Nas densas florestas tropicais de Serra Leoa, cientistas encontraram uma espécie de café que não era vista na natureza há décadas – uma planta que, segundo eles, pode ajudar a garantir o futuro da valiosa commodity, diante das mudanças climáticas.
Pesquisadores disseram hoje (19) que a espécie, Coffea stenophylla, tolera temperaturas mais altas melhor que a variedade arábica, que representa 56% da produção mundial, e que o robusta é responsável por 43% da produção. O stenophylla também demonstrou ter um sabor superior, semelhante ao do arábica.
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O botânico Aaron Davis, que coordenou o estudo publicado na Nature Plants, indicou que o stenophylla era cultivado em áreas da África Ocidental e exportado à Europa até o início do século XX, antes de ser abandonado na esteira da introdução do robusta.
O sabor do café arábica é considerado superior e seus preços são mais altos que os do robusta, utilizado principalmente em cafés instantâneos e “blends”. O arábica, porém, possui uma resistência limitada à mudança climática, e o estudo indica que sua produção global poderia recuar ao menos 50% até meados do século.
O stenophylla cresce a uma temperatura média anual de 24,9 graus Celsius, 1,9ºC a mais do que o robusta e até 6,8ºC a mais do que o arábica, segundo os pesquisadores.
O redescobrimento do stenophylla, disse Davis, pode ajudar a “preparar para o futuro” uma indústria que respalda a economia de vários países tropicais e dá meios de vida a mais de 100 milhões de cafeicultores. Embora sejam conhecidas 124 espécies de café, as variedades arábica e robusta compreendem 99% do consumo.
“A ideia é que o stenophylla possa ser utilizado, com uma domesticação mínima, como um café de alto valor para os agricultores em climas mais quentes”, disse Davis, chefe de pesquisa de café do Royal Kew Botanical Gardens, do Reino Unido.
“A longo prazo, o stenophylla nos proporciona um recurso importante para o cultivo de uma nova geração de plantas de café resistentes ao clima, dado que possui um grande sabor e tolerância ao calor. Se os relatos históricos de resistência à ferrugem e tolerância à seca estiverem corretos, isso representaria outros ativos úteis para a melhoria das plantas de café”, acrescentou. (Com Reuters)
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