A Alice chegou ao mercado em junho de 2020 como a primeira gestora de saúde do país. Enquanto um plano de saúde convencional oferece basicamente uma lista de médicos, hospitais, laboratórios e procedimentos, a startup inovou ao trazer uma plataforma de cuidado integral e personalizado. Fez isso com o apoio da tecnologia: inteligência artificial, análise de dados e atendimento omnichannel (via texto, voz, vídeo e presencial).
Na outra ponta, a healthtech traz um modelo inovador de remuneração aos profissionais parceiros, priorizando o desfecho positivo dos casos, e não “um amontoado de procedimentos” para aumentar a fatura no fim do mês.
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Segundo seus criadores, todos os elos da corrente se beneficiam do modelo de forma consistente e sustentável. Ser a maior empresa de saúde do Brasil é meta dos sócios André Florence, Guilherme Azevedo e Matheus Moraes, hoje à frente da operação.
“Todo mundo no Brasil deveria ter um time de saúde para chamar de seu, para cuidar de você e fazer a gestão da sua saúde. Nós nos inspiramos no modelo do SUS de atenção básica à saúde – e aplicamos no setor privado algo que não existia”, conta o economista André Florence, CEO da empresa.
A ideia de criar a Alice veio após um desafio pessoal de Florence. Em 2019, depois de vender suas ações da bem-sucedida 99, ele resolveu tirar um ano sabático e, entre outras coisas, correr a maratona de Nova York. Como era sedentário, foi atrás de suporte médico para se preparar de forma segura.
Foi quando se deparou com a dor que deu origem ao novo negócio. “Descobri que era mais fácil fazer gestão financeira de uma empresa do que a da minha própria saúde. Como resolver esse problema de buscar vários médicos para me ajudar na meta de correr a maratona, fazer vários exames, juntar os procedimentos, as opiniões? Isso ficou na minha cabeça”, lembra o economista.
Depois de completar a maratona, atraiu sócios para a empreitada de oferecer mais acesso à saúde e à qualidade de vida e colocou a ideia em operação. Hoje, já conta em sua comunidade de saúde – nome que dão para a rede credenciada – 13 hospitais de ponta, como Einstein, BP e Maternidade Santa Joana, além de cerca de 150 profissionais especialistas e mais de 200 laboratórios, incluindo Casa Alice, Fleury; A+ Medicina Diagnóstica, laboratório do Hospital Israelita Albert Einstein e Salomão Zoppi.
“O modelo trouxe uma solução verdadeiramente inovadora para o mercado. Em dezembro de 2020, quando tínhamos apenas seis meses de operação, nossa base contava com 674 membros; em dezembro de 2021, eram 6 mil; e hoje já contamos com cerca de 10 mil pessoas”, comemora André.
Segundo o fundador, o rápido sucesso da empresa – tanto entre investidores, como entre usuários e profissionais da comunidade – é um bom termômetro, mas o crescimento e a longevidade da empresa virão mesmo “a longuíssimo prazo”. “Tudo está sendo feito de uma maneira muito bem pensada. Estamos construindo os fundamentos, entendendo as etapas dessa construção e olhando para os próximos 10 a 20 anos”, afirma.
Desde sua criação, a Alice já captou cerca de US$ 175 milhões entre as séries A, B e C, nas maiores rodadas para uma healthtech da América Latina. De acordo com Florence, a startup está “bem capitalizada” e pretende usar os recursos de forma “consistente e madura, para não cair na armadilha de demissões ou recuos”.
E onde querem chegar? “Queremos tornar o mundo mais saudável, sermos a maior empresa de saúde do Brasil. Acredito que, se atingirmos esse sonho, teremos causado uma pequena revolução no setor privado de saúde. E isso será positivo para todo mundo.”
*Reportagem publicada na edição 102, lançada em outubro de 2022