“O desmatamento é um fator que nós temos de coibir. O desmatamento não é vantajoso para o Brasil; a agricultura não depende dele. Ao contrário”, afirmou Alysson Paolinelli durante fórum virtual “Entendendo a Amazônia”, que começou ontem (19) e vai até a quinta-feira (22), organizado pela empresa de eventos Agri-Rex, com o apoio da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto.
Paulinelli, 84 anos, produtor rural, ex-ministro da Agricultura e indicado ao Prêmio Nobel da Paz deste ano, diz que “a continuar o desmatamento nas proporções atuais, poderá acontecer dificuldades nos chamados grandes rios aéreos”, que “abastecem” regiões produtoras com umidade quente. Essa umidade, que se encontra com as ondas frias que surgem do Sul, provocam chuvas que beneficiam as plantações do país, informa.
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“Felizmente, o desmatamento não vem da agricultura: é um fenômeno de especulação de madeireiros que utilizam a madeira da Amazônia para exportar, o que não deve continuar acontecendo. Eles estão contra a lei. A lei ali tem de ser respeitada, porque não há nenhuma vantagem no Brasil com esse desmatamento. Estamos interessados muito mais na abundância biológica na Amazônia. É realmente o maior volume de biologia no mundo e poderá ajudar o Brasil no desenvolvimento pela ciência da bioeconomia, nova fase em que nós vamos entrar”, complementou o ex-ministro da Agricultura.
Mineiro, Paolinelli começou a atuar na agricultura há seis décadas. Nesse período, além de ter assumido a pasta federal da agricultura em 1974, foi secretário estadual da mesma área de Minas Gerais (durante três períodos entre 1971 e 1998) e dirigiu a então Escola Superior de Agricultura de Lavras – que se transformou na atual Universidade Federal de Lavras.
No ministério da Agricultura, sua gestão foi responsável pela organização e estruturação da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) como a conhecemos hoje, depois de sua criação em 1973 pelo então Ministro da Agricultura, Luiz Fernando Cirne Lima. Foi o papel de Paolinelli na modelagem da ciência tropical para a produção de alimentos que o levou à indicação ao Prêmio Nobel da Paz.
“O Brasil criou, nesses últimos 40 anos, uma agricultura tropical altamente sustentável, com a vantagem de que, só com as tecnologias existentes hoje, poderemos, na área antropizada, ter condições de suportar toda a demanda mundial de alimentos em 2050”, analisou Paolinelli. “No Brasil, a árvore está valendo mais caída do que em pé. Nós temos esperança de que a ciência mostre e demonstre o contrário. Essa é uma tarefa que teremos daqui em diante”, finalizou o ex-ministro.
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