A cachaça brasileira tem se tornado um símbolo do país e as vendas mais recentes são um retrato desse movimento. Os embarques realizados no ano passado recuperaram a perda de mercado de 2020, impactado pela pandemia de Covi-19. Em 2020, a exportação em litros havia caído 23,9% em relação a 2019, totalizando 5,57 milhões de litros exportados. O mercado exportador, que recuperou espaço no ano passado, espera crescer em 2022.
“O setor foi significativamente afetado durante a pandemia, principalmente devido ao fechamento de bares e restaurantes em todo o mundo e, ainda, medidas de proibição de comercialização e/ou consumo de bebidas alcoólicas em vários mercados”, diz Carlos Lima, diretor executivo do Ibrac. “Para 2022, a expectativa é de retomada do comércio. “Acreditamos que a reabertura dos estabelecimentos, juntamente com a maior movimentação do comércio entre os países e a liberação de feiras e eventos presenciais, podem potencializar essa retomada.”
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Mas Lima aponta alguns desafios para que isso ocorra e que pesaram nos anos 2020 e 2021, entre eles a escassez de insumos, “principalmente de garrafas, além de um aumento expressivo no frete internacional”. Ele cita, também, a falta de contêineres, um desafio que não é somente do setor de cachaça. “Apesar desses desafios, conseguimos observar números de crescimento muito animadores para o setor em 2022”, afirma.
A crença na reação do mercado está no histórico de campanhas internacionais realizadas pelo Ibrac e parceiros, entre eles a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). As campanhas acontecem há mais de uma década com resultados positivos, como em 2013. Naquele ano, após um longo périplo por entidades e instituições oficiais, os Estados Unidos reconheceu a cachaça como produto de origem exclusiva do Brasil. Até então, a bebida era vendida com a descrição “Brazilian Rum” (rum brasileiro) no rótulo frontal. Para 2022 já estão previstas algumas ações, como o Projeto Setorial de Promoção às Exportações de Cachaça: Taste The New, Taste Brasil, e ações de capacitação de produtores da bebida.
Não por acaso, no ano passado, os EUA importaram um valor total de US$ 3,48 milhões, crescimento de 56% em relação a 2020. Juntamente com Alemanha e Paraguai formam o bloco dos três maiores importadores. Em volume, os norte-americanos compraram 903 mil litros. A Alemanha comprou 1,63 milhão de litros (volume 47,7% maior ante 2020), por US$ 1,88 milhão, e o Paraguai 1,63 milhão de litros por US$ 1,32 milhão. Em seguida estão Portugal e França, com valores respectivos de US$ 937 mil e US$ 785 mil, com 509 mil litros para cada um dos países.
Entre os principais estados exportadores de 2021, em valores, estão São Paulo e Pernambuco, respectivamente com US$ 6,09 milhões e US$ 1,84 milhão. Nas posições seguintes estão Rio de Janeiro (US$ 1,30 milhão), Paraná (US$ 1,23 milhão) e Rio Grande do Sul (US$ 883 mil). Em volume, São Paulo vendeu 3,15 milhões de litros; Pernambuco, 1,95 milhão de litros; Paraná, 1,15 milhão de litros; Rio de Janeiro, 378 mil litros e Minas Gerais, 248 mil litros.