, realizada com 139 tomadores de decisão de TI.
Além disso, 40% dos entrevistados deste estudo listaram segurança e conformidade como os principais motivos para repatriar cargas de trabalho. Por exemplo, alguns participantes disseram que as preocupações com a localidade dos dados os levaram a recuperar certas cargas de trabalho, enquanto outros citaram uma melhor segurança para dados de fora dos ambientes de trabalho.
O rápido crescimento da adoção da computação em nuvem pelas grandes organizações apresentou uma disciplina para gerenciar seus custos, que é conhecida como FinOps. Essa prática é crucial para uma estratégia eficaz de economia do consumo de nuvem, que resulte em controle de custos e resultados para as áreas de negócios. Isso se refere não apenas à repatriação de dados, mas também para a construção de uma estratégia multicloud consistente.
Obviamente, a economia de custos não é o único fator ao considerar a repatriação na nuvem, embora seja um fator importante. Preocupações como segurança e regulamentação, desempenho, disponibilidade, capital humano, dependência de fornecedor e custos ocultos fazem parte da decisão.
Em última análise, a decisão de permanecer na nuvem pública, repatriar ou contratar modelos operacionais como serviço é uma escolha que cada organização faz com base no que funciona melhor para administrar os negócios. Uma experiência consistente na nuvem significa uma maior liberdade de colocar as cargas de trabalho onde elas fazem mais sentido, enquanto pode controlar os custos, manter a segurança e garantir que as equipes tenham as habilidades certas para gerenciar tudo isso.
Da mesma maneira que as organizações desenvolvem uma estratégia de migrar as aplicações para a nuvem pública, o mesmo se aplica a repatriá-las. Isso exige muita atenção – especialmente na modelagem financeira. Para que as empresas capturem a redução de custo almejada, elas precisam de uma forte capacidade decisória de negócios e de infraestrutura tecnológica para gerenciar o consumo continuamente com base em uma compreensão de como deve ser a experiência do uso de nuvem. No final das contas, a repatriação precisa ocorrer de maneira suave. Será essa capacidade que determinará o diferencial competitivo das empresas e o seu valor com o uso da nuvem.
Por Luis Gonçalves, Presidente da Dell Technologies para América Latina
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