O que motiva o CEO brasileiro a investir mais, ou menos, em transformação digital? Ou qual o desafio de um CTO ao colocar em prática um plano de digitalização? Essas foram algumas das perguntas que o estudo “Transformação Digital e Líderes de Negócios” buscou responder ao ouvir 373 C-Levels das mais diversas áreas e indústrias do Brasil. A pesquisa foi realizada pelo instituto Data-Makers e a agência de relações públicas CDN. Quando questionados sobre os principais desafios para a digitalização, 46% dos líderes apontam falta de profissionais qualificados como desafio e 37% atribuem ao baixo conhecimento sobre os assuntos relacionados.
O estudo mostra que 73% dos CEOs e C-Levels consideram a pauta da digitalização como de extrema importância para o futuro dos negócios. Do ponto de vista de familiaridade com o assunto, um terço dos líderes afirma ter total conhecimento sobre o tema. “A pesquisa mostra que as lideranças estão mais envolvidas com digitalização em comparação com ESG e Diversidade, por exemplo. Os executivos foram cirúrgicos em apontar a capacitação de profissionais e a falta de cultura como principais barreiras, mostrando um entendimento de que não bastam somente ferramentas e tecnologia”, avalia Fabrício Fudissaku, CEO da Data-Makers.
Transformação digital em pauta
Sobre a atenção que a transformação digital recebe dentro das empresas, as opiniões se dividem em dois grandes grupos: 41% acreditam que o tema merece um olhar mais dedicado e 49% acham a atenção que ele ganha já satisfatória. Na comparação sobre o estágio de maturidade digital de suas companhias com o mercado, os líderes adotaram uma postura de cautela: metade dos entrevistados indicaram que suas organizações estão na média, enquanto 29% colocaram suas empresas como inferiores.
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Ao assumir como CEO da Zamp, holding do Burger King e Popeyes, em janeiro deste ano, Ariel Grunkraut reforçou à Forbes Brasil a importância que ele, como C-Level, vinha dando ao tema nos últimos anos quando, inclusive, cuidava das áreas de marketing e tecnologia. O executivo anunciou, por exemplo, a manutenção dos investimentos de R$ 60 milhões por ano em tecnologia, compondo na pesquisa o grupo que considera digitalização como uma disciplina que ganha cada vez mais atenção. Esse processo de digitalização também envolveu a contratação de profissionais especializados e novos perfis. “O time de tecnologia da Zamp já chega a 250 pessoas dentro de um universo de 800 profissionais que atuam no corporativo. Sem dúvida foi alta a aposta que fizemos em tecnologia nos últimos três anos. Investimos entre R$ 50 e R$ 60 milhões anuais neste período e vamos manter esse ritmo”, destacou Ariel.
“Pela primeira vez na história, com o aumento de soluções de inteligência artificial, temos uma tecnologia com alto poder de transformação acessível para empresas de todos os tamanhos e profissionais de todas as áreas. As soluções prontas de inteligência artificial como o ChatGPT e MidJourney diminuem drasticamente a curva de aprendizado e podem trazer ganhos imediatos na automação de tarefas, análises avançadas e melhorar a tomada de decisões. No entanto, para aproveitar ao máximo esses benefícios, as empresas precisam focar seus esforços em promover uma mentalidade de experimentação e aprendizado contínuo. Uma cultura que abraça a mudança constante e celebra a experimentação deve ser o ponto de partida de projetos de inovação bem-sucedidos. A transformação digital sempre começa com uma mudança de mentalidade, não apenas com tecnologia”, diz Jader Crivelaro, Chief Strategy Officer da DM9.
Apenas 17% dos profissionais ouvidos avaliaram o estado atual de suas empresas como avançado, onde há estratégia de digitalização sistêmica definida e modelo de negócios e cultura adaptados à transformação tecnológica. O porte da empresa é a variável mais importante nesse dado. Quanto maior ela é, mais avançado está o seu estágio de maturidade digital. “O que a gente percebe nos mais diferentes níveis, tamanhos e segmentos de empresas é a demanda cada vez mais latente pelo pensamento data-driven para embasar tomadas de decisão. Não por acaso, utilizamos muita inteligência de dados em todos os nossos processos e entregas, incluindo ferramentas como o IQEM (Índice de Qualidade de Exposição na Mídia), que se tornou um KPI importante de mensuração para comunicação, orientando rumos estratégicos e o nível de investimento das empresas”, afirma Fernanda Dantas, head de Digital e Inteligência de Dados da CDN.
O futuro da digitalização
O estudo aponta para uma boa perspectiva de futuro em termos de investimento em transformação digital. Entre os líderes ouvidos, 47% afirmam que a tendência em suas empresas é de aumento dos aportes nesse sentido, enquanto 49% pretendem pelo menos manter o nível de injeção de verba. Apenas 4% falam em diminuir o investimento. Entre as tecnologias que deverão receber mais atenção nesse movimento dentro dos próximos 12 meses, destaque para Inteligência Artificial (38%), Machine Learning (26%), Big Data (23%) e Internet das Coisas (20%). “Vemos no dia a dia o crescente interesse dos líderes de negócios de todos os setores e áreas por inteligência artificial e big data. Além de pesquisas, atuamos como agência de big data e é notório o quanto os líderes de negócios brasileiros vêm amadurecendo nestes temas. Pensando nesta demanda, o próximo estudo da série Data-Leaders será sobre IA”, pontua Fabrício.
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Outro ponto interessante é que a grande maioria dos líderes irá se envolver em iniciativas de transformação digital. Enquanto CEOs estão mais propensos a apoiar (51%) e liderar (23%) tais iniciativas, os C-Levels se destacam pela participação ativa nos projetos (37%). Nas grandes e médias empresas, vemos líderes dispostos a apoiar as iniciativas (57% e 63%, respectivamente), enquanto nas pequenas empresas, vemos a participação direta como principal forma de colaboração (48%).
5 profissões que serão criadas pela Inteligência Artificial:
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Getty Images Engenheiros de machine learning
Algumas profissões surgiram do zero, baseadas em cargos tradicionais em tecnologia que temos hoje. Para que os computadores consigam operar com base em dados e algoritmos, os engenheiros de machine learning (aprendizado de máquina), serão cruciais. Responsáveis pela programação, esses profissionais criam e treinam os modelos computacionais para execução de tarefas específicas.
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picture alliance/Getty Images Designers de prompts para IA
Os designers de prompts para IA são especializados na interação entre humanos e tecnologia. Os prompts são perguntas, instruções e demandas comuns, presentes na comunicação entre o usuário e sistemas como o ChatGPT, por exemplo. O objetivo dessa função é identificar as principais necessidades dos usuários ao interagir com uma inteligência artificial e criar a melhor conversa possível entre máquinas e seres humanos.
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Ser automotivado
Uma das qualidades críticas de um empreendedor de sucesso é ser automotivado. Nesta linha de trabalho, ninguém mais pode responsabilizá-lo por suas tarefas além de você mesmo. Portanto, você deve entender claramente por que deseja se tornar um empreendedor e estar disposto a fazer o trabalho para atingir seus objetivos.
Quem consegue se manter motivado para trabalhar de forma consistente em meio a dúvidas, tentações e críticas alheias, tem mais chances de sucesso nos negócios do que quem só trabalha quando a motivação ou inspiração vem de fontes externas.
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Especialista em ética da IA
Mas as mudanças provocadas pela IA não se restringem ao mercado de trabalho. A discussão sobre regulação, segurança e governança precisa acompanhar o desenvolvimento. Por trás de toda tecnologia, existe uma programação realizada por humanos, com ideais e julgamentos particulares. O profissional de ética em IA será responsável por fazer essa análise, bem como se certificar de que os processos lógicos e programados das máquinas não se sobreponham às questões humanitárias. Advogados vão passar a se especializar em questões jurídicas relacionadas à IA. “Em algum momento, as empresas irão precisar de governança ligada à IA para pensar esses limites”, diz a economista Dora Kaufman, professora da PUC-SP e pesquisadora dos impactos éticos da Inteligência Artificial.
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Curadoria de informações para IA
A curadoria para desenvolvimento da IA também está entre as funções importantes nesse mercado que se abre. É a pessoa que vai pesquisar, analisar e selecionar as informações que a IA terá acesso – inclusive tem implicações sobre discussões sobre ética, inclusão e diversidade nos resultados das buscas. “Esse profissional é responsável pela melhoria contínua das interações dos usuários com as interfaces conversacionais. O trabalho é feito por meio da análise das interações, mapeamento e criação de novos exemplos para o modelo de inteligência artificial, e do acompanhamento dos objetivos de negócio”, diz Bonora.
Engenheiros de machine learning
Algumas profissões surgiram do zero, baseadas em cargos tradicionais em tecnologia que temos hoje. Para que os computadores consigam operar com base em dados e algoritmos, os engenheiros de machine learning (aprendizado de máquina), serão cruciais. Responsáveis pela programação, esses profissionais criam e treinam os modelos computacionais para execução de tarefas específicas.