Eric Yuan, fundador e CEO do Zoom, tem uma mensagem para as empresas céticas sobre o uso da plataforma para mais do que apenas videoconferências: “Tenha a mente aberta”.
Depois de anos conhecendo clientes apenas virtualmente, por causa de seu próprio produto, ele está de volta ao lado deles – viajando em carne e osso. “Muitos eventos não são mais virtuais”, disse Yuan à Forbes. “Eu tenho que evoluir sozinho.”
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O mesmo deve acontecer com o Zoom. O software salvador do início da pandemia, em 2020, agora tenta navegar em um novo momento, principalmente após algumas ferramentas lançadas meses após o auge no número de usuários, que pretendiam tornar o Zoom uma referência para eventos e jogos online, não alcançarem o resultado esperado.
Yuan busca levar o Zoom a uma direção diferente: a plataforma como um meio de “comunicação e colaboração”.
Todas as manhãs, quando Eric acorda, ele se conecta à ferramenta do Zoom que compete com o Slack ou o Microsoft Teams, chamada Zoom Chat. Ele envia e-mails e se prepara para reuniões na plataforma — enquanto cria novos documentos resumidos ou planos de ação usando o Zoom Docs. “O objetivo é fazer com que o cliente use o Zoom o dia todo”, afirma. “Voltar para outros aplicativos com frequência é uma dor.”
Se tais argumentos parecem familiares, é por uma boa razão. Aparentemente, todos os negócios de software empresariais – desde Box e Dropbox até Slack e muitos outros – procuram se transformar no centro de gravidade do fluxo de trabalho de um cliente ao longo do tempo.
O principal lançamento do Zoom para realizar este objetivo é o Zoom Docs, que a empresa disse que disponibilizará ao público em 2024. Os usuários podem gerar um novo “Zoom Doc” a partir de uma videoconferência ou bate-papo e preenchê-lo com conteúdo relevante e itens de ação usando a inteligência artificial da plataforma, o Zoom AI Companion. Os documentos podem ser marcados e atribuídos a colegas de trabalho, bem como vinculados entre si e mapeados como uma árvore de páginas no estilo wiki, anunciou a empresa na terça-feira.
Outra novidade é o “quadro branco” feito por inteligência artificial generativa, que permite às equipes preencherem e organizarem automaticamente um projeto visualmente a partir de uma reunião.
Avanços do Zoom com Inteligência Artificial
No mês passado, a empresa anunciou vários novos recursos com IA, incluindo a geração de destaques e resumos de reuniões, visão de assuntos de reuniões em andamento e possibilidade de rascunhar e-mails com tópicos do bate-papo.
O Zoom também planeja adicionar recursos de contexto para seu assistente de inteligência artificial no futuro para lembrar assuntos anteriores de um usuário e revelar informações relevantes de qualquer uma das reuniões já feitas, além de registros de bate-papo ou trabalho em outros aplicativos conectados.
Yuan, que fundou o Zoom há 12 anos, depois de atuar como líder de engenharia na rival WebEx, da Cisco, sabe que não está reinventando a roda com suas novas ferramentas de IA. No entanto, ele argumentou que o Zoom se destacará por causa de uma abordagem “federada”, o que significa que funciona com vários modelos de terceiros e seus próprios de forma intercambiável, o que for mais apropriado para a tarefa. Ele também diz acreditar que, em último caso, os clientes querem ter opções de escolha. “Não podemos forçar ninguém a padronizar o uso em uma plataforma.”
Como um bônus adicional a essa abordagem, o Zoom não cobra mais por seus recursos de IA. (O AI Copilot da Microsoft teve um custo anunciado de US$ 30 por usuário por mês; o da Salesforce custa US$ 50 mensais por usuário.) “A diferenciação será o custo e a qualidade”, disse Yuan.
Para ganhar em qualidade, o Zoom precisará evitar erros. Anos após a empresa ter enfrentado escândalos de privacidade durante a pandemia, novamente a sua política de privacidade sofreu uma atualização que parecia sugerir que o Zoom usaria os dados dos clientes para treinar os seus próprios modelos de IA.
Trabalho Híbrido
A companhia também reconheceu que os clientes preferem cada vez mais o trabalho híbrido, disse Yuan. O próprio Zoom foi alvo de piadas quando anunciou um retorno ao escritório duas vezes por semana em agosto. Os novos funcionários, contratados durante a pandemia, também não estavam obtendo a sensação pessoal de comunidade e de desenvolvimento de carreira que precisavam, admitiu.
De olho na concorrência
Ao oferecer novas ferramentas de gerenciamento de escritório para tudo, desde check-in de visitantes até balcões de reserva e escritórios, o Zoom competirá com um grande número de soluções de software como o Envoy, que arrecadou US$ 111 milhões em janeiro de 2022. Já o Zoom Docs enfrentará outras ferramentas de software de trabalho, como Coda, Notion, Google Workspace e Office 365 da Microsoft — e até mesmo players de gerenciamento de projetos como Asana e Monday.com.
Mesmo diante de uma concorrência mais ampla, essa expansão de produtos faz sentido para o Zoom, disse Rishi Jaluria, analista da RBC Capital Markets. “O objetivo da companhia é fazer com que as pessoas usem o Zoom de uma forma mais ampla, então não é uma ferramenta que você clica com um link e depois sai”, disse ele. O uso de ferramentas rivais provavelmente não mudará, previu Jaluria; mas outros podem achar conveniente ter mais opções de produtividade em um só lugar. “Definitivamente há espaço para o Zoom entrar.”
Esperança para os próximos passos
Quanto à forma como o fundador da Zoom permanece motivado e reúne as tropas, apesar de estar há um ano se arrastando no índice S&P 500 e para acompanhar empresas de tecnologia cujas ações se recuperaram mais perto dos máximos da Covid, Yuan disse que o Zoom está abraçando uma nova temporada, assim como seus amados Golden State Warriors.
“Tínhamos o mundo durante a Covid, e agora recomeçamos para tornar o Zoom melhor. Queremos ficar orgulhosos quando nos aposentarmos no futuro”, acrescentou.