A pessoa mais velha do mundo atualmente é Tomiko Itooka, do Japão, que recentemente celebrou seu 116º aniversário. Ela nasceu em Osaka em 1908. Já tinha 30 anos quando a Segunda Guerra Mundial começou, 56 anos quando Tóquio sediou as Olimpíadas pela primeira vez e 81 anos quando a World Wide Web foi criada.
Quando o Guinness World Records a designou como a pessoa mais velha do mundo no início deste ano, Itooka simplesmente respondeu: “obrigada”.
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Por mais impressionante que seja a longevidade da japonesa, ela empalidece em comparação com alguns dos ultra sobreviventes do reino animal. Aqui estão três espécies que levam a longevidade a outro nível:
1. Tubarão-da-Groelândia
O tubarão-da-Groelândia possui a maior expectativa de vida conhecida entre os vertebrados, estimada entre 250 e 500 anos. Em outras palavras, é possível que um ou mais tubarões-da-Groelândia vivos hoje tenham nadado nos oceanos ao mesmo tempo em que Fernão de Magalhães realizava a primeira circunavegação bem-sucedida do globo (1519-1522). No entanto, é improvável que seus caminhos tenham se cruzado, já que Magalhães seguiu uma rota pelo sul, enquanto os tubarões-da-Groelândia habitam os oceanos Atlântico Norte e Ártico.
O que é possível, porém, é que um tubarão-da-Groelândia vivo tenha testemunhado o naufrágio do Titanic em 1912. Indo um pouco mais longe no tempo, é plausível que algum desses tubarões tenha observado a instalação do primeiro cabo telegráfico transatlântico, na metade do século XIX. Essa possibilidade parece ainda mais provável dado que os tubarões-da-Groelândia preferem águas profundas, entre 100 e 1.200 metros.
Esses tubarões impressionam por várias razões. Primeiro, possuem uma taxa de crescimento excepcionalmente lenta, crescendo apenas cerca de 1 centímetro por ano e atingindo a maturidade sexual por volta dos 150 anos. Eles também têm um metabolismo extremamente lento, que ajuda a conservar energia. Como predadores de topo em seu ambiente, enfrentam poucas ameaças de outros animais, o que contribui para sua longevidade. Além disso, são bem adaptados a viver em águas frias e pobres em oxigênio, o que pode prolongar suas vidas. Temperaturas baixas desaceleram processos biológicos, enquanto a capacidade de prosperar em ambientes de baixo oxigênio pode reduzir o estresse que encurtaria sua expectativa de vida.
2. Baleia-da-Groenlândia
A baleia-da-Groenlândia pode viver mais de 200 anos. Sabemos disso não apenas por meio de pesquisas, mas por evidências concretas – algumas baleias capturadas recentemente, na década de 2000, na costa do Alasca, foram encontradas com arpões do século XIX em seus corpos. Isso sugere que essas baleias conseguiram escapar da caça humana por mais de um século antes de serem mortas por métodos modernos.
A longevidade dessas baleias é atribuída a vários fatores. Primeiro, elas apresentam uma taxa de envelhecimento lenta, com evidências indicando que possuem traços genéticos únicos que protegem suas células contra danos e retardam os efeitos do envelhecimento. Além disso, seu tamanho massivo e as águas frias do Ártico, onde vivem, podem ajudar a reduzir sua taxa metabólica e o estresse ambiental. Estudos também mostram que as baleias-da-Groenlândia têm mecanismos extraordinários de reparo celular que ajudam a se recuperar de ferimentos e outros estressores fisiológicos. Sua capacidade de prosperar em ambientes remotos e severos, combinada com seu processo de envelhecimento lento, as torna um exemplo notável de longevidade na natureza.
3. Tuatara
Pesquisas recentes publicadas na Science estimam que a tuatara – uma espécie de réptil nativa da Nova Zelândia – pode viver entre 130 e 140 anos. Isso é surpreendente por várias razões, principalmente porque a tuatara é um animal relativamente pequeno (medindo até 76 centímetros da ponta à cauda). Geralmente, são os animais maiores, como o tubarão-da-Groelândia e a baleia-da-Groenlândia, que têm maior longevidade no reino animal. (Outra exceção é a pequena aranha-trapdoor, que pode, em casos raros, viver até os 40 anos.)
A longevidade da tuatara supera amplamente a de seus parentes ectotérmicos. O estudo estima que, em média, tartarugas vivem cerca de 40 anos, crocodilos 20 anos, cobras e lagartos 12 anos, salamandras 10 anos e sapos oito anos.
Vários fatores contribuem para a longa vida da tuatara:
- Metabolismo lento: A tuatara possui uma taxa metabólica baixa, típica de muitas espécies de vida longa. Isso reduz o desgaste do corpo, permitindo que envelheçam mais lentamente.
Crescimento e desenvolvimento lentos: A tuatara cresce muito devagar, levando muitos anos para atingir a maturidade. Esse ritmo reduz o estresse metabólico associado ao rápido desenvolvimento. - Baixo risco de predação: Vivem em ambientes isolados, com poucos predadores, o que reduz as ameaças ao longo da vida.
- Traços evolutivos únicos: Como uma espécie com origens evolutivas antigas (remontando ao período dos dinossauros), a tuatara desenvolveu características biológicas únicas que ajudam na sobrevivência em ambientes específicos por longos períodos. Esses traços incluem adaptações metabólicas especializadas e resiliência a condições adversas.