A Apple iniciou as pré-vendas do Apple Vision Pro, óculos de realidade mista, no fim de semana passado, e já registrou números expressivos. Foram encomendados mais de 180 mil aparelhos somente na primeira pré-reserva. A estimativa é de que, nos primeiros meses de venda, a empresa comercialize cerca de 400 mil devices.
Ricardo Laganaro, CCO da Arvore Experiências Imersivas e vencedor de um Emmy e do Festival de Veneza com a produção imersiva The Line, fala para a Forbes Brasil sobre o que esse lançamento representa para a Apple e para os consumidores que esperam, há anos, uma experiência imersiva que agregue valor. O Apple Vision Pro é vendido a partir de US$ 3.499, cerca de R$ 17 mil na versão mais simples, já a intermediária pode se aproximar de R$ 18 mil.
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“O Apple Vision Pro é a junção de várias tecnologias de uma forma inédita, para trazer um novo tipo de experiência para o usuário que revoluciona aquele segmento. Neste caso: uma nova forma de interface digital combinando o rastreamento do olhar, com o clique dado com suas mãos. Nos outros headsets, o rastreamento de mãos ainda traz uma certa insegurança e imprecisão que limita bastante o uso, e faz você lembrar que está usando uma tecnologia nova”, explica Laganaro.
O que diferencia o Apple Vision Pro?
“Ele tem uma série de características que parecem se diferenciar dos outros headsets, como a tela frontal que mostra os olhos do usuário para quem está no mundo físico (eles chamam de EyeSight). Esta feature tenta resolver um problema sério que todos óculos de VR ainda têm, de isolar socialmente a pessoa que está usando os óculos. Outra feature é a câmera que filma vídeos estereoscópicos. Um diferencial que ainda é difícil de prever como será utilizado e adotado, mas que tem um potencial interessante. Mas para mim, de tudo que vi sobre, o que parece ser o grande diferencial (como praticamente tudo que a Apple faz quando inaugura uma categoria na sua linha de produtos) é a junção de várias tecnologias de uma forma inédita, para trazer um novo tipo de experiência para o usuário que revoluciona aquele segmento. Neste caso: uma nova forma de interface digital combinando o rastreamento do olhar, com o “clique” dado com suas mãos. Nos outros headsets, o rastreamento de mãos ainda traz uma certa insegurança e imprecisão que limita bastante o uso, e faz você “lembrar” que está usando uma tecnologia nova.”
Preço e acessibilidade
“Não acho que é este o aparelho da Apple que vai massificar o uso desta categoria. Acho que ele vem mais com a função de mostrar o potencial do segmento. Uma forma interessante mostrar como o preço não importa, neste caso, para a popularização é pensar que outros fabricantes já deram gratuitamente os óculos de VR (bem mais rudimentares, é verdade) junto com aparelhos de celulares. Ou mesmo os óculos de papelão da Google. E isso não fez o segmento se popularizar. O que vai trazer a adoção em massa é uma experiência de uso transformadora. Pensando na própria Apple, vale lembrar que o Macintosh de 1984 custava uma fortuna (US$ 7.300,00 no valor de hoje), mas revolucionou o uso do computador pessoal com a interface gráfica e o mouse. E aí quando o usuário realmente entende que aquele dispositivo traz algo completamente novo que ele quer ter, independentemente do preço, aí sim vira uma questão de tempo para as versões mais avançadas irem barateando até ficarem acessíveis. Enquanto, isso, a Apple continua surfando a onda de um produto premium, com tecnologia sem muita comparação no segmento, algo que a marca sempre gostou.”
Apple Vision Pro e Computação Espacial
“Este é um termo conhecido e já usado na área, mas que a Apple foi muito feliz em ter adotado para o grande público, como forma de se distanciar de expressões mais cansadas como Metaverso, e mesmo Realidade Virtual ou Aumentada. É claro que estamos falando das mesmas coisas, na prática, mas eles trouxeram uma visão interessante (e nova para muitos), até pra justificar o preço do dispositivo. Assim, eles podem dizer mais facilmente que o AVP não é um óculos, mas sim um computador que você interage com o mundo através dele. Além disso, o avanço da tecnologia de pass-through em outros óculos de realidade aumentada, como o Meta Quest 3, se alinha com o conceito de computação espacial, refletindo um ponto de maturidade na indústria. Essa abordagem, conjugada com outras tendências emergentes que buscam expandir a experiência para além das telas, traz um frescor para o público e para a indústria, sinalizando um caminho mais otimista.”