Ian Wright, cofundador da Tesla, testa o cortador de grama elétrico da Dimaag em Fremont, California – Foto: Divulgação DIMAAG-AI
Ian Wright, um dos fundadores da Tesla que deixou a fabricante de carros muito antes de Elon Musk se tornar CEO, quer revolucionar diferentes tipos de veículos elétricos. Em vez de novos carros e SUVs movidos a bateria, ele está trabalhando para criar veículos utilitários off-road (que operam fora do asfalto) — como cortadores de grama, ATVs e tratores — que não emitem poluentes e dióxido de carbono. O primeiro produto é um cortador de grama elétrico de nível comercial chamado Zephyr, que chega quando a Califórnia se prepara para proibir a venda de todos os novos cortadores de grama movidos a gasolina.
-
Siga o canal da Forbes e de Forbes Money no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
Wright é agora vice-presidente de engenharia na Dimaag-AI, uma empresa de engenharia sediada em Fremont, Califórnia, que projeta tecnologia para veículos elétricos (EV) e carregamento de bateria. O cortador de grama Zephyr é alimentado por módulos de bateria de íon de lítio exclusivos e substituíveis. Além de eliminar a poluição por escapamento, é de baixa vibração e tão silencioso que os usuários não precisam de proteção auricular, conforme relatado por Wright e pelo CEO da Dimaag, Satish Padmanabhan, à Forbes.
Em vez de eles mesmos fabricarem o equipamento, a Dimaag está licenciando sua tecnologia para um importante fabricante de equipamentos agrícolas, que Padmanabhan se recusou a identificar. O cortador de grama, bem como o sistema de bateria e carregamento da Dimaag, serão apresentados na Consumer Electronics Show, em Las Vegas, na próxima semana, juntamente a uma escavadeira desenvolvida com a Hitachi e um outro protótipo que utiliza o mesmo sistema de bateria substituível.
“O que temos tentado fazer no desenvolvimento do cortador de grama, em particular, não apenas o ecossistema de baterias e outras coisas que estamos fazendo, é criar algo que acreditamos que os clientes vão aceitar rapidamente”, disse Wright, nativo da Nova Zelândia. “É muito mais silencioso, mais agradável de usar e não tem nenhuma daquelas desvantagens desagradáveis — e não pega fogo”, afirma o cofundador da Tesla, graças à química de bateria de íon de lítio-ferro.
Por que isso é importante nos Estados Unidos
Embora pareça ser um nicho peculiar, o cortador de grama chega em um momento em que a Califórnia proibiu a venda de novos equipamentos de paisagismo movidos a gasolina a partir de 1º de janeiro de 2024, tornando-se o primeiro estado dos EUA a fazê-lo. Os jardineiros ainda podem usar cortadores de grama convencionais e sopradores de folhas que possuem, mas, eventualmente, milhares de dispositivos poluentes precisarão ser substituídos. Os cortadores de grama a gasolina custam de US$ 10.000 a US$ 20.000 (R$ 49.100,00 a R$ 98.000,00) para unidades comerciais, e os modelos elétricos são ainda mais caros. Portanto, a Califórnia está oferecendo descontos de até US$ 12.500 (R$ 61.300,00) para unidades elétricas qualificadas para amenizar a disparidade de preços.
“É muito mais silencioso e muito mais agradável de usar, sem aquelas desvantagens desagradáveis — e não pega fogo.”
Já existem unidades alimentadas por bateria de outros fabricantes, como Toro, Gravely e Greenworks Tools, mas é um mercado ainda muito novo. E, embora possa parecer pequeno, os equipamentos de jardim e gramado são muito mais poluentes por litro de combustível. Não possuem os dispositivos de emissão de escapamento que são padrão em carros e caminhões há décadas. A Agência de Recursos do Ar da Califórnia estima que eles foram a segunda maior fonte de poluição do ar no estado em 2023. Eles liberaram mais de 98 toneladas de fumaça de escapamento por dia, atrás apenas de carros, caminhonetes e motocicletas, que emitiram cerca de 168 toneladas todos os dias no ano passado.
Globalmente, as vendas de cortadores de grama comerciais a gasolina e diesel ultrapassam 600.000 unidades por ano, afirmou Padmanabhan. O preço de um cortador de grama usando a tecnologia da Dimaag será definido pelas empresas que os fabricam, afirmaram ele e Wright.
Ian Wright, Elon Musk e a Tesla
Wright, junto de Martin Eberhard e Marc Tarpenning, trabalhou no conceito original da Tesla em 2004 e diz ter ajudado a convencer Musk a financiá-la. Ele saiu em 2005 — muito antes da IPO da empresa em 2010 (portanto, sem retenção de participações significativas) — para fundar a Wrightspeed. Lá projetou um carro de corrida elétrico, o Wrightspeed X1, e posteriormente criou trens de força elétricos para veículos comerciais pesados. Ele também trabalhou em um projeto para desenvolver um sistema de perfuração de alta potência que perfura rochas sólidas, tornando mais barato para empresas de serviços públicos enterrarem linhas de energia em áreas remotas e propensas a incêndios da Califórnia.
O CEO Padmanabhan, que cofundou a Dimaag em 2018, disse que inicialmente a empresa levantou cerca de US$ 2 milhões (R$9,82 milhões) naquele ano, mas não buscou financiamento externo adicional. Ela ganha dinheiro concluindo projetos de engenharia e design especializados para outras empresas, embora tenha se recusado a identificar quaisquer clientes. O objetivo é desenvolver tecnologia com valor de propriedade intelectual, que eles mantêm, e que pode ser licenciada. É como acontece com seu cortador de grama, bateria, trem de força elétrico e sistema de carregador. Wright inicialmente era um conselheiro e entrou em tempo integral como vice-presidente de engenharia no ano passado, com o mesmo título que tinha na Tesla.
“O cortador de grama não é a única coisa que fizemos; fizemos vários veículos, mas é o primeiro veículo que estamos mostrando”, disse Padmanabhan. “Durante nossa jornada, descobrimos quais são os veículos em categorias onde a eletrificação faz sentido. Podemos criar um veículo melhor do que o equivalente a diesel e gasolina?”
Wright enxerga uma oportunidade de eletrificar “um monte de” veículos e equipamentos de trabalho que usam motores a gasolina ou diesel de 25 cavalos de potência ou menos. “Onde quer que você encontre pequenos V-twins Kawasaki ou pequenos motores diesel Kubota de 3 cilindros”, disse ele. “Construímos um ecossistema que funcionará em todo esse espaço, com baterias adequadas, gerenciamento térmico adequado, níveis de potência adequados e carregamento rápido.”
