Em maio deste ano, Geoffrey Hinton, conhecido como o padrinho da inteligência artificial, deixou seu emprego de 10 anos no Google. Ele alegou temer os rumos da tecnologia que ajudou a desenvolver. O cientista da computação e psicólogo, reconhecido por sua tese de redes neurais, afirma que a IA está cada vez mais inteligente em relação aos humanos e que isso, nas mãos erradas, pode ser um grande problema.
Geoffrey foi um dos principais participantes do Collision, evento de tecnologia e inovação que ocorreu na semana passada, em Toronto, no Canadá. Segundo ele, a aplicação da IA para a guerra é uma de suas preocupações. “Atualmente, vários departamentos de defesa já utilizam a IA embarcada em seus robôs, conforme os recursos se sofisticam teremos máquinas ainda mais poderosas e rápidas.”
5 riscos da IA segundo Geoffrey Hinton:
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O uso da IA para a guerra. -
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Uma IA que se torne mais inteligente que os humanos. -
Kateryna Kon/Getty Images #3
A falta de discussão coletiva sobre os limites da IA. -
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A concentração de poder de grandes empresas sobre IA. -
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Os vieses sociais que podem transformar a IA em uma ferramenta complexa.
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O uso da IA para a guerra.
Além disso, Geoffrey ressaltou que a IA pode sim, em algum momento, superar os humanos. “Ela está cada vez mais inteligente e isso tende a se tornar ainda mais forte. No início, eu acreditava muito na inteligência artificial como uma tecnologia que ia acelerar avanços, principalmente na saúde e aviação, por exemplo, mas hoje entendo que isso também traz o risco do uso direcionado à guerra. Não estou convencido de que a boa IA será capaz de vencer à má IA”, afirma.
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“Quando eu digo isso, muitos chegam a pensar que é ficção científica, mas não estamos falando disso, é realidade, é presente”, destacou Geoffrey. O acadêmico foi homenageado, em 2018, com o Turing Award, considerado o principal prêmio da ciência da computação. “Estamos no mesmo barco com relação às ameaças existenciais, logo, é necessário que haja um esforço coletivo para que possamos lidar com esses desafios”, concluiu Goeffrey, afirmando que uma nova coalização será necessária para discutir os rumos da IA.
Parem as máquinas!
Em março deste ano, uma carta aberta, assinada por empresários, cientistas e escritores, foi lançada com o objetivo de discutir os rumos da inteligência artificial. O documento com o título “pause experimentos de IA: carta aberta” levava as assinaturas de bilionários do Vale do Silício como Elon Musk, Steve Wozniak, instituições de Oxford, Cambridge, Stanford, Columbia, além de empresas como Google, Microsoft, Amazon e até o historiador Yuval Noah Harari. “Os sistemas contemporâneos de IA estão se tornando competitivos para humanos em tarefas gerais e devemos nos perguntar: podemos deixar que as máquinas inundem nossos canais de informação”, dizia um dos trechos do documento.