O ecossistema de influência no Brasil segue em evolução. Na última década, viveu diversas fases. Desde a profissionalização básica, passando pela estruturação até a expansão dos criadores de conteúdo como marcas. Neste período, novas plataformas surgiram, outras cresceram e assumiram a liderança em ritmo de crescimento e valor de mercado, como é o caso do TikTok. Neste contexto, o termo Creator Economy ganhou cada vez mais visibilidade.
Apesar da profissionalização, ainda existem vários desafios que vão das dinâmicas de contratação, cocriação que sejam equilibradas, à voz ativa dos criadores e maior diversidade nas perspectivas e repertórios dos influenciadores. Precificação também é um desafio e ainda pode ser um problema para muitos profissionais, isso porque é difícil manter parâmetros ou determinar valores médios. A pedido da Forbes Brasil, a MField estimou a média de valores pagos a influenciadores brasileiros. O levantamento foi feito baseado em faixa de seguidores.
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A empresa alerta, no entanto, que a métrica de seguidores por si é insuficiente para determinar o valor ou alcance de um influenciador, por mais que seja importante para o mercado, a estratégia deve ser cada vez mais abrangente e levando outros aspectos em consideração como comunidade, qualidade e relevância além da audiência. Em uma faixa de até 10 mil seguidores no Instagram, atualmente a rede social mais utilizada pelos brasileiros, o preço pago por ação pode chegar a R$ 7.248,00. Vale lembrar que os valores consideram uma ação: post + stories ou a estratégia definida, não é uma faixa apenas por post.
De 10 mil a 100 mil seguidores esse valor pode se aproximar de R$ 14.538. Já de 100 mil seguidores a 1 milhão ela pode ser de até R$ 24 mil por ação. Até 5 milhões, o valor por ação pode chegar a R$ 78 mil. E a faixa acima de 10 milhões de seguidores ultrapassa R$ 182 mil. Considerando todas as faixas, o valor médio pago por ação atualmente a influenciadores brasileiros chega a R$ 34 mil. Victor Godoy, sócio e diretor artístico da MField, explica que, por muito tempo, a percepção da profissão se resumiu a desenvolvimento de posts publicitários e produção de conteúdo, mas ela vai muito além desses dois elementos tão importantes para a dinâmica.
“O mercado da influência se profissionalizou, mudou e existem diversas outras engrenagens fazendo a roda girar, são peças fundamentais para campanhas globais, a influência está em todo lugar. É algo apaixonante pela sua rápida atualização e leves mudanças de rota, mas sempre com a mesma meta, influenciar. De forma direta, a tendência agora é que os influenciadores se tornem sócios de negócios (DNVB), e o foco está mais em saber como usar o trabalho das redes sociais para impulsionar as empresas do que apenas vender espaços nos stories ou feed. Até mesmo as publicidades devem ficar mais elaboradas e criativas”, explica Victor.
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Ecossistema em evolução
Muito além das ações, existem diversas formas de remuneração de criadores de conteúdo conforme apontam os levantamentos realizados pelo YouPix, um dos maiores hubs de inteligência e fomento ao mercado de influência no Brasil. No YouTube, por exemplo, existe a possibilidade de remuneração por audiência, lives, YouTube Chat, YouTube Premium e YouTube Shopping. No Instagram, ferramentas que possibilitam ganhos como selos de transmissão, lojas com produtos, lives, além de outros formatos. No ano passado, o YouPix, em parceria com a 99Jobs, divulgou a pesquisa Influence Skills, que também mapeou a remuneração dos profissionais que compõem toda a cadeia.
O levantamento mostra que os profissionais que atuam no backstage do ecossistema de influência entre analistas, criativos, community manager, relações públicas, dentre outras funções, ganham, em média, de R$ 3,5 mil a mais de R$ 40 mil dependendo do cargo, da empresa e do segmento. A maioria cuida de planejamento estratégico, seguido de planejamento criativo e gestão de campanhas. Raphael Pinho, CEO da Spark, explica que houve uma evolução visível no ecossistema de influência no Brasil. “A começar pelo surgimento de novas plataformas de mídia, como Tik Tok, Kwai, BeReal e Discord, entre outras – cada uma com sua proposta e dinâmica próprias, ainda que com uma similaridade de ter o conteúdo no centro das conversas. Assistimos ainda ao aparecimento de novos formatos para que os criadores gerem renda além das campanhas e publicidades. Aqui podemos listar os grupos fechados com conteúdo pago, cursos, licenciamento de produtos, sociedade com marcas, atuação em live-commerce e programas de afiliação. E, por fim, mas não menos importante, aumentou muito a audiência dentro das redes sociais e o investimento das marcas na disciplina de marketing de influência, assim como também o número de criadores de conteúdo.”
Pinho reforça que, em uma perspectiva de longo prazo, “tudo aponta para um amadurecimento cada vez maior do marketing de influência e, por consequência, que ele tenha cada vez mais relevância dentro da estratégia de marcas. Não a toa, já existe um percentual de orçamento relevante destinado a esta disciplina dentro da verba publicitárias dos anunciantes. E entre as grandes tendências, acreditamos nos short vídeos, no conteúdo genuíno e no uso de linguagens mais próximas do seguidor. Voltando às plataformas: por isso vemos o crescimento tão exponencial do Tik Tok e o Meta e o Youtube vindo na esteira investindo bastante neste formato. O grande desafio que se apresenta tanto para os criadores como para as marcas está na necessidade de seguirem atualizados a cada mudança de formato ou algoritmo das plataformas assim como nas modificações de comportamentos sociais que são refletidos nos engajamentos dos conteúdos publicados.”