Logo na virada do ano, uma série de artigos e entrevistas apresentavam ao mundo o conceito de Geração Beta, dos que nasceram a partir de 2025 até o fim de 2039. O termo foi cunhado pelo pesquisador australiano Mark McCrindle e, desde maio de 2024, vem se popularizando. De acordo com o acadêmico, que também é demógrafo, dentre as principais características desse grupo etário está principalmente o fato de ele surgir como nativo no mundo da inteligência artificial.
Segundo Mark, a Geração Beta representará cerca de 16% da população global em 2035 e muitos viverão para ver o Século 22. “A Geração Beta segue a Geração Alfa (nascidos de 2010 a 2024). Nós os chamamos de Alpha e Beta para significar não apenas novas gerações, mas as primeiras gerações que serão moldadas por um mundo totalmente diferente.”
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Para a Geração Beta, ainda de acordo com Mark, “enquanto a Geração Alfa vivenciou a ascensão da tecnologia inteligente e da inteligência artificial, a Geração Beta viverá em uma era em que a IA e a automação estão totalmente incorporadas à vida cotidiana — da educação e locais de trabalho à saúde e entretenimento.”
Betas x Alphas
A WGSN, uma das maiores consultorias de tendências do mundo, possui um estudo detalhado sobre a Geração Alfa, que antecede a Beta. Rafael Araujo, Head de Consultorias na WGSN, analisou, a pedido da Forbes Brasil, alguns elementos cruciais da Geração Beta em comparação com a Alfa .
“Pensando em uma perspectiva mais ampla que engloba sociedade, tecnologia e meio ambiente podemos considerar que essa nova geração vai viver a consolidação de alguns aspectos que começaram a emergir ainda na geração Alfa e impactarão na educação de hoje em diante. Os Betas serão educados com uma Inteligência Artificial já estabelecida onde suas possibilidades já são mais entendidas por parte da sociedade, as crises climáticas também podem trazer uma nova relação com a preocupação sobre sustentabilidade a partir do momento que se tornam parte da rotina e também as novas expectativas sobre relação com trabalho e o desejo de equilíbrio com vida pessoal serão um fator determinante nas dinâmicas familiares”, destaca Rafael.
Ainda de acordo com o especialista, esse último ponto está diretamente relacionado ao fato dessa ser a primeira geração pós pandemia que vive as consequências de uma forma indireta, sem ter vivido os traumas do período de fato. “O Instituto de Estudos do Futuro de Copenhague prevê que 99% do conteúdo digital em 5 anos será gerado por inteligência artificial. Tanto alfas quanto betas serão impactadas por isso de forma drasticamente. Mas existe uma diferença sensível com os betas sendo 100% nativos da inteligência artificial. Eles chegam ao mundo em contexto onde seu processo de aprendizado vai ser influenciado em praticamente qualquer aspecto”, afirma.
“Desde a forma de buscar na internet, a dinâmica de aprendizado escolar incorporando essas possibilidades e também os impactos do ponto de vista criativo onde eles mesmos podem criar música, vídeos e outros formatos a partir de prompts. Mas é preciso também considerar o lado de maior cuidado onde nesse mesmo momento de aprendizado eles também estarão suscetíveis a informações falsas com alto nível de precisão e grande facilidade de serem criadas”, destaca Rafael.
Para o consultor da WGSN, existe uma diferença sensível sobre a forma em que a educação dessas gerações acontecem em seus lares. “No final de 2023, fizemos um estudo na WGSN chamado o Fenômeno Alfa em que foi possível observar o crescimento de uma geração fragilizada pela pandemia. Do ponto de vista de parentalidade foi uma período mais permissivo em relação ao uso de telas, consumo de ultraprocessados e de impacto na socialização das crianças. Os Betas chegam em um momento de retomada onde alguns ideais na visão de educação de seus pais possam ser vistos de uma forma mais inegociável. Então podemos considerar um crescimento deles em um contexto de maior preocupação com segurança digital, maior contato com a natureza e brincadeiras lúdicas e também um maior número de redes de apoio que funcionam como pequenos núcleos que vão além da escola como suporte para os pais na tarefa da educação.”
Veja 5 das principais características da Geração Beta segundo Rafael Araujo, da WGSN:
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Educados com e pela IA
“Os Betas serão educados com uma Inteligência Artificial já estabelecida onde suas possibilidades já são mais entendidas por parte da sociedade” -
Crises climáticas
“As crises climáticas também podem trazer uma nova relação com a preocupação sobre sustentabilidade a partir do momento que se tornam parte da rotina” -
Equilíbrio no Trabalho
“Essa geração também possui novas expectativas sobre relação com trabalho e o desejo de equilíbrio com vida pessoal e levarão isso como um fator determinante nas dinâmicas familiares” -
Nova hierarquia de consumo de conteúdo
“Desde a forma de buscar na internet, a dinâmica de aprendizado escolar incorporando essas possibilidades e também os impactos do ponto de vista criativo onde eles mesmos podem criar música, vídeos e outros formatos a partir de prompts” -
Anúncio publicitário -
Um ressignificado das deep fakes e fake news
“Mas é preciso também considerar o lado de maior cuidado onde nesse mesmo momento de aprendizado eles também estarão suscetíveis a informações falsas com alto nível de precisão e grande facilidade de serem criadas”
Educados com e pela IA
“Os Betas serão educados com uma Inteligência Artificial já estabelecida onde suas possibilidades já são mais entendidas por parte da sociedade”
*As imagens que ilustram essa matéria e a galeria foram criadas a partir da IA geradora de imagens do Copilot, da Microsoft