No cenário da indústria brasileira de proteína animal há uma certeza quase absoluta entre as companhias do setor: o país tem um futuro próspero e é dele que se alimentam os projetos de expansão e de consolidação de mercados. “Na indústria alimentícia, a demanda global supera a oferta”, diz Miguel Gularte, diretor presidente da Marfrig Global Foods. O aumento dessa demanda e a apreciação do dólar fez o desempenho da companhia disparar. No ano passado, ela faturou R$ 48,78 bilhões, um aumento de 64% ante o ano anterior.
A empresa tem prosperado com operações globais que incluem a presença em países vizinhos e também nos Estados Unidos, com a National Beef, sediada no Missouri, sendo a quarta maior indústria de carne bovina americana. A consequência disso é que as ações da Marfrig na bolsa de valores B3 valorizaram 132% nos últimos 24 meses, 28% se contados 12 meses e 46,9% desde o início de 2020.
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A Marfrig se tornou a segunda maior processadora de carne do mundo. Incluindo também as operações na Argentina e no Uruguai, são 21 unidades de abate com capacidade diária para cerca de 31 mil bovinos. A produção de hambúrgueres é superior a 220 mil toneladas anuais, a maior do mundo. É, por isso, uma grande fornecedora da rede de fast food McDonald’s, contando também no portfólio com o hambúrguer de base vegetal, outra aposta da companhia. Além disso, produz o mesmo volume de outros itens cárneos, entre in natura e processados. “Nesses tempos, procuramos muito por melhorias na gestão da operação”, afirma Gularte. “Controle dos custos fixos, aumento de produtividade e melhora de rendimento formam uma trilogia que pode resumir a melhora do valor da empresa.”
Mas foco na gestão financeira e nos projetos de expansão não é tudo, embora a empresa não pare. Enquanto, no mês passado, anunciava a construção de uma nova unidade de processamento de hambúrguer em 2021, no município de Bataguassu (MS), depois de ter comprado em outubro a produtora argentina de carnes Campo del Tesoro por US$ 4,6 milhões, a empresa recebeu a notícia de que é a brasileira mais bem colocada em seu setor no ranking da Fairr Initiative (Coller Fairr Protein Producer Index), uma associação global de investidores que detêm US$ 25 trilhões sob sua gestão e têm como prática levar uma série de dados em consideração. O ranking se baseia em critérios que envolvem desmatamento nas cadeias de produção, uso de antibióticos na criação animal, investimento em proteínas alternativas, emissões de gases de efeito estufa e condições de trabalho nas empresas.
Participam do ranking 60 companhias globais de capital aberto ligadas à produção de alimentos à base de carnes, peixes e lácteos. Na categoria “médio risco”, no grupo geral a Marfrig saiu da posição 11 para a quarta no mundo. “É um ranking reconhecido e respeitado, melhora a nossa imagem e o ambiente de negócios”, afirma Gularte. “Sustentabilidade passou a ser relevante, com menos espaço para o discurso e mais ação e prática.”
Reportagem publicada na edição 82, lançada em dezembro de 2020
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