
Ao apresentar a Alexa +, na semana passada em Nova York, Panos Panay, diretor responsável pela assistente de voz no ecossistema da Amazon, afirmou que o objetivo da integração da inteligência artificial generativa ao ecossistema Alexa tinha como missão descomplicar a relação com a casa.
Na prática, ao anunciar a nova versão de seus sistemas de voz a Amazon elevou as expectativas sobre o futuro de um conceito muito difundido, mas ainda pouco testado e provado, a Internet das Coisas. Tornar a Alexa mais conversacional e fluida é algo que o mercado já esperava e que, dependendo do êxito dessa tarefa, pode inaugurar um novo capítulo na era IOT.
Alcance e aprendizado de máquina
Atualmente, estima-se que existam 300 milhões de dispositivos habilitados para a Alexa no mundo. No Brasil, o dispositivo, que começou a falar português, em 2019, está em mais de 17 milhões de equipamentos. Joao Paulo Alqueres, Alexa Champion e fundador da Iara Digital, empresa que já desenvolveu mais de 200 experiências de voz para Alexa para clientes como Coca-Cola, Sony, Universal, Burger King, Disney, Domino’s, sinaliza que a Amazon deu um passo importante para se posicionar entre as empresas que estão liderando a pesquisa e o desenvolvimento de IA Generativa.
“A inteligência que impulsiona a nova Alexa, além de ser capaz de manter conversas mais naturais do que a versão anterior, é multimodal, reconhece texto, imagem e música e ainda está integrada a tudo que acontece dentro de casa (por meio de outros dispositivos da Amazon, como o Fire TV e os mais de dezenas de milhares de aparelhos de casa inteligente). Para os consumidores, há ainda mais um benefício: a capacidade da Alexa de atuar como um concierge, conectado a milhares de serviços, desde reserva de mesas em restaurantes, transporte, compra de ingressos, passagens e hospedagem.”
O impacto comportamental da IA
Thiago Muniz, especialista em tecnologia e professor da FGV, ressalta que o lançamento marca uma era em que a interatividade e a funcionalidade de dispositivos conectados podem compreender, responder e antecipar as necessidades dos usuários de forma mais consistente do que foi visto até então.
“A promessa é que um lar ou escritório possa aprender com hábitos e ajustar condições ideais para conforto e eficiência. A IA pode detectar a temperatura mais agradável, ajudar a corrigir a postura, lembrar sobre hidratação, ligar uma cafeteira ou fazer um novo pedido de itens em falta na geladeira através de sensores que se conectam com o dispositivo e compram diretamente de um supermercado online as encomendas”, destaca Thiago.
Ainda de acordo com o especialista da FGV, a promessa do IoT com IA generativa é potencial, porém levanta várias questões comportamentais. “Se tudo se ajustar sem precisarmos interagir, até que ponto manteremos a consciência do nosso próprio ambiente? É possível que, com o tempo, passemos a esperar que todos os espaços sejam inteligentes, e qualquer local que não tenha ajustes automáticos pareça desconfortável e antiquado. Essa dependência da tecnologia pode mudar não só a forma como interagimos com nossos lares e escritórios, mas também como percebemos e reagimos ao mundo ao nosso redor.”
Para a Forbes Brasil , Ann Wessing, gerente geral mundial e diretora de marketing de produtos para Alexa, explicou que, apesar de toda naturalidade conversacional da Alexa +, a proposta não é delegar ao sistema toda uma relação com a casa, pelo contrário, e melhorar ainda mais a relação com sistemas inteligentes. A autonomia deve ser importante e prática, mas jamais substitui a experiência fluida de uma pessoa.