A fila para ouvir Greg Brockman, cofundador e atual presidente da OpenAI, empresa dona do ChatGPT e Dall-e, no Austin Convention Center, no primeiro dia do SXSW, ontem (10), dava a dimensão da importância do tema e da empresa para o atual contexto. Lançado em novembro do ano passado, o sistema conversacional ganhou a atenção não só do público especializado, mas das pessoas em geral. E isso se dá, de acordo com Greg, em entrevista para a jornalista Laurie Segall, da Dot Dot Dot Media, pelo fato de que a ferramenta tirou a IA da esfera da ficção e aproximou de aplicações práticas para o uso das pessoas.
“Nosso objetivo, ao fundar a OpenAI em 2015, à época sem fins lucrativos foi justamente de direcionar o potencial da inteligência artificial para amplificar as capacidades humanas”, destacou.
No entanto, Greg e seus sócios, dentre eles Elon Musk, que se desvinculou do projeto em 2018, perceberam que a IA demandava altos investimentos e a necessidade de captação massiva de recursos.” Um dos mais conhecidos foi da Microsoft que, em janeiro deste ano, investiu US$ 10 bilhões na OpenAI. A gigante da tecnologia já havia aportado US$ 1 bilhão no projeto.
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Diante dos questionamentos feitos por Laurie, Greg reforçou que IA não é sobre substituir funções ou capacidades humanas, mas potencializá-las. Segundo ele, o grande desafio deste momento é discutir e desenvolver ferramentas e processos que consigam impedir que a IA seja uma forma de potencializar conteúdos ilícitos ou amplificador fake news, por exemplo.
“Neste momento, muito além do desafio da tecnologia, em si, temos uma equipe inteira dedicada a tornar o ChatGPT mais confiável. Assumimos, inclusive, que há muito a ser melhorado, como retirar os vieses do chatbot e a possibilidade de descentralizar cada vez mais nossa IA para que ela seja amparada em todo um ecossistema ancorado principalmente na comunidade.”
Questionado sobre o quanto ferramentas como ChatGPT seriam eficientes na violação de direitos autorais e propriedade intelectual, Greg afirmou que existe uma mudança em curso e que é necessário também uma discussão neste sentido.
“Existe muito a ser compreendido neste momento e reforço, não só pelos aspectos técnicos, mas, principalmente por questões comportamentais, de negócios e novas dinâmicas”, afirmou. Para Greg, em relação ao trabalho e as principais críticas de substituição de humanos por IA, é importante também considerar uma mudança em que a questão é delegar à tecnologia tarefas que podem ser automatizadas, dentre elas as que podem ser feitas por robôs.
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Ainda sobre a questão de empregos, Greg deu como exemplo a área de saúde. “Não queremos substituir os médicos, pelo contrário, através da tecnologia podemos ampliar o poder de diagnóstico e isso se aplica a vários outros negócios e segmentos”, pontuou.
Críticas de Elon Musk
O bilionário fundador da Tesla Elon Musk criou a OpenAI com Sam Altman em 2015, três anos depois deixou a empresa por discordar de seus rumos. Musk já classificou o ChatGPT como uma ferramenta “assustadoramente eficiente”, mas nas últimas semanas criticou frequentemente o sistema.
“Criamos a OpenAI como uma empresa de código aberto sem fins lucrativos para servir de contrapeso ao Google, mas agora se tornou uma companhia de código fechado e lucro máximo efetivamente controlada pela Microsoft”, disse Musk.
Em relação a essas críticas, Greg ressaltou: “cometemos sim alguns erros, o sistema que implementamos não refletia os valores que pretendíamos e não fomos rápidos o suficiente para resolver isso, é uma crítica legítima a nós.”