Que tal um cafezinho? Na hora da vontade pode ser qualquer um, mas saber de onde ele vem e como é produzido traz renda ao produtor e ajuda a impulsionar uma cadeia que busca por especialização e diferenciação. Nesse desafio, as IGs (Indicações Geográficas) são caminhos abertos e ferramentas valiosas chanceladas pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Isso porque elas dão maior visibilidade a um produto e protegem as suas características únicas.
No país há cerca de 71 IGs registradas no Mapa, para produtos como vinhos, queijos, calçados, artesanatos, aguardente e café. O grão que fez do país seu maior produtor e exportador global, e que faz parte da história, é, até agora, o produto com o maior número de IG. São 13 IGs destinadas ao café, com o primeiro registro em 2005. A mais recente ocorreu no dia 1º de junho.
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“Essa proteção e a visibilidade dada por uma IG permitem que os produtores desenvolvam ações de promoção dos seus produtos, com potencial de agregação de valor, podendo alcançar mercados específicos, movimentar o turismo e a gastronomia local, entre outros potenciais benefícios”, diz Fernando Camargo, secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). “Isso está diretamente relacionado ao desenvolvimento rural dessas regiões.”
As IGs podem se encaixar em duas categorias: IP (Indicação de Procedência) ou DO (Denominação de Origem). Enquanto a primeira busca valorizar a fama e a história de uma região na produção de determinado produto, a DO serve para produtos que só podem ser criados em uma determinada região, com qualidades geográficas e climáticas exclusivas. Neste último caso, a produção fica sujeita a normas especiais e maior controle da produção. Todos os produtos reconhecidos por uma IG ganham o direito de utilizar selos, desde que sejam produzidos na área delimitada pela IP ou DO.
Confira abaixo quais são os cafés com IG e as suas principais características:
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Wenderson Araujo/Trilux/CNA Café da Região Cerrado Mineiro
O primeiro café brasileiro a receber uma IG para indicação de procedência foi o grão produzido na região do Cerrado Mineiro. A requisição do registro foi realizada pelo Caccer (Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado) e teve sua concessão publicada em 14 maio de 2005. O café da região possui características como aroma intenso, ‘delicadamente cítrico’ e sabor adocicado com aspecto de chocolate.
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Tony Oliveira/CNA Café do Norte Pioneiro do Paraná
Abrangendo 45 municípios e 60 produtores rurais, a IP do café produzido no Norte Pioneiro do Paraná foi concedida em 25 de setembro de 2012. Tal região é ideal para o cultivo de grãos do tipo Coffea arabica, famoso por sua cremosidade e alta doçura que pode conter traços de chocolate, caramelo e até mel. Os produtos da região são o café verde em grão e industrializado em grão ou moído.
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Wenderson Araujo/Trilux/CNA Café de Alta Mogiana
Localizada na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, a região da Alta Mogiana ganhou uma IP em 2013, após requisição da AMSC (Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana). O café desta região é reconhecido por seu corpo cremoso aveludado e acidez média, com notas de chocolate amargo e nozes também presentes.
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Wenderson Araújo/CNA Café da Região do Cerrado Mineiro
Depois de ser a pioneira em obter a primeira IP dentre os cafeicultores, a região do Cerrado Mineiro também se tornou a primeira a conseguir o selo de DO, concedido em 31 de dezembro de 2013. A área conta com 4.500 produtores e 102 mil hectares certificados para a produção de 6 milhões de sacas, correspondendo a quase 13% de toda produção brasileira.
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Wenderson Araújo/CNA Café da Região de Pinhal
Concedida em 2016, a IP do café da Região de Pinhal (SP) foi a quarta na história do país. Conforme base de dados do Sebrae, o grão é cultivado na região desde 1850 e é um café com corpo, acidez e doçura bem equilibrados entre si. Os grãos são colhidos verdes e podem ser secados com ou sem casca.
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OnlyYouQJ/Freepik Café do Oeste da Bahia
O café do Oeste da Bahia recebeu sua concessão de IP em 14 de maio de 2019. Graças ao uso de irrigação a partir de 1994, o grão arábica cultivado nesta região possui características únicas e ligadas às condições climáticas diferentes do estado nordestino em comparação a outros produtores, como os de Minas Gerais e São Paulo. O café baiano é marcado por seu aroma frutal, floral e acompanhado também de acidez positiva.
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Wenderson Araujo/CNA Café da Mantiqueira de Minas
A região da Mantiqueira, na porção localizada em Minas Gerais, também alterou seu status de IP para DO. Abrangendo 25 municípios, a cafeicultura desta região é marcada pela utilização de pequenas fazendas na encosta das montanhas e pelo uso de colheita manual. Destacam-se na espécie arábica os grãos das cultivares Bourbon, Acaiá e Catuaí.
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Valeria Aksakova/Freepik Café do Campo das Vertentes
Também reconhecida através de IP como uma região produtora de café, o Campo das Vertentes (MG) recebeu sua concessão em novembro do ano passado. Graças ao clima ameno, com verão fresco e chuvoso, o café produzido nesta região é bastante doce, com notas de chocolate e nozes.
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Embrapa/Divulgação Café de Matas de Minas
Em dezembro de 2020, mais uma região mineira foi reconhecida por sua produção de café, através de uma IP. Como outros cafés do estado, o grão produzido na região das Matas de Minas é adocicado e possui sabores achocolatados. Contudo, é bastante encorpado e conta com uma diversidade de sabores cítricos.
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JComp/Freepik Café de Caparaó
A Serra do Caparaó (ES) também produz cafés do tipo arábica, mas de uma particularidade única. Como a região é montanhosa, a serra ganha diferentes microclimas que alteram os sabores locais. Assim como outros arábicas, o DNA dessa região é a doçura. O produto ligado à DO desta região é “da espécie Coffea arábica: em grãos verde (café cru), industrializado na condição de torrado e/ou torrado e moído”.
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Embrapa/Divulgação Café das Montanhas do Espírito Santo
Cultivado entre 1.000 e 1.200 metros acima do nível do mar, o café das Montanhas do Espírito Santo recebeu sua DO em maio deste ano. A produção da região capixaba é focada na espécie arábica, mas também realiza a criação de outros cafés especiais. As condições climáticas e geográficas resultam em um café com acidez marcante, notas florais e uma leve doçura natural.
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Embrapa/Divulgação Café do Espírito Santo
A primeira IG concedida ao café conilon ocorreu em maio deste ano para o grão produzido no Espírito Santo, a pedido da Fecafés (Federação dos Cafés do Estado do Espírito Santo). A IP contempla uma região de 300 mil hectares que produz 10 milhões de sacas por ano, equivalente a 20% da produção global dessa espécie. Ao contrário do arábica, o grão do robusta (ou conilon), tende a um sabor mais amargo e de menor acidez.
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Embrapa/Divulgação Matas de Rondônia
Reconhecido no dia 1º de junho, o trabalho da Caferon (Associação dos Cafeicultores da Região das Matas de Rondônia) reúne produtores indígenas, familiares, orgânicos e empresariais em 15 municípios do estado. É a primeira DO para ‘café em grão robustas amazônicos’. O perfil sensorial deste conilon confere notas do tipo: doce, chocolate, amadeirado, frutado, especiaria, raiz e herbal.
Café da Região Cerrado Mineiro
O primeiro café brasileiro a receber uma IG para indicação de procedência foi o grão produzido na região do Cerrado Mineiro. A requisição do registro foi realizada pelo Caccer (Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado) e teve sua concessão publicada em 14 maio de 2005. O café da região possui características como aroma intenso, ‘delicadamente cítrico’ e sabor adocicado com aspecto de chocolate.