O Oriente Médio, em especial países como Arábia Saudita e Qatar, ganham cada vez mais protagonismo no roteiro de inovação e tecnologia. Não só pelo dinheiro que possuem e, automaticamente, a facilidade em viabilizar grandes eventos, mas, sobretudo, por terem, em seus projetos de gestão, a tecnologia, em especial temas como cibersegurança e inteligência artificial como prioridade.
A Arábia Saudita, por exemplo, para acelerar seu projeto de ser a maior investidora de inteligência artificial e tornar-se um hub referência da tecnologia no mundo até 2030, realizou, no ano passado, o Global AI Summit (GAIN), cúpula que acontece na capital Riad e reúne mais de 300 líderes globais da tecnologia anualmente. O GAIN é promovido pela Autoridade de Dados e IA da Arábia Saudita (SDAIA). Empresas como Amazon, Google e IBM estão massivamente presentes.
O país já criou um fundo de mais de US$40 bilhões e vem desenvolvendo iniciativas que ampliam sua influência no tema. Nesse contexto, discutir ética e regulação faz cada vez mais sentido para o país. De acordo com o Dr. Abdulrahman Tariq, CEO da SDAIA, é imprescindível que os governos possam discutir com cada vez mais frequência o impacto dessa tecnologia. “Definir boas práticas, aplicações éticas, regulação e, sobretudo, a construção de um ecossistema saudável, será cada vez mais necessário, principalmente pelo alcance de uma tecnologia como a IA”, explica Tariq.
Nesta semana, o Web Summit, que já possui versões no Canadá, Portugal e Brasil, realiza sua segunda edição em Doha, no Qatar, com mais de 25,7 mil participantes de 124 países, 1,5 mil startups e 723 investidores. Companhias como Amazon, Microsoft, Meta, TikTok e Huawei marcaram presença no evento.
No caso das startups, a IA é o principal setor no Web Summit Qatar (17%), seguido por SaaS, Healthtech & Wellness, Fintech e Educação. “O Catar é uma porta de entrada, não apenas para o Oriente Médio, mas para o mundo.Após quase 500 anos de domínio ocidental, estamos nos movendo para um mundo multipolar. Em certo sentido, todos os 25.000 de nós no Catar esta semana estamos aqui em busca de respostas sobre o nosso futuro em rápida mudança.”
Na abertura do evento, o Sheikh Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani , Primeiro-Ministro e Ministro das Relações Exteriores do Catar, destacou a posição do país no cenário global. “Ser um estado pequeno como o Catar é semelhante a ser uma startup nesta era digital emocionante, onde um empreendedor com uma ideia brilhante pode mudar o mundo.”
“Assim como muitas nações ao redor do mundo, estamos embarcando em uma campanha massiva de desregulamentação para desbloquear nossa economia para o setor privado. Construídos com base em nosso próspero setor de energia, estamos posicionados para uma decolagem do setor privado. Este lançamento incluirá parcerias ainda mais transformadoras em setores-chave, desde soluções pioneiras de fintech até tecnologias climáticas inovadoras”, destacou.
