A Aprosoja Brasil (Associação Brasileira dos Produtores de Soja), que representa cerca de 240 mil agricultores, criticou hoje (10) a decisão do Cade de aprovar uma joint venture formada pelas rivais Bayer, Corteva e Syngenta que vai funcionar como uma plataforma da arrecadação de royalties.
A joint venture foi aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) incondicionalmente na semana passada.
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A associação questionou o fato do Cade ter ignorado suas inquietações sobre o negócio, e afirmou que a aprovação da joint venture perpetua um sistema de cobrança de royalties contestado há muito pelos produtores brasileiros.
A Cultive Biotec, como é conhecida a joint venture, disse que a plataforma vai disponibilizar mais biotecnologias da soja no Brasil.
A joint venture afirmou ainda que o negócio inclui as empresas mencionadas no comunicado da Aprosoja, bem como a BASF, acrescentando que a proposta é estimular a competição entre os desenvolvedores de biotecnologia e aumentar a competitividade do setor agrícola brasileiro, que terá mais biotecnologias de sementes para escolher.
O Cade disse que busca manter a concorrência, garantindo a diversidade e a qualidade dos produtos e serviços oferecidos aos consumidores.
A declaração de hoje feita pela Aprosoja ressalta as tensões entre os produtores da oleaginosa e as empresas de biotecnologia que operam no Brasil, maior produtor e exportador mundial do grão e de outras commodities agrícolas como café e açúcar.
A partir de 2009, os produtores de soja começaram a recorrer à Justiça para contestar o sistema de pagamento de royalties no mercado brasileiro, onde a Aprosoja afirma que os produtores pagam mais pelo uso da tecnologia em relação aos seus pares de países vizinhos.
A Aprosoja disse que a Bayer detém o monopólio virtual do mercado de sementes soja geneticamente modificada no Brasil, acrescentando que agora ela está “franqueando o seu sistema de cobranças de royalties a todas as suas potenciais e futuras concorrentes”.
Procurada, a Bayer não quis comentar.
A Bayer agora enfrenta concorrência direta da Corteva Agriscience, que começará a vender sua própria semente de soja geneticamente modificada no Brasil. Em cinco anos, a Corteva espera que um terço da área de soja do Brasil seja cultivada com seu produto. (Com Reuters)
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