O mais recente projeto da Amazon está fora deste mundo. A empresa, que introduziu a entrega rápida por drone, os leitores de e-book Kindle e o robô Astro, agora quer oferecer cobertura Wi-Fi global, colocando 3.236 satélites em órbita terrestre baixa com seu Projeto Kuiper.
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Recentemente, conversei com Naveen Kachroo, diretor de operações de negócios da Amazon.
Ele descreveu como o Projeto Kuiper vai funcionar e mostrou uma animação de como a cobertura de satélite vai crescer em qualquer lugar dentro de alguns anos. Essa animação parecia mostrar a cidade natal da Amazon, Seattle, entre os primeiros lugares a obter cobertura.
“É realmente interessante como isso aconteceu”, diz Kachroo. “Quando solicitamos o projeto da constelação, a ideia era partir para as latitudes mais altas, mais ou menos 56 graus e depois crescer na região equatorial ao longo do tempo. A maneira como você pensa sobre isso é garantir que seja implantado com eficiência, para colocá-los onde houver pessoas. Escolhemos esses 52 graus de inclinação, que fica bem no topo de Seattle. Nosso P&D e muitos engenheiros estão em Seattle. Então, é por aí que vamos começar, mas vai crescer muito rápido. Todo o nosso objetivo é chegar à cobertura global.”
A Amazon diz que metade dos 3.236 satélites estará acima de nós até 2026, o que é muito em breve, ressalto. Kachroo, é claro, sabe disso. “Não é muito tempo. Mas temos muita sorte de a empresa e a liderança terem nos apoiado tremendamente”
Não há muito tempo para esperar, ao que parece. Embora demore para que todos os satélites estejam no lugar, a Amazon diz que o serviço começará em 2025. Os satélites não duram para sempre, mas a vida útil é de anos e, como Kachroo aponta, “você tem uma oportunidade de atualizar a tecnologia e é como quando você substitui um telefone ou PC depois de três ou quatro anos, você obtém algo muito melhor, muito mais rápido, a um custo menor. Temos a chance de atualizar as coisas toda vez que fazemos um novo satélite. Nós olhamos para isso como um salto geracional.”
Estas máquinas não são reutilizáveis mas são amigas do ambiente de uma forma diferente, porque são feitas de materiais que vão 100% “desaparecer na atmosfera”, queimando-se completamente, ou seja, por isso não deixam lixo. “Temos a segurança do espaço em longo prazo como um princípio básico de design desde o primeiro dia. Dissemos que a saúde espacial a longo prazo era importante, seremos mais responsáveis com isso. A altitude que escolhemos, o design da espaçonave, os materiais, o número de satélites, a morte controlada no final do uso, o sistema de propulsão, tudo o que fizemos foi para garantir a proteção do espaço a longo prazo”, completa Kachroo.
Claro, a tecnologia dos satélites está mudando o tempo todo. Então, todos eles precisam ser idênticos para funcionarem juntos ou os satélites posteriores serão diferentes?
“A forma como funciona e a forma como estamos fazendo, diante disso estaremos inovando continuamente. Pense no satélite como blocos de construção, um conjunto de subsistemas que são integrados em um satélite totalmente funcional. Você pode imaginar que, à medida que avançamos, encontraremos eficiências, otimizações, confiabilidade e custos para serem considerados. Não muda o perfil da missão, mas do ponto de vista interno, obteremos eficiências. Então, você pode imaginar que faremos pequenos ajustes no design, mas não ficará visível para o cliente”, disse o diretor da Amazon.
*David Phelan é escritor e fala sobre tecnologia há mais de duas décadas.
(traduzido por Andressa Barbosa)