Autoridades da Flórida (EUA) estão se preparando para uma ilha flutuante de algas marinhas de 8046km, chamada cinturão de sargassum, chegar à costa – onde se espera que se torne um problema e um risco à saúde das pessoas, à medida que apodrece.
LEIA MAIS: Núcleo da Terra desacelera e pode afetar mar, clima e duração dos dias
Esse cinturão de sargaço, estimado em mais de seis milhões de toneladas, dobrou de tamanho de dezembro a janeiro, disse Brian Lapointe, oceanógrafo da Florida Atlantic University, à CNN, e espera-se que atinja a Flórida e o Caribe mais cedo do que o esperado, com algas já avistadas a menos de um quilômetro da Martinica e Key Largo, Flórida.
O cinturão, que abrange quase a largura do Oceano Atlântico e encheria cerca de 3.000 piscinas olímpicas, é feito de sargaço, uma alga marrom que forma “estruturas parecidas com bagas” cheias de gás chamadas pneumatocistos, que agem como bolsas para manter os fios de algas à tona para receber a luz solar.
Segundo dados da Universidade do Sul da Flórida, a quantidade de sargaço no Atlântico no mês passado foi a segunda maior já registrada no mês de fevereiro.
Autoridades da Flórida estão se preparando para que o cinturão de sargaço chegue às costas do Atlântico e do Golfo da região neste verão norte-americano. Quando ele se decompõe, libera sulfeto de hidrogênio no ar e cria um mau cheiro.
LEIA MAIS: Mineração em águas profundas pode atrapalhar comunicação das baleias
Ajit Subramaniam, oceanógrafo da Universidade de Columbia, disse à PBS que o cinturão funciona como um “recife de coral invertido” para a vida oceânica – fornecendo abrigo e criando um “ponto de acesso para a diversidade biológica”. Ele pode servir como um benefício ecológico para peixes, tartarugas e pássaros que dependem dele como alimento e habitat fora da costa, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, embora as pilhas de sargaço apodrecido que eventualmente cheguem à costa também tenham provado ser um risco potencial à saúde dos humanos.
Um estudo de 2021 publicado na Clinical Toxicology vinculou um sargassum encalhado em 2018 no Caribe a distúrbios neurológicos, digestivos e respiratórios decorrentes da exposição ao sulfeto de hidrogênio liberado enquanto as algas apodrecem na praia. Os pesquisadores também culparam os encalhes de sargassum em Barbados, Martinica, Porto Rico e Ilhas Virgens por um aumento de “legiões hipóxicas pulmonares, neurológicas e cardiovasculares potencialmente fatais” devido à exposição ao sulfeto de hidrogênio, de acordo com um estudo de 2018 no The Lancet. Depois de outro encalhe no verão passado, as autoridades das Ilhas Virgens dos EUA declararam estado de emergência.
LEIA MAIS: Resíduos de frutos do mar se transformam em produtos diversos
O sargaço também deve entrar no Golfo do México através da corrente do Caribe antes de retornar à costa do Golfo da Flórida, onde as autoridades de Pensacola planejam enterrá-lo sob dunas de areia, caso exceda os valores normais, informou o Pensacola News Journal. Espera-se que o maior efeito seja na Península de Yucatán, no México, bem como nas praias do oeste de Cuba e nas praias do norte da Costa do Golfo da Flórida, de acordo com dados da Administração Oceânica e Atmosférica. Tempestades no Atlântico também podem interromper seu caminho, levando faixas de algas até a Costa Leste na Corrente do Golfo, chegando até a Nova Inglaterra, onde o diretor do Aquário da Associação Maria Mitchell, Jack Dubinsky, disse que carrega peixes tropicais que normalmente não entram em águas mais frias.
Historicamente, o cinturão de sargassum ocorreu naturalmente em uma seção remota do Atlântico Norte conhecida como Mar dos Sargaços, embora os cientistas digam que a distribuição geográfica expandiu drasticamente por volta de 2010, com vertentes sendo encontradas no extremo leste de Gibraltar, Marrocos e Libéria, além do Golfo do México e o Mar do Caribe. Os pesquisadores acreditam que ele avançou tanto devido a ventos fortes que se deslocaram para o sul “mais dramaticamente e persistentemente” do que já visto nos últimos 100 anos.
Outros pesquisadores levantam a hipótese de que sua expansão pode ser o resultado de mudanças nos níveis de nutrientes decorrentes da agricultura na bacia do rio Amazonas e de temperaturas mais altas da água.
*Brian Bushard cobre notícias de última hora para a Forbes USA.
(traduzido por Andressa Barbosa)