Os preços do milho no Brasil, que estão oscilando entre R$ 90 e R$ 100 a saca de 60 kg, “mudaram de patamar” diante da crescente demanda global, e não deverão voltar ao nível anterior de R$ 50 a R$ 60, o que leva a indústria de carnes a se readequar em um movimento que repassa de custos, afirmou o presidente-executivo da BRF hoje (18).
“De forma muito resumida, o milho mudou de patamar. Se no ano passado se falava R$ 50, R$ 60 (por saca), hoje estamos falando em novo patamar, hoje falamos em R$ 90, R$ 100, a gente não conversa mais se é R$ 60”, afirmou Lorival Luz, em entrevista à Reuters. Neste contexto, a indústria de carnes está reposicionando seus preços.
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“Imagina um produtor: ele comprava um saco de milho por R$ 60, agora tem que comprar por R$ 100, ninguém tem margem para manter o custo do produto final, nem tem como tirar eficiência de outra coisa, então vai ter essa readequação”, comentou.
Segundo o CEO da BRF, o milho, que responde pelos maiores custos da indústria de carnes de aves e suínos, seguirá com demanda crescente, até pela maior destinação do cereal para a produção de etanol, um setor em forte expansão no Brasil.
“Não vejo esta demanda caindo significativamente, a ponto de que faça o preço do milho voltar a patamar anterior”, afirmou, citando ainda o forte apetite da China, que tem sustentado as cotações globais. Neste mês, após recordes acima de R$ 100 a saca, os preços do milho no mercado brasileiro deram uma esfriada, na esteira de uma liquidação na bolsa de Chicago.
As afirmações do executivo foram feitas durante entrevista sobre a aquisição do grupo Hercosul, que atua em rações secas e úmidas para cães e gatos, o que coloca a BRF no caminho de ser um dos principais integrantes desse mercado.
Ele disse que BRF quer ser um dos dois líderes do mercado brasileiro de ração para pet até 2025, ressaltando que a aquisição da Hercosul, anunciada também nesta sexta-feira, deve elevar a fatia da companhia no setor de 0,2% para 4%.
Esse mercado de ração para pet envolve produtos de maior valor agregado e cresce mais de 20% ao ano no Brasil, o segundo maior mercado global deste produto após os Estados Unidos. (com Reuters)
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