Cientista política e empreendedora, a estadunidense Kelly Burton fundou a Black Innovation Alliance em 2020, após ter fracassado em outro negócio. Seu objetivo: permitir que os empreendedores negros tenham recursos para desenvolver seus projetos. Atualmente, a coalizão já conta com mais de 90 empresas lideradas por fundadores e fundadoras negros e alcança 370 mil empreendedores em várias cidades dos Estados Unidos. Em três anos, a BIA já levantou mais de US$ 8 milhões em aportes.
Esse montante, segundo Kelly está longe de ser o ideal. Para ela, o desafio de trazer diversidade e inclusão para o ecossistema de inovação, principalmente a partir do Vale do Silício, esbarra diretamente no racismo.
Kelly conversou com a Forbes Brasil durante o Collision, evento do WebSummit que ocorreu na semana passada em Toronto, no Canadá. A executiva também esteve em maio no Rio de Janeiro e conversou com lideranças locais de inovação. De acordo com Kelly, o racismo segue sendo uma grande barreira para ampliar os investimentos a startups de maiorias minorizadas. “O Vale do Silício ainda é resistente a investir em projetos de pessoas negras. O motivo? Segue sendo o racismo. Por isso que eu acredito que uma coalizão é fundamental para mudar essa realidade. É no coletivo que vamos conseguir avançar”, destaca.
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“Nos EUA, nós, negros, temos dificuldade de acesso a capital de risco. E não só isso. Mesmo os produtos financeiros tradicionais são difíceis para nós. Imagine então quando você é empreendedor ou empreendedora o quanto isso se torna uma barreira gigantesca”, afirma. Ao fazer uma comparação entre EUA e Brasil, considerando que no mercado brasileiro existem, em média, apenas 20% de fundadores negros em uma população de mais de 55% de negros, Kelly pontuou: “a grande diferença é que no Brasil ainda existe maioria negra, mas independentemente das diferenças dos dois países, o importante é construir iniciativas que se baseiem no ecossistema e não no individual.”
No ano de 2014, Kelly lançou a Bodyology, uma startup de produtos esportivos com uso de tecnologia para desenvolver roupas confortáveis. Porém, o negócio não foi adiante. “Nesse momento, eu quis normalizar o fracasso. Principalmente como mulher empreendedora. Eu percebo que muitas vezes não fazemos isso e isso pode se tornar algo muito perverso para as pessoas”, afirma. Antes da Black Innovation Aliance, Kelly criou outra iniciativa, a Founders of Color, plataforma digital que conecta empreendedores negros para ajudá-los em negócios sustentáveis.
Conheça 5 mulheres que combatem o racismo e a misoginia na tecnologia:
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Carina Sucupira, data engineering e líder do coletivo BLACKs, da XP
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Fernanda Ribeiro, COO da fintech Conta Black
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Ítala Herta, empreendedora social e fundadora da consultoria Diver.Ssa
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Lisiane Lemos, especialista em transformação digital
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Amanda Graciano, head de startups do Cubo Itaú
Carina Sucupira, data engineering e líder do coletivo BLACKs, da XP