O anúncio da Meta, feito nesta terça-feira, (7), do fim do sistema de checagem de fatos de suas plataformas, feito por Mark Zuckerberg, tem impacto direto em vários aspectos da forma como milhões de pessoas interagem com Instagram e Facebook, juntas, as duas redes possuem quase 6 bilhões de usuários.
De acordo com Joel Kaplan, vice-presidente de assuntos globais da empresa, o que justifica essa mudança é a liberdade de expressão. “As plataformas da Meta são construídas para serem lugares onde as pessoas podem se expressar livremente. Isso pode ser confuso. Em plataformas onde bilhões de pessoas podem ter voz, tudo de bom, ruim e feio está em exposição. Mas isso é liberdade de expressão.”, escreveu Kaplan.
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Para Mark, “chegou a hora de voltar às nossas raízes em relação à liberdade de expressão, os especialistas, como todo mundo, têm suas próprias inclinações e perspectivas. Isso ficou evidente nas escolhas que alguns fizeram sobre o que e como checar fatos. Um programa destinado a informar muitas vezes se uma ferramenta de censura”, disse a Meta.
O que muda?
Nesta nova fase, no que vai ser implementado com o modelo de Community Notes, a empresa não vai atuar. Os próprios usuários terão que indicar, por meio de notas nos conteúdos, qual é a classificação de veracidade e da utilidade do conteúdo, abrindo a possibilidade de votos, como explica Gabriel Tessarini, Professor e Especialista em Inovação em Negócios e Tecnologia. “Mesmo com o sistema de verificação de fatos, alguns posts e conteúdos falsos acabavam sendo disseminados por certo tempo. Mas agora, sem esse mecanismo, veremos uma massa ainda maior de conteúdo fake preenchendo o feed dos usuários, prejudicando e desinformando muitos grupos a partir do interesse de quem promove esses ataques.”
Ele sinaliza que a situação pode se agravar com a inteligência artificial. “Com o apoio das novas ferramentas de IA que geram conteúdos com aparência cada vez mais realista grupos radicais ou opositores aos governos locais podem criar conteúdos que convençam os usuários a acreditarem em informações de seus próprios interesses, e aproveitar a ausência desse mecanismo para promover o compartilhamento de volumes maiores de posts que influenciam a decisão política, econômica e até social das pessoas que os visualizam.”, conclui.
“A decisão poderá impactar profundamente as estratégias de marketing das principais anunciantes do mundo, que investem massivamente em plataformas como o Instagram. Milhares de grandes marcas possuem profundo grau de envolvimento com causas ligadas a pautas ESG e de inclusão, e desde a chegada de Elon Musk ao X vieram se afastando dessa plataforma progressivamente, com receio do ‘vale-tudo’ da rede e da impossibilidade de moderar discursos e pautas avessos a seus valores e propósitos.”, afirma Fernando Moulin, Partner da Sponsorb, professor e especialista em negócios, transformação digital e experiência do cliente.
Fernando explica que a mudança, claramente, está alinhada a um novo momento geopolítico e americano em geral. “A única certeza é que o delicado tema de moderação e controle das redes se tornará uma questão (ainda) maior, envolvendo investimentos bilionários e amplificando a discussão em escala para a esfera dos negócios.”