Receitas para melhorar os produtos feitos na comunidade, aulas para formar a próxima geração de empreendedores ou que ajudem aos vendedores locais agregarem valor a seus produtos e serviços. Consultas virtuais com profissionais de saúde a 350 quilômetros de distância ou apenas o simples pagamento de uma conta pela internet. São várias as possibilidades que a digitalização leva para milhares de ribeirinhos que vivem em comunidades na região do Rio Madeira, próximas ao município de Manicoré, no interior do Amazonas.
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Há pouco mais de um ano, a dinâmica de trabalho de Dona Ana, líder da comunidade de Boa Esperança se intensificou e tornou-se mais digitalizada com a construção do Solar Community Hub na reserva. O projeto é fruto da parceria entre Dell Technologies e Intel juntamente com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e a Computer Aid International. O primeiro hub instalado no Brasil possui quatro pilares: infraestrutura, educação, empreendedorismo e saúde. O Solar Hub amazônico é inspirado em outros laboratórios da Dell desenvolvidos pela Computer Aid International pelo mundo. O principal objetivo é abordar a inclusão digital em escala para grupos carentes. A meta é gerar resultados para 1 bilhão de pessoas até 2030.
“Queremos mudar o mundo para melhor com tecnologia. E isso é exatamente o que estamos fazendo aqui no Solar Community Hub”, afirma Claudia Muchaluat, Diretora Geral da Intel Brasil. “Criar um mundo mais responsável, inclusivo e sustentável por meio de tecnologias é o que buscamos como empresa. Estou muito orgulhosa do trabalho de time envolvido no desenvolvimento do Solar Community Hub e de todo o impacto positivo na comunidade local. Esse projeto é a prova viva de que estamos superando barreiras, inclusive as geográficas, para levar tecnologia e inovação para crianças e jovens”, conclui Claudia.
Governança como referência
Atualmente existem 27 Solar Community Hubs em países como Colômbia, Quênia, México, Marrocos, Nigéria e África do Sul. Porém, o brasileiro tem algumas particularidades. “A primeira característica exclusivamente brasileira é que aqui em Boa Esperança o sistema de governança é muito avançado. Ou seja, o projeto só dá resultado porque a comunidade já tinha uma organização muito forte com lideranças estabelecidas que nos ajudaram a engajar todos os moradores”, explica Victor Salviati, Superintendente de Inovação & Desenvolvimento Institucional na FAS.
Leonardo Tiarajú, Líder Latam de ESG da Dell Technologies, explica como o projeto brasileiro está inspirando os próximos Solar Hub´s que ficarão na Austrália e Egito. “Além da governança, o Solar Hub aqui do Brasil já nasceu estruturado nesses quatro pilares. Além disso, o uso de dados e tecnologia para monitoramento ambiental são características muito importantes do projeto local. Ou seja, ele é completo na essência e isso está ajudando como referência para os próximos que serão lançados em breve.”
“Acreditamos que o verdadeiro progresso começa quando usamos o poder da tecnologia para capacitar as pessoas. Com o Solar Community Hub trouxemos à comunidade de Boa Esperança acesso aos recursos e infraestrutura essenciais para enfrentar seus desafios mais urgentes em áreas vitais, como educação, saúde e proteção ambiental. Estamos orgulhosos de fazer parte dessa jornada, enquanto testemunhamos em primeira mão o poder transformador da tecnologia, conectando parte da Amazônia”, destacou Diego Puerta, General Manager da Dell Technologies Brasil.
Ao longo da realização do projeto já foram feitas 778 horas de capacitação para jovens e adultos no eixo de educação para empregabilidade. Já no eixo de atendimento em telessaúde, entre julho de 2021 e dezembro de 2022 foram mais de 260 atendimentos realizados e 126 doses aplicadas de vacina contra Covid-19.
Dados e IA para combater desmatamento
Outro pilar importante do projeto brasileiro é o uso de dados e IA para conter o desmatamento ilegal. Ao longo de 2022, foram sete jovens monitores ambientais capacitados, que monitoraram 13,5 hectares de floresta nativa através de entrevistas e visita às comunidades da região. A partir da coleta, análise e verificação dos dados e escuta ativa nos territórios, as associações comunitárias podem encaminhar pedidos formais aos órgãos responsáveis de fiscalização.
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“Nós coletamos esses dados, refinamos e eles vão criando uma base imensa de inteligência. O próximo passo agora é incorporar IA. Imagine uma dinâmica de ChatGPT respondendo a dona de uma propriedade na comunidade quantos hectares ela possui ou quais são os cultivos viáveis para aquela região? O impacto vai muito além do desmatamento, ele também tem uma relação direta com o desenvolvimento de negócios”, pontua Victor Salviati, da FAS.
As atividades dos monitores ambientais consistem em avaliar e monitorar imagens de satélite (focos de calor e desmatamento), roçados, produção agrícola e extrativista e o uso da madeira do Rio Amapá. Os dados gerados são utilizados para orientação da gestão e o manejo de recursos naturais.