Produtores de soja em Mato Grosso começaram a colher os primeiros campos do Estado nesta semana, mas com os trabalhos ainda muito localizados, poucos se arriscam a prever a produtividade das lavouras ou estimar o percentual colhido no maior fornecedor da oleaginosa no país.
Ainda assim, o início da colheita logo após o Natal representa um avanço de cerca de 20 dias em relação ao ciclo anterior, quando os produtores semearam a soja mais tarde por causa de problemas climáticos.
Menos de 1% da soja estava colhida em meados de janeiro de 2021, quando a safra atrasou, segundo dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), panorama que não deve se repetir neste ano.
“O início está regular”, disse Matheus Pereira, diretor da consultoria Pátria AgroNegócios. “Nosso levantamento estima que no dia 4 de janeiro já tenhamos percentuais relevantes (colhidos)”, disse ele, em referência ao Estado que dá início aos trabalhos de colheita no país.
O Mato Grosso deverá colher um recorde de 38,14 milhões de toneladas, alta de 5,8% na comparação anual, segundo a última estimativa do Imea, que indica que o Estado responderá por mais de um quarto da safra do Brasil, maior produtor e exportador global.
Fernando Cadore, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) no Estado, afirma que a colheita começou em poucas áreas, notadamente as irrigadas. Nessas regiões, os produtores plantaram cedo para semear a segunda safra de algodão e milho dentro da janela ideal.
O conglomerado Amaggi, que nesta safra plantou cerca de 176 mil hectares com soja, começa hoje a colheita em Campo Novo do Parecis, segundo comunicado. A empresa, que costuma plantar vastas áreas com algodão, estima produtividade média de 60 sacas por hectare em seus campos de soja.
Em Brasnorte, também no oeste do Estado, as colheitadeiras do produtor Jorge Pires entraram em ação na segunda-feira, segundo um vídeo visto pela Reuters.
Mas as máquinas devem mesmo circular com força a partir de 15 de janeiro no Estado. Segundo Cadore, até 20 de fevereiro, grande parte da soja de Mato Grosso terá sido retirada dos campos, garantindo maior oferta da safra nova para exportação.
PRODUTIVIDADE
No leste do Estado, o produtor Marcos da Rosa disse que o clima favorável deve permitir uma produtividade maior em sua área em relação a 2021.
“É uma micro região onde não está chovendo em excesso e a gente consegue dias de sol”, disse. “Se eu andar 30 quilômetros para o lado da cidade, que é Canarana, já é outro clima.”
O produtor afirmou que colheu em média 65 sacas por hectare em 2021, enquanto a média do município foi de 57 sacas.
Devido à sua extensão, o rendimento das lavouras pode variar nas macro regiões de Mato Grosso.
Entre Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, por exemplo, o excesso de chuvas fez algumas variedades brotarem na vagem, ocasionado perdas importantes, segundo produtores.
O problema também ocorre na região de Sorriso, capital mundial da soja, onde algumas áreas tiveram muitos dias nublados, disse Rosa.
Enquanto isto, no Sul do Brasil, as lavouras sofrem com a falta de chuva e a colheita deve ganhar ritmo mais tarde.
Antônio Galvan, que preside a Aprosoja nacional, afirmou que é cedo para fazer previsões precisas sobre a safra, em meio à seca ao Sul do país.
Ele esteve no Mato Grosso do Sul e passou na terça-feira pelo Paraná, onde viu áreas em situação lastimável.
“Aqui está feio”, disse ele após inspecionar o início pontual dos trabalhos no oeste paranaense, no Estado que pode perder a segunda posição no ranking nacional de produção para o Rio Grande do Sul, após perdas registradas pela seca.
O Brasil caminha para produzir um recorde de mais de 140 milhões de toneladas na safra 2021/22, segundo pesquisa da Reuters divulgada em meados do mês, a despeito do fenômeno La Niña que provoca perdas no Sul.